janeiro 24, 2015

Gonçalo M. Tavares e os anjos

"Sempre a frase de S. Tomás de Aquino, que Maria Filomena Molder comenta num ensaio: «É preferível um anjo e uma pedra do que dois anjos».
Uma interpretação: entre a variedade e o homogéneo, a variedade.
No limite, poder-se-ia dizer que é preferível existirem no mundo um anjo e um demónio do que existirem dois anjos.
O que é estranho é que todos os fundamentalistas poderiam dizer a frase: é preferível dois anjos! Os fundamentalistas querem converter todos os seres humanos em anjos; e são eles que definem o que é um anjo. O desejo de uma sociedade uniforme, é o que devemos recear."

Gonçalo M. Tavares
Excerto do artigo «França generosa. Magnificamente resistente, Paris» na Revista «Visão» de 15 de Janeiro de 2015

3 comentários:

  1. Contrapondo, "No limite,poder-se-ia dizer que preferível existirem no mundo..." nem anjos, nem demônios, apenas seres humanos desprovidos de rótulos; nem obsedados, tampouco obsessores.

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    1. Dentro do campo do intangível, sendo Deus imenso, tão imensurável até, que sendo eu Agnóstico não cabe nos limites do meu entendimento, não entendo como pode alguém arreigar-se ao direito de fechar Deus dentro do espartilho estreito dos seus próprios limites.

      Deus é antes demais uma síntese abstracta do mundo das divindades, tão infinitas quanto infinitas possam ser as circunstâncias que os Homens particularizam como sendo os seus casos, os seus problemas e anseios, e ainda mais importantes, as suas esperanças.
      Contudo os Deuses menores não morreram, não.
      Passaram a ter outros nomes, a caber noutros altares, a ser vistos e chamados de Santos, e Santas, das inúmeras Nossas Senhoras, todas mães de Deus, mas todas Santinhas das muito particulares situações humanas: das dores, dos remédios, da conceição, etc.
      Achar-se ão estes fundamentalistas no lugar dos velhos deuses menores, de forma quiçá inconsciente, a batalhar para o deus maior, julgando-se detentores legítimos do fogo divino e acima de qualquer justiça ou sentimento de humanidade?

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