fevereiro 07, 2011

a mão estendida de alguns pobres ricos...

Uma das coisas que caracteriza a idealizada «sociedade de informação» em que supostamente vivemos é, exactamente, a proliferação de fontes de desinformação, que criam ao vulgar cidadão uma dispersão aleatória de abordagens sobre cada assunto em análise, geradora, afinal, de uma opacidade para a interpretação, que conduz a que nunca saibamos onde se encontra a verdade… ou, sequer, uma réstia dessa verdade, que nos ilumine o viver.

Vem este arrazoado a propósito do drama terrífico das escolas privadas e/ou cooperativas ou associativas – desde logo é necessário ser um iniciado para se perceber do que se trata – que, à míngua de subsídios estatais, mesmo ao arrepio de anteriores situações contratualizadas, diga-se, poderão ver-se constrangidas a despedir docentes e pessoal auxiliar (se é que, destes, ainda os têm), prescindir de equipamentos e de oferta ou, até, fechar as portas, para descabelamento desesperado dos «ricos» (ou talvez não…) progenitores das pobres crianças… e tal… e tal…

Primeira questão: haja algum cuidado, pois nem todos os progenitores em questão serão, efectivamente, tão ricos assim!

Depois, pareceria ao comum cidadão que o ensino privado teria razão de existir em duas situações típicas:

- Livre iniciativa empresarial privada, absolutamente autónoma – embora com alguma supervisão estatal que assegurasse a qualidade pedagógica e logística – à qual recorreriam os pais que tivessem dinheiro para pagar os correspondentes encargos;

- Livre iniciativa empresarial privada, com eventuais subsídios estatais em todos aqueles lugares onde o ensino público não existisse ou não tivesse capacidade de resposta, e como forma expedita de assegurar igualdade de oportunidades no acesso ao ensino, enquanto preceito constitucional.

Ora, o que parece ser mais comum neste maravilhoso e fantástico País é a existência de escolas privadas, verdadeiramente encavalitadas em escolas públicas e em concorrência com estas… em termos absolutamente não comparáveis, quer de um lado, quer do outro, mas auferindo das prebendas estatais como se a sua existência se localizasse em inóspita serrania.

E, aqui, o cidadão deixa de perceber o que está a acontecer. 

Atingem-se cúmulos do despautério quando sabemos que o Estado chega a pagar a escolas privadas transporte de crianças, a distâncias de dezenas de quilómetros, crianças que vivem com uma escola pública ao lado das respectivas casas.

Ora, bem. Aqui e se bem entendo, trata-se da opção dos pais pela escola privada. Essa opção tem de ser paga por quem a assume… e ponto final!

Mas como, em Portugal, qualquer lei ou regimento, rapidamente se transforma no regabofe habitual do salve-se quem puder, regado com a esperteza saloia, assim chamada, de um deus para mim e um diabo para os outros, logo tudo se aconchega à marmita do estado…

E lá estamos como estamos. Tudo grita, tudo barafusta, tudo tem razão. E eu fico sem saber se é por excesso de oferta ou de procura.

Sei que o Ministério da Educação tem vindo a encerrar milhares e milhares de escolas públicas, com a argumentação mais desvairada, sempre às costas do défice. Ora, se isto é uma janela de oportunidades, como agora se diz, para a iniciativa privada, há que ver quão envenenado pode estar esse presente.

A mim resta-me uma consolação fatídica, nesta lógica da treta dos governantes da treta que vamos elegendo: apesar de eu já nem ter filhos em idade escolar e de aquele que tive sempre ter frequentado a escola pública por opção de qualidade da minha parte, seja qual for o resultado final desta saga, vou ter de pagar mais impostos.

14 comentários:

  1. Somos esta coisa antinatural: Homis Pagantis...

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  2. E foram criadas várias subespécies:
    - homo subservientis
    - homo abulicus
    - homo alienattus
    - homo genius
    - homo desenrascatus
    - Hom'essa!

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  3. Essa última subespécie é a única da lista que não me faz espécie.

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  4. Iço éi u cu çe shama pirconseito
    Intão o Homem-Seksual nam ei jente?

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  5. I cãe tediçe qenâum çômuz tôduz pirqonsseitu ósos?

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  6. ... mau, já estou a ver comentários a dobrar... :-(»

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  7. Mas como administrador do blog, podes removê-los definitivamente :O)

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  8. sublinho a tua opção de qualidade, até porque, para se dar aulas nas instituições de ensino públicas, é obrigatória a habilitação própria, enquanto que, nas privadas, a suficiente é bastante

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  9. Gostei de te ver, Sãozinha...

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