O hospital Garcia de Orta (Almada) cobra taxas moderadoras aos utentes de cada vez que um médico especialista troca impressões com um médico assistencial (ou de família) acerca da situação clínica desse utente.
Vamos lá ver se eu percebi: no exercício normal da sua nobre actividade, um especialista carece de um qualquer esclarecimento sobre, por exemplo, a situação clínica do senhor Fulano. Sei lá, qualquer coisa do género: «- Olhe, aquele alto que lhe apareceu nas costas do Fulano e que é para extrair, apareceu-lhe quando?».
Aí, os serviços administrativos do Hospital recebem informação desta questão colocada entre médicos, no exercício rotineiro da sua nobre actividade e debitam, com muita tranquilidade, uma «taxa moderadora» ao utente, que não foi perdido nem achado na conversa.
Confrontada com a situação, a senhora directora Ana França não só acha normal, como indicia que a coisa já está instituída e é prática corrente. Argumenta que existe cobertura legal para o efeito e remete para legislação que incide sobre a chamada tele-medicina, por aí também não haver presença física do utente.
Bem, não haverá presença física do utente junto do médico, mas há-de havê-la, seguramente, em frente de um computador qualquer, onde o paciente fala com esse médico… Não me parece que se trate da mesma coisa e, se estou a raciocinar bem, a interpretação da senhora directora é falaciosa, manhosa e abusiva.
A institucionalização desta prática revela-se, assim, como uma das inúmeras gritantes barbaridades de esbulho perpetradas sobre o luso cidadão incauto que, ingénuo, julga ainda poder confiar na boa-fé das instituições, que deviam ser faróis de referência ética.
A coisa é tão espantosa que, com muita naturalidade, se admite haver já, naquela instituição hospitalar, o que poderemos chamar «sessões de trabalho» para análise e débito.
O actual senhor ministro, confrontado com a aberração diz ter dúvidas, mas confessa que há diversas instituições com tal prática há mais de uma dezena de anos.
Pois. Eu também acho que andamos todos a ser roubados há uma data de anos. Mas os votos não era suposto destinarem-se a eleger quadrilhas de assaltantes, mas sim governantes.
Espero bem que o senhor ministro esclareça as dúvidas com urgência, providenciando a cessação imediata de tal prática e a devolução urgente deste esbulho ao cidadão… ainda para mais doente!
Isto para já nem falar de que a «taxa moderadora», já de si, foi e é uma aberração maquiavélica destinada a combater administrativamente – que é sempre mais fácil – o abuso no recurso aos serviços médicos. Já a sua aplicação a situações de internamento é escabrosa e pornográfica, quanto mais a sua cobrança apenas porque dois médicos exercem, como acima se diz, um procedimento de rotina na sua actividade.
A estes canalhitas, tão ciosos dos proventos alheios e capazes de tais incrementos de desumanidade, não se pode exterminá-los?
Com toda e total coincidência no que ao corpo do texto se refere, cumpre-me um pequeno apontamento sobre o nome do ilustre cidadão deste país que o dito hospital perpetua.
ResponderEliminarGarcia de Orta, se bem que nada se diga nos anais e coisas que tais, se o dito Garcia se deliciava com as Hortas.
É mais do que uma vergonha; não nos basta a indignação, nem a revolta, há que fazer algo, amigo Orca. Daqui a nada estão a cozer-nos já não em lume brando, mas na grelha a 600 graus.
Não quero saber de Troikas nem porra nenhuma. Temos que bater com o punho na mesa e começar a fazer mexer isto, porque não somos feitos da massa de que os moluscos são constituídos.
Temos que demonstrar aos teóricos esta simples realidade: não se pode reduzir o número de frangos a menos de uma unidade, pois metade de um frango já nao é um ser vivo.
E como isto anda, já andamos abaixo do sustentável e mais: to intolerável.
Das duas uma: ou voltamos para a Idade Média e não sei se existe suporte ecológico no país para aguentar 10.000.000 de homens sapiens, ou então vamos rebentar com esta treta que não nos faz nem feliz nem nos promete nada a não ser miséria.
Como diz o outro, mais vale morrer de pé e de arma na mão do que morrer como um verme.
Ena, Charlie. Estás mesmo a pensar em andar por aí aos tiros?
ResponderEliminarAos tiros não, a não ser que atirem em mim... :S
ResponderEliminarMas podemos ser mais activos na nossa indignação e mobilizarmo-nos em torno de acções de facto eficazes e que podendo no limite ser consideradas insurrectas, tem como resultante da sopa onde nos estão a cozinhar.
Acções simples mas sempre concertadas, e para isso é imprescindível conseguir a mobilização geral. Um exemplo: não pagamento de portagens durante uns dias, de norte a sul. Consegue-se?
Dificilmente, há sempre os que ainda estão bem e os que tem medo de ficar pior do que já estão. É contra este estado de espírito que é necessário lutar de forma activa. Uma luta inglória podemos pensar, mas por vezes surgem homens Gandis que conseguem o impossível nem que seja durante alguns momentos. Imaginemos um cenário idílico em que ninguém no país pagasse impostos durante um trimestre como forma de protesto. Seria possivel?
Claro que é uma miragem, pelas razões que atrás citei acrescida de mais uma que é a dos filhos da puta que estão permanentemente à espreita para poderem comprar bens penhorados por uma pechincha. É certo e sabido que nenhum Estado aguentaria duas semanas se lhe faltassem as receitas, receitas essas com que pagam aos funcionários entre os quais os das execuções fiscais. Mas enquanto estes não entrassem na onda por falta de pagamento dos seus ordenados, certamente que fariam mossa em alguns desgraçados.
Bem.. já fico mais descansado...
ResponderEliminarQuando falas em armas, pode ser uma pistola de sabão, como a que os Dalton queriam usar para sair da prisão... mas o mais alto (o Averell) comeu-a?
Uma pistola de sabão azul e branco acompanhado de uma escova de arame para esfregar a boca do Bitore Gaspari, de cada vez que ele vai à TV.
ResponderEliminarO robot. É o que ele me parece, quando fala.
ResponderEliminarUm robot programado para o roubo...
ResponderEliminarComo cantavam os Salada de Fruta, «Olhó Roubot».
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