abril 14, 2015

Por causa da árvore seca não vemos a floresta queimada.


Eu concedo que até pode ter sido um tanto ou quanto sensacionalista, a puxar para a lágrima fácil, mas a verdade é que a reportagem de ontem da TVI '1 hora e 35 minutos' sobre o estado da saúde nos hospitais públicos vem mostrar aquilo de que todos desconfiamos. O que é contraproducente é que a nossa raiva e incapacidade é, nesse momento, canalizada toda para essa área, a dos doentes desamparados numa urgência, dos idosos que morrem à espera de uma observação e não percebemos algo que é mais profundo. Nos últimos anos foram algumas árvores secas em riso de ruir (a educação, a justiça, a saúde, a justiça outra vez, a saúde, de novo) que nos fizeram olhar para o seu estado miserável e não reparámos que, afinal, toda a floresta está queimada e o país fede. Abjecta gente que à custa do 'não poder ser custe o que custar' nos levou até à margem sul do mediterrâneo, afundando-nos no pior do que existe no mundo subdesenvolvido. Apetece vomitar-lhes nos pés!

1 comentário:

  1. Pois isto, esta coisa que nos revolta o estômago, que rói de indignação os que ainda têm alguma dignidade, enche de satisfação o nosso Primeiro Ministro.
    Um indivíduo totalmente rendido às suas convicções ideológicas à volta das quais construiu a sua muralha, o seu espaço de conforto.
    O que está a passar-se nos Hospitais Públicos, esta desgraça, este tapar cem buracos com dez dedos, é precisamente o resultado das acções propositadas nesse sentido.
    É preciso, segundo a visão das suas ideologias, dar uma má imagem de tudo o que é público, criar a desconfiança e afastar as pessoas para outras centralidades.
    Promover todos os negócios privados no campo da saúde, os quais face à falta generalizada de rendimentos dos doentes/utentes, contam com verbas generosas do Estado retiradas do sector da saúde que em vez de tutelar, asfixia.
    Como é do conhecimento, os outsourcings, as parcerias, e demais subtilezas, não só não fizeram diminuir as despesas do Estado, mas o contrário, subiram e em todos os sectores, os serviços pioraram.
    Passos Coelho apoia, promove e defende esta política, que algures num futuro qualquer, dará frutos, segundo a sua óptica. Num país onde os sobreviventes terão os meios abundantes para alimentar todos os negócios.
    E até lá vai continuar a sua quadratura do círculo, dando para os privados os serviços públicos, pagos com os dinheiros públicos, para um público cuja falta de dinheiro, a massa crítica, faria ir os serviços tornados negócios, para o caminho da falência.
    Dói-nos ver-mos os necessitados morrer por falta de assistência, dói-nos a desqualificação criminosa, o desmantelamento progressivo dos serviços fundamentais para o funcionamento moderno de uma sociedade.
    Mas as pessoas não reagem, estão anestesiadas. Estamos a ser cozinhados em lume brando, e quando dermos por nós, já não existiremos.

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