....iremos cumprir tudo, custe o que custar... indo mesmo além da Troika, ..
....o Estado deve fazer tudo para salvar as vidas, mas não custe o que custar....
Um dos episódios Bíblicos, o Êxodo, relata a saída polémica dos Hebreus do Antigo Egipto.
Teria o povo sido escravizado durante séculos até que um menino salvo dos rios, Moisés, ao tornar-se homem lideraria os Judeus na missão divina da libertação colectiva.
Pondo de lado a mistificação dos factos históricos e das derivas que estes factos sofreram até chegarem à imortalização sob forma de escrita, ressalto aqui o particular momento em que o povo judeu, já longe do Egipto e após ter passado o mar vermelho, subitamente se vê caído na adoração de uma divindade pagã.
Um bezerro em ouro tomara o lugar de Jeová. O povo, após longa temporada nas deambulações pelo deserto e em desespero por recursos de sobrevivência, reunira todos as jóias que possuíam e às ordens de traidores, fundiram-nas num dos ídolos chamados pagãos que nas terras de onde tinham saído, representava a abundância.
Mas onde estava o líder nessa altura? Teria ele também abandonado a fé em Jeová?
As escrituras indicam que Moisés estaria à altura nos montes Sinai a receber os Dez Mandamentos directamente da mão de Deus.
O seu regresso, e a ira que ao assomou ao ver o povo caído na adoração de falsas divindades, teria feito regredir a deriva metafísica e de novo sob o mando de Moisés, e protegido pelo deus verdadeiro, lá seguiram a saga rumo à Terra Prometida....
A metáfora desta passagem Bíblica, resumida nas linhas superiores, é perfeitamente aplicável ao nosso viver colectivo nos tempos correntes e nos valores aos quais nos submetemos.
Também aqui estamos a atravessar um deserto, à mingua de recursos, em sofrimento e a caminho de alguma coisa melhor que se promete algures no futuro.
Também aqui e às ordens de líderes fomos despojados das melhores coisas que tínhamos para alimentar um bezerro dourado.
Também aqui esse esforço, custasse o que custasse, teria de ser porfiado e levado por diante, mesmo em holocausto se necessário fosse, indo mais além do que a divindade exigia.
Também aqui, o deus que vive em cada um de nós, foi deposto, em favor da adoração da divindade dourada
. O Homem, numa regressão do relativismo, não como a medida de todas as coisas, mas sim o bezerro em ouro, o dinheiro.
Também aqui, é preciso mantê-lo no seu pedestal divino, custe o que custar, mesmo se isso custar a vida dos que são obrigados a adora-lo.
Também aqui alguém virá algum dia munido quiçá mais de ira do que de razão, partirá as tábuas dos mandamentos em cima do bezerro e libertará de novo, contra os bezerros, contra os homens, contra todos, os eternos cavaleiros do apocalípse...
A História está cheia de relatos nesse sentido.