agosto 24, 2012

Que serviço Público? Não! A pergunta é: que País!?

O Governo prepara-se para levar a cabo a obsessão de colocar os órgãos  públicos de comunicação social em mãos privadas.
Dadas as péssimas condições financeiras e o relativo desinteresse  por parte de operadores privados em relação à "compra" do segundo canal, o tal que ainda é a pedrada no charco de tanta mediocridade,  este executivo prepara-se para ceder a licença de exploração da  RTP1. O segundo canal, emblemático e tradicionalmente a alternativa de qualidade, será para fechar, sem mais!
A obsessão fundamentalista destes senhores, com a entrega de todo este património aos caprichos dos negócios privados, leva-nos a duas conclusões: ou existe uma perturbação mental colectiva no executivo, ou estão compremetidos com arranjinhos de bastidores cozinhados como compromissos pré-eleitorais  com os tais interesses.
Portugal não pode continuar a assistir como se anestesiado estivesse ao desbaratar, ao retalhar, ao desmontar de toda a sua estrutura sob a designação eufemística de " re-estruturação".
Na verdade, o que assistimos é de facto a uma entrega de factores e empresas estruturantes a outros interesses que não os nossos.
Ao mesmo tempo que se praticamente se abandonam projectos, mais que viáveis tais como os da geração eólica, urgentes face ao aumento dos custos da energia importada, entregam-se as poucas actividades ainda sob a  chancela nacional à gula desenfreada de interesses estrangeiros.
Por todo o mundo, os Estados estão a investir fortemente nas energias alternativas, falaciosamente chamadas de mais caras, quando na verdade apenas têm um custo de investimento inicial mais alto, sendo a geração de energia totalmente gratuita e virtualmente ilimitada. A Alemanha é um dos países que mais fortemente investe neste sector e Portugal é ainda, apesar de tudo e por enquanto,  um dos seus fornecedores.
Portugal conseguiu colocar-se em apenas uma década na vanguarda da indústria dos equipamentos desta tecnologia, mas nada disto tem pesado nas decisões deste malfadado executivo, tal como ficou demonstrado na decisão tomada sobre a mobilidade eléctrica que levou ao abandono do projecto Renault- Nissan que se destinava ao fabrico e fornecimento de baterias.

Quanto ao tão falado mar e o seu recém redescoberto valor, os estaleiros de Viana que digam de sua justiça. Ao que parece, a Caixa Geral de Depósitos só tem rapidez de decisão quando o objectivo é o BPN ou a alienação criminosa de acções de forma a privilegiar de alguma forma um concorrente a mais uma privatização. Para colocar algum dinheiro em empresas com contratos assinados que trariam um retorno assinalável, tá quieto macaquinho, como dizia o outro. O abandono do projecto turístico no Alqueva liderado por José Roquette, é só mais um triste exemplo de um Governo que se revela poderoso para determinar a alienação de todo o património estratégico, mas totalmente impotente para alterar o sentido da gestão do que resta no banco ainda sob a esfera pública... a não ser que, e da suspeita não se livram,  os gestores da Caixa tenham indicações superiores para as decisões que tomam, adiam e deixam de tomar.
Disto se podem queixar centenas de empresas, aflitas não por não terem clientes, mas por não terem crédito que permita satisfazer as encomendas desses clientes. A entrada de divisas que se comprometem deste modo, não parece sensibilizar o executivo que acredita, não sei por que estranhas teias de raciocínio, de que o contribuinte dispõe dos recursos infinitos  que ao Estado falta.
Perante este quadro que o País vive, que sentido tem a obsessão com o desmontar do serviço público de radio-difusão? Que sentido faz alienar a RTP, o fecho da RTP2 e da Antena 3?
Por vezes parece-me estar a viver uma passagem de Franz Kafka, onde me querem fazer sentir ser apenas  uma barata perdida num enredo interminável ao qual chamam de processo e que só eles entendem.
Comparações à parte, é urgente fazer-se algo antes que o país desapareça, absorvido  e transformado em subúrbio " de facto", do resto da Europa.

11 comentários:

  1. Quando vi ontem o António Borges a falar sobre este tema, iam-me dando 3 dúzias de fanicos...

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  2. Clap!Clap!Clap! Concordo com todas as frases. A única estratégia deste governo é privatizar de acordo com as negociatas e arranjinhos que já fizeram e o resto (o país) é paisagem.

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    1. Como pergunta o Charlie, "que país"? Ainda há país?!...

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    2. É uma pergunta em jeitos de afirmação e aflitiva Maria, e pegando na deixa da São, que país é que ainda temos e por quanto tempo.
      Ainda hoje o Expresso publicava a arquitectura do António Borges quanto ao "problema da RTP"
      Ficou provado que a "solução" para o "problema" vai deixar no mínimo 20.000.000 de Euros de lucro a quem lhe pegar na privatização.
      O Governo livra-se de um problema, eufemismo que em Governês quer dizer, despesa. Mas, se a simples entrega nos modelos actuais da empresa, à gula dos privados, deixa os vinte milhões é porque não há "problema" e o argumento da urgente privatização é uma falácia torpe destinada ao insulto das inteligências.
      As motivações para de forma tão encegueirada privatizar a Televisão Pública só podem ser de outra órdem e de grande gravidade, que confirmam aquilo que todos constamos: vão-se os anéis e ficam ... as dividas... para que nós paguemos.

      Povo.... não há por aí uns Otelos armados de vassouras e aspiradores para limpar isto? Ou então, será que estamos no meio de um pesadelo e a breves instantes acordaremos encharcadinhos em suor e esboçar um esgar de sorriso pelo alívio de descobrir ser isto tudo só um sonho mau?

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    3. Nem pedimos para nos beliscarem, que ainda ficamos mais frustrados do que já estamos.

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    4. :((((
      Acho que vou buscar o meu camuflado e os binóculos nocturnos....

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    5. Eu devia ter mesmo comprado a fisga na Manta Rota...

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    6. O que há, ainda é gozado, Olindita...

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    7. Está provado que todos os Cristos têm de ser sacrificados.
      Só assim o seu simbolismo se cumpre.
      Se porventura algum indivíduo se apresentasse como um novo Messias, que credibilidade lhe seria dado? Temos inúmeros exemplos disso agora mesmo nos nossos dias. Uns tipos tontos que pregam e levam uma vida estranha. Não bastariam uns "milagres".
      Apenas o seu sacrifício o elevaria ao lugar de mito. Tal como aconteceu com - entre outros - Ernesto "Ché" Guevarra. O erro cometido então em relação a ele não foi cometido quando a Indonésia capturou Xanana Gusmão. A sua morte seria terrível para a situção indonésia. Bin Laden teve a mesma sorte; enquanto o seu nome esteve em alta no mediatísmo mundial e particularmente como elemento aglutinador, e daí simbólico, dos movimentos anti-americanos, nada lhe foi feito. Consta-se que se sabia da sua presença por diversos locais onde facilmente poderia ter sido capturado ou abatido, mas isso, pensou a " inteligencia" da altura, seria criar um novo mito, tão ou mais "perigoso" que Ché Guevarra.
      Os Otelos de agora, são uns Cristos patetas que dizem umas coisas que até fazem sentido mas que ninguém leva a sério.
      Os Barrabás andam livres pela rua, os Romanos ocupadores chamam-se agora Troikas e são pretos carecas e teutónicos, e os consules, uns rapazinhos enfezados que abanam a cauda diante dos donos. Mas mal estes se vão embora sacam dos dentes. Uns para morder outros para rir quando tão longe como em Macau se ficam a rir com osso escondido que só eles degustam.

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    8. Uma novela... ou um novelo sem ponta por onde se lhe pegue...

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