janeiro 08, 2015

je suis Charlie


Depois de tantas e tão ilustres perorações sobre a infame ocorrência pela qual, ontem, em Paris, foram assassinados quatro acérrimos defensores da liberdade de expressão e do livre arbítrio – aqui entendido no seu mais assumido significado de vida em prol da comunidade –, assassinados eles a par de vários outros seres humanos cuja única e funesta circunstância terá sido o de se encontrarem naquele local e naquela hora hedionda, pouco mais há a dizer que perturbe um silêncio reflexivo.

Mas uma coisa me parece clara por entre a espessa neblina dos interesses e hipocrisias instalados: qualquer ser humano (?) que manifeste, por pensamentos e actos, o seu tão flagrante desprezo pela vida humana alheia, apenas pode e deve esperar dos demais um pagamento na mesma moeda.

Entretanto, não é despiciendo que a Humanidade no seu todo, se me for perdoada a redundante tautologia, colha mais esta sangrenta lição que aponta para a urgência de progressiva e incessante diminuição das assimetrias que, no mundo todo, geram os pântanos insalubres onde medram tão abjectas criaturas como aquelas que ontem, em Paris, dispararam infamemente contra homens desarmados, cujo único senão era o de pensarem de modo diferente.

Vítimas estas, sim, gente como eu e tu, que acreditam que a redenção do ser humano se encontra nele próprio, na sua conjugação com os demais. 

3 comentários:

  1. Neste caso, o silêncio reflexivo não é mesmo suficiente.

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  2. "roubei" alguns parágrafos...

    abraço

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  3. O caldinho onde fervem esses fundamentalistas é o mesmo onde os Le Pen esfregam as mãos dos seus contentamentos.
    Se alguma vez a expressão "cair como mel na sopa" fez sentido, foi-o neste miserável acontecimento e esse é precisamente o que antevejo: depois do choque vem a reacção, que normalmente a quente é igualmente miserável....

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