maio 12, 2013

«Verdades para as nossas filhas»

A malta da FEUC enviou-me o artigo «Truths for Our Daughters» da Harvard Business Review.
Achei-o tão interessante que fiz a tradução (com os meus conhecimentos básicos de inglês mas conta também a boa vontade):


Como profissional sénior de serviços financeiros - uma indústria com relativamente poucas mulheres nos cargos executivos - Passei muito tempo a reflectir por que não há mais mulheres nos lugares de mais alto nível das empresas. Eu li estudos e ouvi teorias sobre as mulheres não funcionarem bem em rede; não terem o "dom da Visão"; comunicarem de forma muito passiva; não pedirem trabalhos de maior responsabilidade e  clientes de topo; e terem menos patrocinadores que estejam dispostos a utilizar o seu capital de influência para as apoiar no seu percurso, tal como fazem para os seus colegas do sexo masculino. Há montes de concordância e repetição ao falar sobre este assunto. É quando se fala de soluções que as coisas ficam mais silenciosas.
Como mãe que vê a sua filha de 18 anos, caloira da faculdade, perante as suas opções de trabalho de verão e de carreira futura, quero que ela tenha conhecimento de histórias de sucesso - e não o que falta às mulheres, o que não fizeram ou não podem fazer - porque eu sei que existem esses sucessos e precisamos de compartilhá-los mais. Se as mulheres jovens entrarem na força de trabalho, em todo o lado, não só com a mensagem de que "não se pode ter tudo" e inundadas com dados sobre a falta de mulheres no topo das hierarquias, mas antes munidas de todos os conselhos acumulados e a sabedoria das mulheres experientes que prosperaram e desfrutaram das suas carreiras, então elas - e as organizações que as acolhem - ficariam muito melhor servidas.
Estes são os conselhos que vou dar à minha filha - e a todas as mulheres jovens como ela que anseiam construir uma carreira - numa altura em que ela começa a tomar decisões sobre a sua vida. Estas são algumas verdades que eu sei agora, com mais de vinte anos da minha carreira, e que gostaria que alguém me tivesse dito antes. E, embora eu nem sempre siga estas orientações, a minha carreira tem sido melhor sucedida - e eu cheguei onde estou hoje - por causa delas. Talvez a minha filha as vá incorporar bem cedo e ficar à frente no jogo.

  • Sê confiante. Eu vi a forma como abordaste a cadeira de cálculo multivariável neste semestre com frieza e calma. Traz esse espírito contigo, para o teu trabalho (para que conste, eu não consigo pensar numa única coisa que tenha feito em toda a minha carreira que se aproxime da complexidade do cálculo multivariável).
  • Não precisas de "saber tudo" no primeiro dia. Tal como qualquer outra pessoa, incluindo aquele colega que transpira confiança do cubículo ao teu lado. Mesmo os gestores de topo fazem perguntas.
  • Sente-te confortável em estares desconfortável. Levei cerca de uma década, se não mais, até descobrir isso. É muito fácil conteres-te por assumires que há alguém por aí que é mais talentoso, mais experiente, mais habilidoso. Tu não vais crescer na tua carreira se não te aventurares para além do que já estás a fazer de forma confortável.
  • Tu não tens ideia de aonde a tua carreira te vai levar a longo prazo. Por isso pensa nisso em etapas mais curtas e mais fáceis de gerir. As oportunidades aparecerão. Sê destemida, aproveita-as e não te preocupes tanto com o que vem a seguir.
  • Fala duas vezes mais alto do que achas que é preciso. Eu bem que gostaria que alguém me tivesse dito isto antes da minha primeira apresentação numa sala de reuniões - quando alguém realmente me pediu para "falar mais alto".
  • Está preparada. Pratica. Conhece os números por dentro e por fora. Grandes decisões de negócio desenvolvem-se com o tempo mas, desde o primeiro dia, tu podes ter os dados - e isso é muito poderoso.
  • Encontra aquela pessoa que acredita em ti - e então ouve-a, mesmo que não gostes do que te possa dizer. Vais um dia relembrar-te e sentires-te grata contigo própria por tê-lo feito.
  • Desenha riscos na areia. Apreende aquilo em que absolutamente não vais poder desistir e cumpre-o. Ninguém vai agradecer por não teres uma vida fora do trabalho, sem tirares férias. As pessoas mais bem sucedidas que eu conheço conciliam as suas vidas e e o seu trabalho ao longo da semana. Isto permite-lhes ter, em simultâneo, longevidade da carreira e realização das suas vidas.
  • Vais frequentemente sentir como se não estivesses a usar 100% da tua capacidade,  seja em casa, no trabalho, com amigos ou com outros interesses externos. Eu sinto isso a todo o momento - e está tudo bem. Grandes empreendedores sempre se esforçam para fazer mais no trabalho, com a família e amigos, com os seus outros compromissos e interesses externos à organização.
  • Faz favores em cadeia e as coisas boas acontecem. Atende a chamada ou regista o pedido de reunião quando os teus amigos e colegas contactam para negócios ou conselhos de carreira  e põe-nos em contacto com quem os possam ajudar. Eles vão lembrar-se disso e é uma maneira fácil e genuína de expandires a tua rede.
  • Está pronta - para qualquer coisa.

Está na hora de mudar a narrativa das causas por que não há mais mulheres no topo. Podemos simplesmente forçar um "como fazer" e mudar as tendências de que todos nos apercebemos? Provavelmente não - porque não existe uma fórmula X de segredo para o sucesso. Cada um de nós traz um mix variado de talentos, ideias e experiências para a equação, bem como diferentes circunstâncias da vida. É por isso que temos de começar a compartilhar as nossas histórias de sucesso, em vez de nos concentrarmos em todas as razões pelas quais as mulheres desistem ou não vivem de acordo com o seu potencial no mercado de trabalho. Neste Dia das Mães, compartilha a tua história com alguém que precise de ouvir.

Joan Solotar
10 de Maio de 2013

Joan Solotar é gestora de topo, chefe de relações exteriores e do grupo de estratégia,  membro das Comissões Executiva e de Gestão do Grupo Blackstone, empresa de investimento privado mundial e de gestão de activos.

2 comentários:

  1. Valeu a pena a tradução pois o artigo é mesmo interessante pela suas ideias e pedagogia...

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    1. Pois... eu também tive de aprender por mim... e continuo...

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