No seguimento das minhas pobres
reflexões sobre o episódio caricato que correu iutubes e quejandos – conforme aliás
ouvi dizer, com o alto patrocínio do BCP, porque isto anda tudo ligado… – e em
troca amena de galhardetes com amigo preocupado com o bom nome e a reputação da
investigadora Raquel Varela, gostaria de acrescentar um ponto ao que deixei
dito, para mais clara interpretação dos meus improváveis leitores:
Eu disse e volto a dizê-lo que
Raquel Varela foi burra. Não digo que o seja, que já o tenha sido ou que venha
voltar a sê-lo. Utilizei uma expressão coloquial que nos ocorre quando alguém
comete uma episódica burrice.
Raquel Varela escorregou numa
parada-resposta frente a essa coisa mortífica que é uma câmara de televisão e a
sua interrupção intempestiva do discurso do jovem Martim teve mau resultado.
Porventura que Raquel Varela não merece, pois abonam a seu favor outros e
muitos créditos.
Mas o facto é que daquela
escorregadela não se livra e o mais certo é ter de carregar a cruz dos
entendimentos apressados por muitos e penosos anos.
Fica o aviso à navegação. Que a
ela lhe há-de servir para enriquecer a experiência.
De resto vale o que fica por mim
dito na entrada do dia 27 de Maio.
E porventura pelo que poderá
parecer estranho efeito de carambola, a ideologia que quer sustentar este
«empreendedorismo» é a mesma que subjaz à filosofia dos bancos alimentares.
Desta matéria delicada, em que
cada um deve mexer só com pinças e de luvas cirúrgicas calçadas, duas ideias
fulcrais me assaltam, a saber:
1 – se é inegável que graças aos
bancos alimentares contra a fome se tem dado forte contributo para estancar a
vergonha nacional que é, no Portugal do século XXI, haver quem passe fome, não
é menos verdade que o modus faciendi,
através das grandes superfícies, traz às mesmas um acréscimo de vendas
absolutamente fabuloso que sai, uma vez mais e como sempre, do bolso do portuga
abnegado.
2 – graças também a esta
beatífica e aparentemente solidária atividade está a contribuir-se com fortíssima
machadada na dignidade pessoal de quem precisa de esmola para comer, sem se
promover qualquer outra espécie de saída social, com o argumento, pesado como
pedras, de que a fome não se compadece com demoras.
Pelo caminho ficam os empregos
perdidos, os empregos que não existem, a desregulamentação brutal do mercado do
trabalho e tudo sob o olhar complacente, quando não cúmplice e, tanta vez, actuante,
do próprio governo.
Com papas e bolos se enganam os
tolos, já lá diziam os nossos avós. A almofada social e o tampão da revolta que
representa esta «solidariedade a martelo» é, talvez, não mais do que a outra
face da moeda da destruição da nação e do país em que alguns parecem tão
apostados…
Porque a um povo pode faltar quase
tudo, que ele há-de encontrar no fundo de si mesmo as sementes e reservas do
seu renascimento. Mas se lhe faltar a dignidade… já nem povo é. E, então, a
nação deixa de ter razão de ser.
Infelizmente, cada vez mais perto disso...
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