fevereiro 01, 2013

Ulrich e o verbo aguentar

Ao xôr Ulrich já não lhe bastava ter ficado para os anais do caladinho-é-que-estavas-bem-filho, com a sua eloquentíssima resposta à pergunta sobre se os portugueses aguentavam mais austeridade, no final do ano passado: "ai aguentam, aguentam...!".
Há gente assim, ambiciosa (diz que são os que levam com isto - o que quer que isto seja - para a frente), sedenta de evolução, para quem um primeiro grau de parvoíce não é bastante.
Vai daí, resolveu hoje clarificar a coisa para os mais desatentos: afinal, não só a malta "aguenta, aguenta" como está preparada para muito mais, diz o xôr Ulrich, fundamentando a sua asserção na existência de serem humanos sem-abrigo: "se eles aguentam, nós também aguentamos".
Muito bem.
Eu, fiel ao espírito de Ulrich, vou ainda mais longe: quem diz sem abrigo diz um habitante do Burundi, que não sabe se terá, daí a umas horas, comida para pôr no bucho. Ou um prisioneiro político, capaz de aguentar todas as torturas em nome de um ideal. Se é para radicalizar a coisa, façamo-lo a sério.

Mais: eu cá gostava era de equiparar Ulrich a um pugilista, para verificar a a capacidade de "aguentar" do senhor, se sentado num banquinho à minha frente, enquanto espetava umas bolachadas naquela cara de parvo pau.

(Toda a notícia aqui)

3 comentários:

  1. Eu só vi o xôr Ulrich a dizer mais esta imbecilidade depois de ler o teu texto. E acho que estás a ser muito meiguinha com ele.

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  2. Sim.... muito meiguinha.
    Comparada com a verdadeira sova de coelhinho com que ela, qual Mónica, me brinda de vez em quando, acho que foi, bem, uma.... carícia...
    (quase um caso de amor)
    A Ana dar-lhe ia uma de pugilista e uns bons pares de tabefes.
    Mas eu, se tal me fosse permitido, não lhe tocaria com um dedo, ainda lhe concedo esse patamar de respeito em relação à dignidade alheia.

    Apenas o faria "aguentar" estoicamente a vida de um sem-abrigo.
    O tal senhor Ulrich, mais um chulo do sistema que agora até vai- pasme-se, a SER OBRIGADO A RECEBER DINHEIRO para a " capitalização" do Banco, tem a lata de dizer que estamos muito bem e que poderíamos estar no patamar dos sem abrigo, e se esses "aguentam", nós que estamos mal, temos mais é que estar contentes e não refilar!!!

    Ora, as que caiem no chão são as que se perdem, de facto. Mas se o gajo ( e os outros da sua igualha) tivesse que passar uma semanazita de férias com tudo incluido, caixote de frigorífico a fazer de saco-cama, e o do lixo como self-service gourmet e disputado por outros sem-a brigo, era capaz de vir com uma opiniãozita um pouco diferente e aviada em língua mais curta.
    Além de que a experiência de uma semana lhe acrescentaria a imprescindível "patine" de Cascão, tão do apetite do coelhinho castigador da Ana, digo, da Mónica.

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