maio 27, 2015

A sustentabilidade da Segurança Social e a camorra que tem desgovernado Portugal…

… Já lá vai para uma mão-cheia de anos.

A verdade é que, da miríade de comentadores, economistas, jornalistas e outros mentirosos e/ou vigaristas em que a nossa «comunicação», pública ou privada, é fértil, não há um só que venha a terreiro denunciar a falácia que consiste, no que às pensões de reforma se refere, em articular aquilo que se desconta hoje (vamos chamar-lhe assim para mais elementar conhecimento de todos, a começar por mim…) com aquilo que se recebe hoje.

Vejamos, todo o sistema foi desenhado no sentido único e exclusivo de que o desconto que cada indivíduo fizesse ao longo da sua vida activa, acrescido do desconto que a referida entidade patronal seja, também, obrigada a fazer, integram o que esse mesmo indivíduo irá receber aquando da sua passagem à reforma.

Obviamente, este esquema acima enunciado decorre através de regras entretanto instituídas, de suposta equanimidade, e que alguns líricos chamam «contrato social», mas contabilizando até todos aqueles que, por vícios do anterior regime (e que, em tantos casos, se prolongaram pelo regime actual, diga-se) nunca tiveram sequer oportunidade de descontar mas que, chegados ao fim da vida activa, merecem a dignidade que elementares conceitos de humanidade o 25 de Abril nos trouxe e a Declaração Universal dos Direitos do Homem nos confere.

E a verdade é que, montado o sistema, ele sempre foi saudável e sustentado, e, muito extraordinariamente, ao longo dos anos revelou-se mesmo excedentário, em termos de proventos, coisa que, bem vistas todas as circunstâncias, era motivo de orgulho nacional e, afinal, um pilar, também, da Democracia, pelo que representava de promoção de equidade e correlativas dignidade  e coesão nacionais.

Entretanto, os sucessivos governos que têm vitimado Portugal descobriram esta verdadeira «mina de açorda»: um fluxo de dinheirinho fresco, à mão de semear e sem guardiões à porta. E entrou-se no fartar vilanagem que nos é tão típico. Desde os desvios, chamemos-lhes assim,  «funcionais» a bem de orçamentos dignos de contorcionistas de circo, até investimentos em «produtos tóxicos», sem rei nem roque, eis que se esvaziam, até à insanidade, os cofres que estavam tão confortáveis.

Agora, aqui-del-rei que há muitos velhos a receber e poucos jovens a contribuir, situação alta e escandalosamente agravada pelas políticas suicidárias que têm recaído sobre o mercado do trabalho por força das quais, de súbito, aquela escandaleira se torna gritante hoje, enquanto  os seus fautores apenas esperavam essa escandaleira para daqui a uns decénios.

Carecas descobertas, há que criar um «conflito geracional» articulado com uma «crise demográfica» para «provar» que a Segurança Social, ASSIM, não é sustentável.

Ah, aí estamos todos de acordo! Ainda para mais se acrescentarmos «pormenores» como as reformas principescas atribuídos aos membros das seitas envolvidas, que em meia-dúzia de anos (por vezes, nem tanto…), se vêem a auferir reformas impensáveis para qualquer dos demais comuns mortais que descontaram uma vida inteira.   

Mas quem diz que tem de ser ASSIM? Se o Estado, através dos tais desgovernantes, delapidou indecente e ilegalmente o dinheiro que não lhe pertencia, não lhe resta mais nada senão repor o que esbanjou, pelo menos com a mesma celeridade com que acorre às maleitas de BPN, BES e quejandos.

Claro que a complexidade do assunto será bem maior, mas esta não deixa de ser a pedra de toque de todo o problema e qualquer aldrabão que o sonegue não é mais do que isso mesmo: um reles aldrabão que, por inconfessáveis desígnios, fez mão-baixa do que não lhe pertencia e, agora, ainda quer roubar (e tem conseguido…) a miséria que a imensa maioria dos reformados portugueses aufere para tapar o buraco que ele próprio criou. Será, pois, também, nada mais que um reles ladrão, para além do qualificativo acima.

Entendamo-nos: quando nos vêm com tretas de que aquilo que eu pago também se destina aos desgraçados que nunca descontaram… bem, esses desgraçados eram-no já antes de 25 de Abril e a maioria, pela ordem natural das coisas, já não aufere nada de lado nenhum. É que, vendo bem, já passaram mais de quarenta anos… e não há assim tantos idosos centenários.

Não, hoje, os novos «desgraçados» são muitos políticos e gestores e banqueiros e etc., que constituem a pandilha dos interesses instalados e que se alcandoram a chorudas reformas para as quais nunca descontaram um cêntimo, gozando despudoradamente com a nossa cara de parvos e de conformados. E, sim, é para esses que eu estou a pagar, sem certeza nenhuma de que, quando chegar a minha vez de passar à reforma, tenha qualquer coisa que se aproxime sequer daquilo que me é devido e foi anunciado. 

E, sim também, são esses mesmos os que contribuem para que as novas gerações tenham o seu futuro hipotecado, com a permanente ameaça do esgotamento da Segurança Social, pelo que são duplamente culpados.

E se vier daí alguém perorando que esta minha opinião é demagógica, que mo venha dizer na cara, pois eu ando com tanta raiva a essa gente e as eleições ainda demoram tanto que eu preciso mesmo é de um bode expiatório para descarregar frustrações e outras inquietudes…

6 comentários:

  1. Isso da acusação de demagogia é um belo pretexto para exercitar falácias...

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  2. arrochada neles, Jorge

    da-lhes forte e feio.
    apenas se perdem as que caem no chão
    abraço

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  3. entretanto o circo vai continuar

    até ser outro dia

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    1. E ainda pagamos (impostos, inclusive), para o circo continuar...

      :-/

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  4. A Segurança Social nunca foi "insustentável".
    Na verdade, e como demonstrou em -- /06/2015, na Sic Notícias, sobra inclusivamente mais de mil milhões todos os meses na contabilidade "deve/haver" dos que contribuem e dos que recebem dessa conta para onde descontaram.
    A "insustentabilidade" advém do facto de incluírem nas contas, pensões não contributivas e outros penduricalhos, além de que o Estada NÃO FAZ DESCONTOS.
    Posto isto, a raiva contra esta canalha, demagoga, ladra, e manipuladora, é cada vez maior.
    Tudo isto, a par dum certo sentimento de impotência, de sentir as consciências manipuladas, trocadas por chavões e frases feitas, ambientes de conforto criados em torno da resignação temperados com um certo medo, que ainda pode ser pior.... De braços caídos e o "não vale a pena" como primeiro pensamento.

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    1. ...diza Bagâo Felix em -- 06/2015 na Sic...
      apresento desculpas pelo lapso

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