abril 17, 2015

novo cantar da emigração

... porventura sempre igual ao que sempre foi e que nos cansa de tanto ser...

Novo cantar da emigração

refrão

parto em busco do horizonte
quero viver outro dia
bebo a vida dessa fonte
de onde brota a utopia


parto a caminho da noite
levo comigo a saudade
envolta no pano cru
tecido pelos meus pais

deixei a esperança tão longe
no alto daquele montado
onde a casa sitiada
vê os campos sem destino e o mar do nunca mais

vou a caminho do mundo
levo os olhos no futuro
solto amarras da cidade
que me tolhem junto ao cais

e sei tão pouco da vida
sei tão pouco da aventura
que as lágrimas à despedida
são o medo do jamais

na bagagem levo sonhos
visto a roupa do abandono
no bolso levo amarguras
cansadas de tantos ais

da pátria perdi o rumo
da nação perdi o pé
já me perdi dos caminhos
virei talvez nunca mais

- Jorge Castro


3 comentários:

  1. Estamos cansados de tantos ais, que já quase nem reagimos....
    A capacidade de indignação é como as lágrimas, chegam a um ponto e secam.
    É nessa altura que morre a humanidade e fica apenas o bicho que precisa de sobreviver nem que seja a comer um pedaço de alguém que se finou ali no chão.

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