março 10, 2015

«O rei parece ir nu» - António Pimpão

Paulo Morais, o atual comentador do canal CMTV no programa Fogo Contra Fogo, presidente da associação Transparência e Integridade – que se tem dedicado à denúncia de presumidos casos de corrupção – e antigo vereador do urbanismo do Município do Porto, nunca me convenceu.
Tem-se destacado como o principal rosto das denúncias contra casos de corrupção e compadrio, com intervenções públicas em blog próprio, em jornais e em vários comentários na TV, além de presidir à associação antes referida.
O que se esperaria de uma pessoa supostamente tão bem informada e documentada e aparentemente tão por dentro das situações que denuncia, era que, para mais sendo advogado, tomasse a iniciativa de, por intermédio da associação que dirige, propor ações judiciais contra os visados, ou seja, partindo para a luta e desencadeando a competente ação, em vez de se limitar a debitar uns bitaites para, dessa forma, reforçar o seu papel de cavaleiro andante anti-corrupção.
O que acaba de se passar relativamente ao caso BESA (Banco Espírito Santo de Angola), que serviu de veículo ao desaparecimento misterioso de mais de 3 mil milhões de euros e tendo, com isso, provocado a ruína do BES, é sintomático do que afirmo.
Com efeito, vi-o em vários programas televisivos a assegurar que não seria difícil à comissão parlamentar de inquérito ao BES aceder à lista dos beneficiários do dinheiro que o BESA emprestou sem identificação do beneficiário, sem elaboração de processo aprovador e sem garantias, porquanto ele próprio possuía essa listagem.
Convidado pela comissão de inquérito a apresentar as provas que dizia possuir, limitou-se a fornecer gravações dos seus comentários e uma lista publicada num jornal de Angola, com toda a credibilidade e rigor de um jornal avesso ao regime.
Estou convencido de que o que verdadeiramente pretende não é tanto acabar com a corrupção mas, sobretudo, pôr-se em bicos de pés para continuar como o “one man show” da luta contra a corrupção, mas sempre com a basófia dos que dizem: “agarrem-me se não eu dou cabo dele”
Palavras para quê? É um artista português!

António Pimpão

4 comentários:

  1. Não sei porquê, mas sempre achei hilariante alguém reclamar-se "presidente da associação Transparência e Integridade" e dar uma imagem pública escondendo a sua calvície com uma mais do que patética peruca.
    Como pode alguém lutar pela verdade dos outros, se começa logo por esconder a sua?

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  2. "muita parra, pouca uva..."

    como bom artista português....

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  3. Sou capaz de tender para concordar com muito do que fica dito. Mas permitam-me algumas reservas... De facto e até prova em contrário, a acção desenvolvida por Paulo Morais tem o mérito primeiro de falar daquilo que muito poucos falam, sendo que a denúncia é, nestes casos, um passo determinante.

    Por outro lado, tenho também reservas quanto a uma tomada de posição aprioristíca que nos pode conduzir à situação de preso por ter cão e preso por o não ter. E são tão poucas as vozes audíveis contra o «estado a que isto chegou», que não me parece avisado deslastrar, à partida, qualquer «companheiro de viagem», pelo menos até à prova evidente de má-fé ou de má prática e interesses escondidos.

    As nossas hipersensibilidade e fraca tolerância são companheiras temíveis do individualismo e reflectem-se nesta incapacidade de nos unirmos em torno de objectivos comuns e gritantes... por vezes apenas porque o eventual parceiro de luta ostenta uma verruga que nos é pouco simpática.

    À consideração...

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