Recomendo a leitura deste artigo, bastante completo, sobre a mudança da hora.
Alguns excertos:
Será que uma medida implementada em 1916 para poupar carvão ainda faz sentido?
O nome oficial é “Daylight Savings Time” (DST). Foi pensado para poupar velas (1784), protagonista das duas Grandes Guerras, foi apoiado numa fase inicial por Winston Churchill e motivo de chacota em Espanha. Acabaria por ser recuperado depois da crise do petróleo de 1973 e por transformar-se em diretiva europeia em 1981.
Estamos em 2015, certo? Existem lâmpadas de baixo consumo, os computadores estão ligados o dia todo, seja para trabalhar ou para ver Homeland, House of Cards ou Downton Abbey; existe o ar condicionado, as empresas laboram a todas as horas. Estamos sempre ligados à corrente. Os tempos mudaram.
Há estudos para todos os gostos. Uns dizem que existe apenas uma poupança de energia de 1%, outros falam até 10%. Depois há aqueles que sugerem que há menos acidentes no trânsito e que o crime diminui. As consequências na saúde também são esmiuçadas. A Universidade do Alabama descobriu, em 2012, que há um aumento de 10% de ataques cardíacos na segunda e terça-feira após avanço da hora. Já quando se atrasa a hora, no outono, não foi registada qualquer oscilação nos números referentes a ataques de coração.
Os mais afetados serão as crianças, diz a revista brasileira Crescer. Embora pareça pouco tempo, o da adaptação, os mais pequenos podem ficar mais preguiçosos na semana seguinte. O relógio biológico é mais lento e exige habituação.
Não abundam os estudos sobre a temática em Portugal, por isso abordemos um de 2007, elaborado pela Netsonda, a pedido da Philips. Mais de 75% dos portugueses — falamos apenas de uma amostra de 885 pessoas, entre os 18 e 55 anos — concorda com a mudança de hora como medida positiva ambiental de poupança de energia, embora a mesma afecte negativamente um terço deles, pode ler-se no relatório. Os inquiridos queixaram-se de que a mudança de hora oferece alguns efeitos negativos: alterações do sono, irritabilidade, mau humor, sonolência e cansaço. São necessários três dias em média para as pessoas se habituarem à ideia.
Em 19 de janeiro de 2001, o Conselho e o Parlamento Europeu adotaram conjuntamente a diretiva respeitante à hora de verão. O artigo 5.º da diretiva previa que a Comissão apresente ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social um relatório sobre a incidência das disposições da diretiva nos setores relevantes. O artigo 5.º prevê igualmente que o relatório seja elaborado com base nas informações comunicadas à Comissão por cada Estado-Membro. Aconteceu em 2007.
Segundo [este] relatório, nenhum Estado-membro solicitou a modificação do atual regime. Pelo contrário, sublinharam a importância da harmonização do calendário da hora de verão na União Europeia, lembrando a questão dos transportes. Só a Bélgica apelou a que, caso houvesse mudanças, que se passasse a usar sempre o horário de verão. Quanto ao turismo, a Letónia, por exemplo, afirmou que a hora de verão tem um impacto positivo. Já a Itália referiu então que os setores da construção e agricultura saem beneficiados com a hora de verão, nomeadamente no sul do país, que sentem menos calor de manhã.
Em 2011 eram 110 os países que mudavam a hora duas vezes por ano. Só havia uma exceção na Europa: Islândia. Os russos preferiram não adotar também o DST porque estudos terão concluído que a hora de inverno deixava o povo deprimido, contribuindo para um aumento da taxa de suicídios. Dmitri Medveded, o então presidente russo, afirmou no início de 2011 que o país viveria sempre no horário de verão.
Já os Estados Unidos começam a perder o encanto com esta medida que adotaram primeiramente em 1917, contou o Washington Post, a 17 de outubro. Os estados do Arizona e Havai não mudam os ponteiros do relógio durante o ano. Mas a shortlist poderá não ficar por aqui. O Utah poderá ir pelo mesmo caminho, pelo menos é o que propõe o deputado Lee Perry e o Senador Aaron Osmand. Os dois legisladores querem acabar com o Daylight Saving Time ou organizar um referendo. Segundo Perry, 62% de 30 mil inquiridos querem derrubar a atual modalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário