janeiro 05, 2011

Vão lixar o Camões!!

Lá pela escola-da-noite, que também funciona mal de dia, deve andar tudo louco.
Há dias, em jeito de mensagem de toma-lá-que-é-para-acabares-o-ano-em-beleza, foi enviada a todos os formadores, a pedido do presidente do executivo, uma circular advinda da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) que nos fazia saber que, doravante, só seria considerado "nocturno" o trabalho prestado a partir das 22h.
Muito bem, os senhores estão lá no seu direito mas, quando aceitei o lugar, há dois anos atrás, trabalho nocturno era aquele que se prestava a partir das 19h e até às 23h; mais, quando re-aceitei o ligar, uns meses depois e, novamente (depois de grande hesitação) em Setembro último, continuava a ser exactamente assim, pelo que o (magro) salário que nos era pago, tinha a bonificação de 1,5, conforme a lei.
Que se altere a lei, acho lindamente, nada de novo, leis são alteradas e reajustadas e revistas todos os dias. Mas não me mudem as regras a meio do jogo que eu agarro na bola e tiro a equipa (que sou só eu, mas basto-me) de campo e não se fala mais nisso.
Vai daí, enviei um e-mail directamente ao Executivo, com o conhecimento dos meus colegas, a dizer que, a aplicarem-se as novas directrizes (que, segundo a circular, teriam efeitos imediatos) ao meu caso, deixava desde já patentes os meus votos do maior sucesso para quem ficasse. Mas que eu não ficaria.
Ah, e tal, blablablá, que provavelmente aquilo não nos atingiria ("pessoal docente e não docente", dizia o texto), que talvez conseguíssemos uma excepção (é isso e acabar com a fome no mundo), para eu ter calma (as minhas pulsações nunca se alteraram). E que se ia consultar a Direcção Geral da Educação do Norte (DREN) para se tentar perceber a abrangência da norma.
Ora eu, que não sou formada em direito mas sei ler português, insisti nos sublinhados, mas aceitei esperar. A resposta tardou mas veio: que a senhora da DREN tinha sido muito compreensiva e que concordava que era uma injustiça e patatipatatá e que deveríamos esperar até novas instruções.
Ai o camandro, que aqui já me estava a chegar a mostarda ao nariz.
Gosto pouco de ser tomada por burra e menos ainda que se adie o inevitável.
Lá seguiu novo e-mail a manifestar o meu mais profundo apreço pelo sentido de justiça de todos e mais alguns, mas que o que cada um acha vale muito pouco quando há uma norma que deve ser cumprida.
É para esperar?
Espero.
Mas em casa.
Não mexo nem mais uma palha enquanto não me garantirem, por escrito, que o meu trabalho é majorado como o foi até aqui. Se os outros aceitarem ficar, em claro desrespeito por si, pela sua profissão, e pelos direitos e garantias que o Código do Trabalho lhes faz assistir, é com eles. Eu tenho (muito) mais que fazer.
Só me perguntam onde andam os sindicatos quando há questões desta enormidade para resolver, mas que não enchem as parangonas dos jornais.

10 comentários:

  1. Como já te disse lá nas tuas Câimbras Mentais (que é coisa que tu não tens, graças aos genes), Portugal seria um País se tivesse uma massa crítica de pessoas como tu.

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  2. Sabes o que me dizem os coleguinhas? NADA. Zero de zero. Tudo calado, a fazer figas para que as coisas corram bem, a rezar a uma divindade qualquer para que a intenção do Legislador seja interpretada de outra forma.
    Só me apetece socá-los! (e lá se ia a crítica...)

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  3. E eu não sei? Estou farto (literalmente) de chamar nomes aos professores por deixarem que os sodomizem... e depois queixam-se uns aos outros, aos familiares e aos amigos!

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  4. Entretanto, ouviste as notícias hoje? Muitos não-professores da função pública estão a ter aumentos e promoções em 2010 bem acima da média de anos anteriores. Para quê? Para compensarem antecipadamente o corte nos salários.

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  5. A força á a razão das bestas.
    Para quê argumentar?
    A única linguagem que conhecem é essa. A da força.

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  6. Se eles soubessem que a Ana tem O saco...

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  7. É dar-lhes, Ana! Que não te falte o ânimo nem quebre o jeito.
    Na verdade e utilizando grandes palavras, eu diria que esse tipo de atitudes é uma ignomínia, mais próxima de mentalidades fascizantes, do que outra coisa qualquer - dos tais que sempre surgem quando as oportunidades se lhes apresentam propícias.
    Também pode chamar-se-lhe canalhice, pulhice, dar-ao-rabo ao dono, ilegalidade, etc., etc.
    Mas - apesar dos pesares - há que levar a cena ao sindicato e, daí, à Inspecção do Trabalho - clube de cegos, surdos e mudos, mas ainda assim os que temos...

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  8. E a ginástica que cada serviço público faz para dar a volta à decisão do governo? Ah, povo criativo!...

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  9. É justamente essa chico-espertice e a vontade que toda a gente tem de alinhar nela, contornando o incontornável, que me põe louca!!
    E dou-lhes, pois então. Não com O saco (apesar de contrafeita) mas com os meus e-mails diários que, apesar de todas as provocações, nunca têm resposta.
    País de doidos...!

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  10. Incontornável?!
    O que é incontornável para esta malta que até inventou o caminho marítimo para a Índia?

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