Odeio mentiras. De morte. Os sacanas que vivem à custa delas deviam ser punidos
com prisão ou coima (adoro esta palavra...) de estalo. Não deviam passar
impunes. Os xilindrós deste país passariam a estar ainda mais sobrelotados, mas
os filhos de uma prostituta (versão académica) dos mentirosos deviam ir todos
dentro. Todos! Não merecem viver em sociedade porque não sabem estar em
sociedade.
Claro que há vários tipos de mentira, bem sei. Mas todas elas
representam uma só realidade: a incapacidade que os trastes dos mentirosos têm
de lidar com as consequências de dizer a verdade. Que pode ser bem dura, por
vezes. Do tipo: estás mais gorda, sim senhora, aliás pareces um barril e não
tarda parecerás um tonel se não páras com o caraças das porcarias que comes e se
não desalapas o rabo do sofá e não vais fazer exercício. Ou: esse corte
de cabelo faz-te parecer ainda mais horrível que o antigo, vai-me já colocar
umas extensões/peruca/gorro que olhar para ti é visão do demo! Ou ainda:
não, não és propriamente o protótipo da pessoa culta, vai-me mas é enfiar-te
na biblioteca e, nos intervalos, vê telejornais, para não cansares a vista, que
o mundo está a rolar e dava jeito que soubesses disso... Para já não falar
do: cheiras mal que tolhes, já ouviste falar de
desodorizantes?! Ou do: sim, tens mau hálito, se me desvio de ti quando
falas não é por uma questão de timidez, toma lá um smint para disfarçar,
aproveita para lavar os dentes mal possas e trata de marcar a visita anual no
dentista.
Perde-se amigos? É uma possibilidade a que não dou grande
crédito, mesmo porque estas coisas só se dizem a quem se gosta, os outros não
valem a maçada da ultrapassagem do politicamente correcto que traz conhecidos à
farta - mas amigos poucos.
Ora quando a mentira vem de alguém próximo, a
coisa passa da tristeza à vontade de utilizar o trícepe medianamente trabalhado
e espetar-lhe uma murraça que lhe partisse os dentes da frente (e os detrás
também, mas para isso teria de treinar à bicho).
Se se é apanhado de
surpresa? Nem sempre ou quase nunca, o que torna a coisa ainda mais feia. Quando
nos mentem, normalmente mentem-nos mal, porque até para ser mentiroso, em bom, é
preciso ter estaleca. E o mau mentiroso (como o são quase todos - observe-se,
como confirmação, a prestação do nosso actual governo, para não recuar ao último
e penúltimos) tem memória curta e não conta (porque é imodesto e sobranceiro)
com a capacidade de armazenamento de informação da pessoa ou pessoas a quem está
a mentir. E, mais uma vez imodestamente, garanto que há bases de dados como o
universo: permanentemente em expansão.
Para além do mais, quando nos
mentem, há sempre uma sensação de formigueiro que nos percorre. Podemos não o
poder provar, mas sabemos estar perante uma inverdade. Não sempre, claro: há
mentirosos dos bons e a esse tiro o meu chapéu e faço a devida vénia, já que uma
mentira nunca descoberta é uma verdade-verdadinha e não se fala mais nisso. Mas
quando o mentiroso é recorrente, e se torna menos cauteloso, porque já colou uma
e duas e três vezes e ainda não teve sinais de ser apanhado, elas começam a vir
umas atrás das outras.
E até seria giro de observar até onde vai o (ou
a) idiota, se a coisa não nos começasse a bulir com os nervos e se não nos
apetecesse enfiar-lhe um pano encharcado em água fétida no focinho.
Pronto,
acabou-se o divertimento. O energúmeno é apanhado. Pode não ficar a saber (se
não estivermos para nos chatear), mas foi apanhado.
E quando é apanhado, o
mentiroso não se livra de, pelo menos, passar a ser absolutamente desprezado,
achincalhado, detestado até (se nos apetecer e, por acaso, a mim raramente me
apetece, que o ódio é uma canseira) pela pessoa que lhe descobriu a
careca.
E se essa pessoa sou eu, acrescente-se-lhe o sentimento de me
sentir profundamente injustiçada pelo estupor do mentiroso, porque parte do
pré-conceito de que eu não saberei lidar com a verdade.
Não, não há
mentiras justificáveis. Há mentiras justificadas, perdoadas até.
Mas nunca,
jamais, se equipararão à verdade.
Viver em verdade será mais difícil, mas
sabe incomparavelmente melhor.
* O conceito de "coto" é da responsabilidade do Paulo Moura - e é bem mais eficaz do que o de pernoca curta.
Meu?!
ResponderEliminarÉ mentira!
ahahahahahahahahahah
Mintiroso! :)))))
EliminarAldravona! :O)
EliminarBem, comentar estes comentários é, dado tratar-se de um coto privado,totalmente descabido...
EliminarMuito te enganas, Charlie. Não há nada de privado, aqui. Tudo público, para quem quiser ler.
EliminarTambém não percebi, Charlie. Este texto aplica-se a tanta gente...
EliminarEstava só a referir-me aos COMENTÁRIOS... :)
EliminarSim, sim, Charlie. Eu também: se leste o texto até ao fim, perceberás os comentários, porque, como disse acima, não há neles o que quer que seja de privado.
EliminarDe qualquer modo, e porque os comentários, em princípio, são sobre o texto, terias sempre a hipótese de o comentar. :)
Toma lá c'O saco, Charlie.
EliminarOs comentários iniciais são só sobre o título que a Ana alterou por causa do comentário que fiz lá nas Coisas e Cenas e Tal e Coiso.