Sou profundamente republicana e dificilmente alinharia na ideia da
transferência do poder por sucessão dinástica. Mal por mal, prefiro continuar a
assistir ao desatino de quem vota desinformado do que aceitar um rei ou rainha
que o são só porque os progenitores o foram também.
Dito isto, não tenho nada
contra as famílias reais europeias, que inclusivamente me despertam simpatia
quando os encontro nas revistas-de-cabeleireiro: esta nova geração de futuros
reis e rainhas é toda giraça, sobretudo porque os herdeiros têm tido a
inteligência de cruzar o seu sangue azul com o vermelhão dos plebeus, que lhes
têm dado filhos lindos de morrer e desempoeirado as mentes.
Agora, não
entendo a histeria colectiva em volta de namoros e casamentos e gravidezes e os
trapinhos que usa a princesa X mais as plásticas que faz a Y - tratam-se os
príncipes e princesas e reis e raínhas como se os soberanos fôssemos nós e eles
tivessem de andar a toque da nossa própria caixa, o que me parece absolutamente
despropositado e quase dramático (veja-se o mal que acabou Diana de Gales ou a
anorexia nervosa da miúda da Suécia). Quero lá bem saber das amantes do hermano
aqui do lado, ou se o nórdico gosta de mulheres ou de homens - mas isso sou eu,
cuja vida do vizinho do lado, rei ou plebeu, sempre me interessou muito
poucochinho.
Mas já quero saber e muito da loucura que se gerou em redor
daquele episódio espoletado pelos locutores de rádio australianos, na semana
passada, que dizem ter levado ao suicídio da enfermeira que (burra como as casas)
julgou estar efectivamente a falar com a Rainha Elizabeth e o Príncipe Charles e
vá de se desbocar toda e falar das intimidades prenhes da Kate. A sério que o
mundo está a condenar dois profissionais que, no máximo, podem ser acusados de
mau gosto (perdoe-se-me a assertividade, mas episódios de apanhados nunca
fizeram o meu género)? A sério que os fulanos já vieram pedir desculpas à
família e afirmar que se sentem responsáveis pela morte da senhora? A sério que
alguém acredite que alguém são de espírito acabe com a própria vida por causa de
semelhante fantochada? (se acabou, teria com certeza problemas bem mais graves
com que lidar)
Às vezes, tenho a sensação de viver numa realidade
paralela, de onde não quero sair.
Coisa tão estranha, não foi? E continua a ser...
ResponderEliminarNão sei se a senhora seria burra como as casas, mas desconfio (temos a certeza) que em certas casas a pressão sobre as pessoas é muito alta.
ResponderEliminarNão sabemos em que estado psicológico a pessoa estaria e o que dentro de portas terá acontecido relativamente ao malfadado telefonema.
O que se sabe é que nas classes profissionais que estão relacionadas com a prestações de cuidados de saúde, a taxa de suicídio é mais elevada do que na população em geral com predominância para os indivíduos de sexo feminino.
Também é de nota o recurso abusivo a medicamentos e estupfaccientes, o que dizem os especialistas se deve ao elevado stress profissional a que estão sujeitos. Os turnos nocturnos, matutinos e vespertinos, conduzem a uma situação de permanente jetleg. Estamos assim perante esta coisa de termos gente a tratar da saúde a outros mas que em termos de saúde não estão bem.
É destas pessoas que se exige serem profissionais de excelência e a quem não se perdoa um erro, afinal trata-se do bem individual mais precioso e perecível: a vida.
Ela coitada, cedeu. Em algum ponto da sua estrutura psiquica já estariam as válvulas de escape apontando para a solução suicida. Bastou mais uma pequena pressãozita que noutras pessoas pouco mais faria talvez que uma risada, ou um amoque.... lá está, dependendo do estado de espirito....
É claro que a senhora estaria muito fragilizada, para chegar a tal ponto de não retorno.
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