junho 07, 2014

 TC's e outras coisas que tal

1ª parte

Vou manifestar aqui toda a minha ignorância sobre economia e algum egoismo. Mas depois do chumbo do TC relativamente à manutenção da sobretaxa e à manutenção do desconto que já vinha sendo feito desde janeiro de 2011 por força da portaria de 2010, parece-me que o aumento do IVA em 1% (deve ser este o valor), ou de 1.75% até aos 25%, que seja, para o meu caso saio a lucrar. Preciso de fazer muitas compras em produtos de escalão máximo para 'devolver' ao estado os euros que o meu agregado familiar vai recuperar. Infelizmente sei que nem todos poderão dizer assim, daí o meu egoísmo. Mas também me parece que até ontem muito poucas pessoas me manifestaram solidariedade nos cortes que eu sofri.

2ª parte

Quando não se sabe o que dizer é bem melhor ficar calado. O preclaro PM pôs em causa a 'legalidade' das decisões do TC e faz jus à sua grande dificuldade em conviver democraticamente com os órgãos de soberania eleitos (sim, não se pode dizer 'com os outros órgãos de soberania eleitos' porque o governo não é órgão de soberania eleito; é um órgão executivo, não eleito, uma vez que não se vota para nenhum governo; apenas para a AR). Mais ainda, diz que os juízes do TC não foram eleitos. Grande MENTIRA: apenas 3 deles foram cooptados pelos seus pares, pois os restantes 10 foram eleitos pela Assembleia da República. Os portugueses votaram neles de forma mandatória indireta, tal como votaram na Assunção Esteves. Se uns não têm legitimidade, a neologista do inconseguimento também não tem.
Mais ridículo ainda é quando vemos hoje que na composição do atual colégio do TC estão 6 juízes indicados à AR pelo PSD; 1 pelo CDS-PP e 5 pelo PS. Resta dizer que 2 dos indicados pelo PSD também o foram pelo PS, o que perfaz os 10 eleitos pela AR. Com agenda política pró-PS poderá haver 3 apenas; 3 pró-PSD e 1 pró-CDS-PP. Os 3 cooptados pelos pares (e precisavam de ser todos os 3), juntando forças aos pró-PS dariam 6 votos, supostamente de bloqueio, contra 7 pró-Governo.
E vem agora este playboy inconsequente acusar o TC de ter uma agenda política?


3ª parte


A pragmática na área da linguística é das áreas mais fascinantes e também uma das mais recentes. O foco central do seu estudo é aquilo que realemente as pessoas intercambiam nos atos comunicacionais, isto é, o que é que o outro compreende daquilo que eu digo, avaliando os intervenientes e todas as circunstâncias da comunicação. Se pergunto a alguém se me pode passar o sal, espero que ele me passe o sal e não que me responda 'sim, posso' ou ' não, não posso' e fique tudo como estava antes.
Feito este breve introito, vou falar-vos de outra pragmática, a pragmática das finanças domésticas. Acho que todos nós que não produzimos frutos da terra sobrevivemos com o dinheiro que, mensalmente, nos aparece na conta. Não importa muito se é mais ou menos taxado. Ora, como já escrevi numa reflexão anterior, 1000 euros que ficam depois de pagar 50% de imposto são exatamente, para mim, os mesmos 1000 euros que recebo depois de o governo me aplicar um corte de vencimento de 250 euros e um imposto de 25%). Dirão que isto são contas de merceeiro (sem ofensa) e é claro que são, mas numa perspetiva egocêntrica sabem que tenho razão. Aliás, ainda tenho mais razão quando penso no futuro, porque qualquer que seja a cor que nos venha a governar nos próximos anos, é muito mais fácil, simpático e bem visto nas instituições mundiais tal governo reduzir impostos quando tiver uma folga financeira (é aliciante para todos, pois é na área das receitas) do que aumentar ordenados numa época de vacas magras (pois seria um aumento na área das despesas, o que contraria a doutrina neoliberal que domina a europa). Isto é ser pragmático, não demagogo!

5 comentários:

  1. Grandes e boas malhas, Antonino!

    ResponderEliminar
  2. Boas e oportunas.
    Não sei bem, mas se o palerma fosse mais esperto, já tinha adoçado a boca à tropa, (e por aí não se safa que eles andam amargos e azedos) e já teríamos tido uma noite branca, à medida do que em tempos a Ferreira Leite chamou, a suspensão profiláctica e provisória da Democracia, que é uma coisa que se sabe bem ser sempre profiláctica, no imediato do cala e come, e provisória quanto baste às calendas, ou alguma cadeira bichosa....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não sabia desses detalhes do link. Bem hajas.

      Eliminar
    2. ....Grande parte da população acreditava naquilo que estava escrito nos jornais, ou seja, que os comunistas tinham tentado dar um golpe. Um periódico bávaro aplaudia: "Por isso, saudamos as últimas medidas de emergência".

      O fim das liberdades democráticas era aceito em silêncio. Hitler deixou-se festejar como o salvador da Alemanha diante do perigo do comunismo. Uma sobrevivente de Hamburgo lembra que "a fama de Hitler foi às alturas". A portaria de emergência do dia 28 de fevereiro de 1933 foi um duro golpe na frágil democracia da República de Weimar e uma importante etapa na caminho para a ditadura nazista.

      Frequentemente surgem boatos de que os próprios nazistas teriam incendiado o Reichstag, a fim colocar a culpa nos comunistas.....

      Eliminar