Surgiu nestes últimos dias à luz do dia, o embrião de um movimento cívico a que o administrador deste blogue tem vindo a divulgar através da publicação de um conjunto de ideias e reflexões da autoria de Jaime Ramos, o mentor deste movimento de mudança.
Sobre o projecto, sou a dizê-lo mais do que interessante: urgente.
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O importante é o que Jaime Ramos assina no final deste conjunto de ideias e
que mexe com a estrada do nosso futuro colectivo, o somatório da cada um dos
nossos individuais.
Que os partidos se esgotaram, é uma evidência. Que o
Capital acumulado tem que contribuir para o bem social é incontornável, ainda
nos anos 60 e 70 do sec XX se falava da "responsabilidade social da empresa" mas
isso foi completamente cilindrado pelos yuppies que não vendo mais que a bolota
em frente aos olhos, estão secar a floresta de onde engordam, culpando não a sua
gula, mas a incapacidade das árvores em dar mais bolota e por isso chafurdam a
terra na voragem por mais e mais enquanto por essa via lhes rebentam com as
raízes....
Se o trabalho tem que capitalizar recursos, porque é que é se
permite esta alergia em contrassenso onde o capital não capitaliza nada para o
todo, quando esse todo é o conjunto das árvores de frutos?
Outra ideia em que
estou totalmente em acordo, é a de uma comunicação social pública, referência de
qualidade e isenção.
A questão dos lucros ou prejuizos são muitas vezes
falaciosos ja´que consistem na engenharia financeira e contabilística que condiciona a coluna (deve ou haver) da folha onde se
inscrevem as rubricas.
No momento actual assiste-se a uma desenfreada e irresponsável vaga de privatizações, justificada por uma probreza de argumentos que - no que toca às últimas privatizações- em curto espaço de tempo ficaram desmontados, pese embora todo o esforço do executivo para mostrar sucesso onde o património colectivo escreve prejuizo e por essa via, aumento de encargos a ser suportados pelos contribuintes. De privatização em privatização, apontadas como conducentes à solução dos nossos problemas económicos e relançadores através dos investimentos, assistimos a uma progressiva perda de soberania, perda de receita para o Estado compensada com o aumento da carga fiscal, a qual por excessiva, condiciona negativamente o tecido produtivo do país. A cegueira doutrinária, a estupidez ou pior, a corrupção, não permitem tornar visíveis aos olhos de quem nos governa a imensa insensatez que consiste em colocar em mãos alheias, sectores determinantes de toda a nossa economia com a consequente perda de receitas para o Estado que decorre da alienação da sua propriedade. Energia, Transportes e Comunicação, são de tal forma importantes e estratégicos que nenhum país da Europa abre mão do seu controlo sob a tutela estatal, excepto para estes iluminados, os quais pese embora o seu deslumbrante brilho, não conseguem explicar o fracasso completo da sua estratégia que redundou no aumento - que dizem inesperado e surpreendente, mas que outros apontaram como evidente e previsível- do défice.
No prelo está a alienação das últimas jóias da coroa, a Tap, as Águas de Portugal, o que sobra da REN e a RTP
A privatização da RTP, totalmente desnecessária e assente em justificações atabalhoadas e ainda algumas gritantes, desavergonhadas e graves inverdades, alimenta interesses de uma minoria, clientela do poder e
interessada em um público cada vez mais acéfalo. Mas isso não é conducente a uma
melhor sociedade, antes pelo contrário como se sabe por isso não interessa ao
interesse geral, mas os nossos braços, as nossas bocas de revolta, onde estão?
Teremos perdido a capacidade de exprimir a nossa indignação? É admissível que o Estado suje as mãos em negócios obscuros como os da venda do BPN, os quais envolvem corrupção, privilégio de operadores em detrimento de outros e mais encargos para os contribuintes a somar aos milhares de milhões já devorados?
E a Tap? Ficará em mãos Espanholas? Brasileiras? Ou veremos as nossas cores, as cores do nosso país, substituidas pelas de um qualquer Emirato? E baseado em que ideias peregrinas de inspiração no mínimo ingénua permitem fazer crer aos Portugueses, de que uma vez entregue a qualquer operador estrangeiro, este continuará a observar os interesses nacionais?
E depois preguntamos; . se as centenas de empresas privatizadas ao longo destas décadas, não resolveram coisa alguma, muitas até pelo contrário foram protagonistas de verdadeiras desgraças, com o fecho dessas empresas após o seu esvaziamento por parte dos adquirentes, será legítimo pensar que estes poucos aneís possam ao ser desbaratados, produzir algum efeito positivo?
Mas se é licito apontar estes desmandos e procedimentos insensatos ao actual governo, será de esperar melhor nas suas alternativas? A democracia, repartida entre opções partidárias, no quadro actual apresenta algum potencial regenarador? Aponta alguma inflexão ou mudança de rumo?
O esvaziamento do nosso interior, tem por parte de algum partido, uma ideia de fundo que faça parte da essência da sua programação? Ninguém foi capaz ainda de ver que as excelentes estradas para as grandes capitais, que justificam o encerramento de todo um conjunto de serviços locais, se tranformarão a prazo em estradas para parte alguma e que isso corresponde à perigosa e anti-económica implosão do país?
Há entre todos nós uma sensação amarga de podridão e de falta de
alternativas; cada passo noutra direcção nos parece ser de destino igual ao
ponto onde nos encontramos e isso é muito perigoso para a democracia, para os
braços que e vez de dizer sim dizem chão.
Importa sim e urgentemente uma mudança radical no nosso sistema democrático. A ideia de capitalizar votos nulos, brancos e abstenções de forma a dar-lhes um significado político é interessante e remete para a mensagem expressa em " o Ensaio sobre a lucidez" de Saramago, mas o melhor de tudo, é realmente um movimento supra partidário como este se propõe ser. O grande desafio, é o de saber como granjear os apoios sem que os do (mau)costume se instalem, ou saber como tratar com o perigo dos cavalos de Tróia. Mas estes últimos só deverão aparecer na altura em que o movimento começar a incomodar o Centrão, obviamente muito diferente deste Movimento de Ideias do Centro.
Neste momento, em que toda a economia europeia está subjugada à pressão de milhares de "lobbies" incontornavelmente ligados ao clientelismo partidário e que por essa via condicionam toda e qualquer iniciativa, que futuro e que mudança do futuro previsível poderá ser protoganizada por um movimento supra partidário?
São questões como estas entre outras que coloco e que me fazem equacionar sobre os dados fundamentais de uma mudança a qual por outro lado se encontra pressionada pela urgência dessa mesma mudança. A sensação de que é preciso fazer algo urgentemente, não pode ser geradora de fracasso por via da falta de ponderação resultante de soluções criadas à pressa. Contudo, não se pode ficar eternamente esperando que as coisas mudem por elas próprias quando a dinâmica de mudança se encontra travada pelos grupos de interesses os quais, demonstradamente, não coincidem com os da maioria dos Portugueses. Urge que o movimento cresça, se fortifique e frutifique. Temos fome de mudança, e a fome extrema pode ser má conselheira. Entre a paz podre da resignação no pântano e a utopia voadora existe de pés no chão uma terceira via....