setembro 09, 2013

A morte de mais um bombeiro: Deixou de ser Notícia

os miúdos nos incêndios...
que chatice...
Sai o modelo XYZ de circunstância.
O povo gosta disso: futebol, telenovelas e circunstância.



Há semanas que o País é flagelado  por um inferno sobre o outro que nos queima no espaço temporal que se conta já por anos.
Morreu mais uma criança a combater o fogo, (mais uma, duas, três - quem mais? - que continuavam crianças na generosidade da dádiva).
Morreram.
Queimados.
Há duas semanas este comentário teria outra leitura, a quente  queima  mais e por vezes queima mal e onde não deve.
Mas passou o tempo necessário e suficiente para olhar para trás.
Morreram pessoas a dar a vida, e perdeu  em simultâneo a vida um senhor que passou o tempo a notabilizar-se a fazer da pressão sobre a vida alheia o universo da sua filosofia de vida e por extensão, do seu negócio.
O senhor mereceu destaque e um profundo carpir que se tornou público.
Foi assim notícia.
Os outros, não.
O povo reagiu.
O povo é uma massa disforme, acéfala quase sempre, mas reagiu.
E o desconforto espreitou à janela.
Depois amansou um pouco,
A bola mudou de pé.
Mas na altura comentei e estava quente
e há coisas que ficam a queimar nas mãos.

Apareceram então os venerandos a debitar umas trivialidades a propósito.
Palavras de circunstância que tanto aplacariam os fogachos do Portas como as lágrimas do Coelho sempre e quando o tribunal o põe fora da legalidade.
O que separa os dois mundos, não são as palavras, não são os equipamentos: poucos, muitos ou inexistentes.
O que separa os dois mundos é a atitude.
De um lado quem chora de coração a morte de um dos seus, o Borges, brilhante, lindo e liberal que merece sempre muitos mais milhões do que aqueles que em vida lhes eram pagos.
Mereceu um destaque do fundo da alma quase em directo.
Morreu um grande...
D João II passou muitos, por muito menos, pelo fio da adaga, mas isso faz parte de outros contos.
Agora, a reboque de milhares de comentários, houve como que um despertar.
Afinal, quando uma menina de vinte anos morre na mesma altura da morte do grande Borges, dá-se a coincidência, o que é uma chatice.
Não que tenha feito nada de importante, só a ajudar a apagar uns fogos florestais, coisas do povo com que se entretêm: eles puxam fogo e depois apagam, é tudo lá entre eles. Ainda por cima, são ajudados pelo ESTADO com os MILHÕES, esses sim importantes e sobre os quais o outro - o Borges - tanto percebia.
Uma pena...
Faleceu...
Ah...
Quase que me esquecia, os miúdos nos incêndios...
Que chatice...
Sai o modelo XYZ de circunstância.
O povo gosta disso: futebol, telenovelas e circunstância.
Choram, riem e comovem-se
E o dia está feito...

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