julho 31, 2015
julho 30, 2015
«Acordo ortográfico» - Maria Clara Assunção
acompanhando a forma como as pessoas realmente falam .
Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a
mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .
Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.
É um fato que não se pronunciam .
Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?
O que estão lá a fazer ?
Aliás, o qe estão lá a fazer ?
Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade .
Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra .
Porqe é qe "assunção" se escreve com "ç" "ascensão" se escreve com "s" ?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome.
Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o "ç".
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o "ç" e o substitua por um simples "s" o qual passaria a ter um único som .
Como consequência, também os "ss" deixariam de ser nesesários já qe um "s" se pasará a ler sempre e apenas "s" .
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas,designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar.
Claro, "uzar", é isso mesmo, se o "s" pasar a ter sempre o som de "s" o som "z" pasará a ser sempre reprezentado por um "z".
Simples não é? se o som é "s", escreve-se sempre com s. Se o som é "z" escreve-se sempre com "z" .
Quanto ao "c" (que se diz "cê" mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de "q") pode, com vantagem, ser substituído pelo "q". Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras.
Nada de "k" .Ponha um q.
Não pensem qe me esqesi do som "ch".
O som "ch" será reprezentado pela letra "x".
Alguém dix "csix" para dezinar o "x"? Ninguém, pois não?
O "x" xama-se "xis".
Poix é iso mexmo qe fiqa.
Qomo podem ver, já eliminámox o "c", o "h", o "p" e o "u" inúteix, a tripla leitura da letra "s" e também a tripla leitura da letra "x".
Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex.
Não, não leiam "simpléqs", leiam simplex.
O som "qs" pasa a ser exqrito "qs" u qe é muito maix qonforme à leitura natural.
No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente .
Vejamox o qaso do som "j".
Umax vezex excrevemox exte som qom "j" outrax vezex qom "g"- ixtu é lójiqu?
Para qê qomplicar?!
Se uzarmox sempre o "j" para o som "j" não presizamox do "u" a segir à letra "g" poix exta terá, sempre, o som "g" e nunqa o som "j".
Serto?
Maix uma letra mud a qe eliminamox.
É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!
Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex?
Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?
Outro problema é o dox asentox.
Ox asentox só qompliqam !
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .
A qextão a qoloqar é: á alternativa ?
Se não ouver alternativa, pasiênsia.
É o qazo da letra "a".
Umax vezex lê-se "á", aberto, outrax vezex lê-se "â", fexado .
Nada a fazer.
Max, em outrox qazos, á alternativax .
Vejamox o "o": umax vezex lê-se "ó", outrax lê-se "u" e outrax, lê-se "ô".
Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!
qe é qe temux o "u"?
Se u som "u" pasar a ser sempre reprezentado pela letra "u" fiqa tudo tão maix fásil!
Pur seu lado, u "o" pasa a suar sempre "ó", tornandu até dexnesesáriu u asentu.
Já nu qazu da letra "e", também pudemux fazer alguma qoiza : quandu soa "é", abertu, pudemux usar u "e".
U mexmu para u som "ê" .
Max quandu u "e" se lê "i", deverá ser subxtituídu pelu "i".
I naqelex qazux em qe u "e" se lê "â" deve ser subxtituidu pelu "a".
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.
Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u "til" subxtituindu, nus ditongux, "ão" pur "aum", "ães" - ou melhor "ãix" - pur "ainx" i "õix" pur "oinx".
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.
Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu
mundu.
Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?...
I porqe naum?...
Maria Clara Assunção
Blog «A Biblioteca de Jacinto»
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(des)acordo ortográfico,
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julho 28, 2015
«Dívidas» - Crónica de José Luís Peixoto
Quanto devemos aos bombeiros voluntários? Enquanto estamos aqui, preocupados com os nossos assuntos, a tratarmos daquilo que nos diz respeito, eles estão disponíveis para serem arrancados da sua vida e colocados à frente de chamas, incêndios que não foram ateados por eles, a arrasarem propriedades que não lhes pertencem. É domingo à tarde, por exemplo, e, de repente, estão num carro a alta velocidade, arrastam uma sirene desesperada ao longo do caminho. Encontram aflição quando chegam, desenrolam uma mangueira áspera e respiram golfadas de fumo que lhes mascarra as faces. Passam horas assim e, no final de tudo, a sua recompensa será assistir à desolação de um campo negro e, talvez, beber de um pacote de leite oferecido por alguém.
Há bombeiros voluntários que morrem durante esse trabalho. Quanto devemos à sua memória? Quanto devemos às famílias desses bombeiros mortos? Agora, onde estiverem, sentem a sua ausência em todos os dias. São pais, filhos, maridos, mulheres, irmãos que imaginam como seria a vida daqueles que perderam, imaginam-nos com idades que nunca chegarão a ter.
Quanto devemos aos técnicos do INEM? Quanto devemos aos enfermeiros? Quanto devemos às pessoas que recebem os doentes nas urgências dos hospitais? São poucos os que têm paciência de preencher os papéis, mas os papéis precisam de ser preenchidos.
Quanto devemos aos professores? Não sabem onde vão trabalhar para o ano, não sabem se terão trabalho. Quanto devemos aos jovens em cubículos de call-centers? Quanto devemos aos estagiários não remunerados? Quanto devemos aos vendedores com excesso de habilitações? Quanto devemos aos desempregados?
Quanto devemos aos músicos? Depois de aprenderem a tocar, passam anos a fazê-lo de borla para nosso divertimento e, garantem-lhes, para mostrar o seu trabalho. Ao fim da noite, entre o público, poucos considerarão trabalho aquilo que eles fizeram. E quanto devemos aos bailarinos? Quanto devemos às bailarinas? Quanto devemos às atrizes? De repente, colocam-nas no centro de todos os olhares, de todos os julgamentos, a troco de uma oportunidade. Uma oportunidade de quê? Uma oportunidade de uma oportunidade. Serão velhas e terão a mesma maquilhagem. Quanto devemos a todos os que trabalham para que exista teatro e cinema neste país?
Quanto devemos aos desportistas das chamadas modalidades amadoras? Levam o equipamento na mochila, vão para o treino depois do trabalho, chegam tarde a casa. Os fins-de-semana são pequenos, acabam depressa. E quanto devemos aos atletas paralímpicos? Com muita probabilidade, quando os jogos forem notícia, havemos de contar medalhas de modalidades que desconhecemos e teremos moral para exigir; diremos cinco ou seis, sem nos lembrarmos que, atrás de cada uma, está o esforço contínuo de alguém durante anos.
Já que falamos nisso, quanto devemos àqueles que têm mobilidade reduzida e que não podem sair de casa? Não há rampas, há carros estacionados em cima de passeios com buracos, não há dinheiro para comprar a cadeira de rodas adequada. São prisioneiros sem culpa formada, sem acusação, sem julgamento. Foram condenados a prisão domiciliária. Não há data marcada para o fim da sua pena.
Quanto devemos aos guardas prisionais? Estão agora atrás de muros, rodeados de ameaças. Quanto devemos aos homens do lixo? Queixamo-nos do barulho que fazem quando recolhem o nosso próprio lixo. Não queremos ser incomodados, estamos a repousar. Quanto devemos às mulheres-a-dias? Havemos de culpá-las se desaparecer alguma coisa. Quanto devemos aos coveiros?
E quanto devemos aos credores internacionais? Definiram juros e emprestaram aquilo de que não precisavam a outros que estavam aqui e que se retiraram na hora de pagar. Ficámos cá nós, não temos para onde ir. A propósito, quanto devemos àqueles que emigraram? Deixaram a família contra a sua vontade. Vimo-los partir. Sentimos a sua falta.
Afinal, quanto devemos aos bancos e às instituições económicas internacionais? Nunca lidámos com elas. Os acordos foram feitos em nosso nome mas, tantas vezes, sem o nosso conhecimento. Enquanto isso acontecia, estávamos a viver, acreditando que contribuíamos para a construção, dignidade e prosperidade do país a que pertencemos. Quanto devemos a nós próprios?
Não se trata de não pagar as nossas dívidas, trata-se de saber a quem devemos.
José Luís Peixoto
in revista Visão (23 Julho 2015)
Há bombeiros voluntários que morrem durante esse trabalho. Quanto devemos à sua memória? Quanto devemos às famílias desses bombeiros mortos? Agora, onde estiverem, sentem a sua ausência em todos os dias. São pais, filhos, maridos, mulheres, irmãos que imaginam como seria a vida daqueles que perderam, imaginam-nos com idades que nunca chegarão a ter.
Quanto devemos aos técnicos do INEM? Quanto devemos aos enfermeiros? Quanto devemos às pessoas que recebem os doentes nas urgências dos hospitais? São poucos os que têm paciência de preencher os papéis, mas os papéis precisam de ser preenchidos.
Quanto devemos aos professores? Não sabem onde vão trabalhar para o ano, não sabem se terão trabalho. Quanto devemos aos jovens em cubículos de call-centers? Quanto devemos aos estagiários não remunerados? Quanto devemos aos vendedores com excesso de habilitações? Quanto devemos aos desempregados?
Quanto devemos aos músicos? Depois de aprenderem a tocar, passam anos a fazê-lo de borla para nosso divertimento e, garantem-lhes, para mostrar o seu trabalho. Ao fim da noite, entre o público, poucos considerarão trabalho aquilo que eles fizeram. E quanto devemos aos bailarinos? Quanto devemos às bailarinas? Quanto devemos às atrizes? De repente, colocam-nas no centro de todos os olhares, de todos os julgamentos, a troco de uma oportunidade. Uma oportunidade de quê? Uma oportunidade de uma oportunidade. Serão velhas e terão a mesma maquilhagem. Quanto devemos a todos os que trabalham para que exista teatro e cinema neste país?
Quanto devemos aos desportistas das chamadas modalidades amadoras? Levam o equipamento na mochila, vão para o treino depois do trabalho, chegam tarde a casa. Os fins-de-semana são pequenos, acabam depressa. E quanto devemos aos atletas paralímpicos? Com muita probabilidade, quando os jogos forem notícia, havemos de contar medalhas de modalidades que desconhecemos e teremos moral para exigir; diremos cinco ou seis, sem nos lembrarmos que, atrás de cada uma, está o esforço contínuo de alguém durante anos.
Já que falamos nisso, quanto devemos àqueles que têm mobilidade reduzida e que não podem sair de casa? Não há rampas, há carros estacionados em cima de passeios com buracos, não há dinheiro para comprar a cadeira de rodas adequada. São prisioneiros sem culpa formada, sem acusação, sem julgamento. Foram condenados a prisão domiciliária. Não há data marcada para o fim da sua pena.
Quanto devemos aos guardas prisionais? Estão agora atrás de muros, rodeados de ameaças. Quanto devemos aos homens do lixo? Queixamo-nos do barulho que fazem quando recolhem o nosso próprio lixo. Não queremos ser incomodados, estamos a repousar. Quanto devemos às mulheres-a-dias? Havemos de culpá-las se desaparecer alguma coisa. Quanto devemos aos coveiros?
E quanto devemos aos credores internacionais? Definiram juros e emprestaram aquilo de que não precisavam a outros que estavam aqui e que se retiraram na hora de pagar. Ficámos cá nós, não temos para onde ir. A propósito, quanto devemos àqueles que emigraram? Deixaram a família contra a sua vontade. Vimo-los partir. Sentimos a sua falta.
Afinal, quanto devemos aos bancos e às instituições económicas internacionais? Nunca lidámos com elas. Os acordos foram feitos em nosso nome mas, tantas vezes, sem o nosso conhecimento. Enquanto isso acontecia, estávamos a viver, acreditando que contribuíamos para a construção, dignidade e prosperidade do país a que pertencemos. Quanto devemos a nós próprios?
Não se trata de não pagar as nossas dívidas, trata-se de saber a quem devemos.
José Luís Peixoto
in revista Visão (23 Julho 2015)
julho 21, 2015
Esquemas milionários (BR e PT)
A matéria abaixo, foi extraída do jornal público.pt, desta data, e vem reforçar o caos político no Brasil. A Operação Lava-Jato, também poderia se chamar Operação Lava-A380, (referência ao maior avião do mundo), dada a dimensão da corrupção no Brasil, nos últimos anos, mais precisamente no governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Ali Babá e os 40 Ladrões são aprendizes, diante de tantos mestres na arte de surrupiá o Erário.
Todos os dias são investigadas novas evidências de desvios de recursos, propinas, ou no linguajar popular, falcatruas. São somas inimagináveis engordando as contas bancárias de políticos, donos de empreiteiras, governantes etc etc. Um esquema que vem se perpetuando, com a nítida certeza de que nunca seriam descobertos.
Não sabemos qual o sabor da pizza que essa sujeira toda resultará. Talvez o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público não dê em nada. Mas uma coisa é certa, e sem querer plagiar um certo ex-presidente: nunca, na história deste País, vimos tantos poderosos atrás das grades. Nunca!
No episódio do Mensalão, outro dos escândalos do PT, aqueles indiciados e condenados foram soltos após cumprida(?) quase nada da tal pena. Uma pena!
Prisão domiciliar. Alegaram desconforto com as acomodações prisionais. Adoeceram. Entraram em depressão. Afinal, a comida servida no caos do Sistema Prisional Brasileiro - com sua desestrutura -, realmente não é nenhum modelo de ressocialização, não é muito adequada a esses... nobres hóspedes, de "alto nível".
Será que deveria ter, no Brasil, cadeia para quem rouba, por exemplo, uma galinha, e cadeia para pratica esses crimes envolvendo somas vultosas?
Por falar nisso, o tal Pizzollato, ex-diretor do Banco do Brasil, preso na Itália, disse que prefere morrer a ser extraditado ao Brasil, para ficar preso em uma prisão, no País onde foi denunciado e condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro no mesmo processo conhecido como Escândalo do Mensalão. O advogado dele alega que as prisões brasileiras não têm a segurança adequada para "abrigar" o nobre cliente. Ora, ora! Sabia das condições do sistema prisional no Brasil, que não é segredo para ninguém. Mas isso nunca o inibiu à prática dos crimes. Então, agora tem receio da nova morada?
Mas voltemos a mais um episódio da CORRUPÇÃO, que hoje foi estampado no "público.pt" . Infelizmente, a CORRUPÇÃO é uma praga, que parece não ter cura.
"Justiça investiga negócio de venda da Vivo à Telefónica e compra da Oi
No quadro da colaboração com as autoridades brasileiras, o
Ministério Público quer apurar o envolvimento de ex-governantes,
accionistas e gestores num negócio de 2010 que envolveu 7,5 mil milhões
de euros.
O Ministério Público está já a investigar o envolvimento político no
negócio de venda à Telefónica das acções da PT na brasileira Vivo e o
cruzamento de posições accionistas com a operadora brasileira Oi, no
qual interveio José Dirceu, o principal rosto do caso Mensalão e agora atingido pela Operação Lava Jato.
Suspeitas de benefícios financeiros, no valor de várias dezenas de
milhões de euros, concedidos a governantes, accionistas e quadros de
topo das operadoras podem estar na origem das averiguações.
“As investigações relacionadas com os temas abordados no email encontram-se
em segredo de justiça.” Esta foi a resposta do Ministério Público a
três perguntas concretas do PÚBLICO. Uma questionava se o MP "está
a investigar os movimentos financeiros que envolveram gestores da PT e
governantes portugueses e brasileiros, nomeadamente em 2010 durante o
negócio de venda das acções da Vivo (50%) detidas pela PT à empresa
espanhola Telefonica (que pagou 7500 milhões de euros) e consequente
entrada da brasileira Oi na PT e da PT na Oi". Referia-se aqui que
"informações recolhidas pelo PÚBLICO apontam para movimentos de verbas
'extra' que podem ter rondado 200 milhões de euros". Este foi um negócio de contornos complexos que se concretizou num tempo recorde: menos de um mês.
A
segunda pergunta do PÚBLICO visava esclarecer se o MP confirmava ter
recebido um pedido de colaboração das autoridades policiais brasileiras
para apurar a abrangência dos contactos que se estabeleceram entre 2005 e
2011 entre os círculos próximos” do ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio
Lula da Silva e os do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Há
precisamente cinco anos, Sócrates e Lula da Silva falaram várias vezes
ao telefone. As conversas decorreram entre o final de Junho e o final de
Julho e destinaram-se a encontrar uma solução para ultrapassar o
impasse provocado pelo veto de Sócrates à venda, à Telefónica, das
acções da PT na brasileira Vivo.
A 25 de Junho de 2010 o
ex-primeiro-ministro faz saber que deu orientações à Caixa Geral de
Depósitos, com 8% da PT, para, na assembleia geral de 30 de Junho, votar
contra o negócio. Isto desencadeia um braço-de-ferro com a gestão da PT
(Zeinal Bava e Henrique Granadeiro), alinhada com Ricardo Salgado, que
liderava o BES, o principal accionista da operadora com 10% do capital.
Uma das raras vezes em que Salgado (o principal visado nas inquirições
ao GES/BES) esteve de costas voltadas para Sócrates.
O antigo chefe de Governo justificava a sua posição com uma tese
antiga: “o interesse estratégico" do Brasil, a “dimensão e escala da
PT”, garantir que Portugal tinha no sector económico das TIC "uma
empresa com uma dimensão internacional que permita desenvolver
engenharia, projecto industrial, inovação, concentrar investimentos na
área da I&D Investigação & Desenvolvimento)”. E, em consonância, na reunião de 30 de Junho jogou mesmo com a golden share ("acção
de ouro", com poder de decisão) e travou a operação. Só restava ao BES,
à Ongoing (10%), à Visabeira (2%) e à Telefónica (9,7%) encontrarem
para a PT uma solução brasileira alternativa à Vivo. O que é
desencadeado num quadro de urgência para o BES (e para a Ongoing
endividada), a enfrentar um aperto financeiro na sequência da crise de
2007. E hoje sabe-se que desde 2008 que a ESI, a cabeça do GES, tinha um
buraco nas contas de 1300 milhões de euros ocultado do Banco de
Portugal até Novembro de 2013, cerca de nove meses antes do BES ser
intervencionado.
Começou então uma corrida contra o tempo
para contornar o bloqueio político, o que exigiu um trabalho grande de
bastidores. A solução foi rapidamente encontrada em Brasília, que
sugeriu à PT que avaliasse a Oi (mais forte no segmento fixo do que no móvel) como potencial parceira. Idealizada
como um grande operador brasileiro, a Oi necessitava de consolidar uma
estrutura accionista alavancada no banco estatal brasileiro Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por outro lado, a
Oi aparecia como uma resposta à exigência de Sócrates de que a PT se
mantivesse com presença no Brasil.
Uma das figuras que apareceu a
promover os contactos entre portugueses, brasileiros e espanhóis foi
José Dirceu, que foi chefe da Casa Civil do ex-Presidente da República
Lula da Silva e acabou detido em 2012, acusado de ser “o cabecilha” do caso Mensalão.
Dirceu (José Dirceu Oliveira e Silva), o arquitecto da campanha que
levou Lula da Silva ao Palácio do Planalto em 2003, prestava serviços a
empresas, em particular às envolvidos em grandes negócios a necessitar
de avales políticos, uma acção que decorria através das sociedades de
advocacia e de consultoria, designadas Oliveira e Silva, JD Consultores e
JC&S ainda no activo."
Chama a Mamãe
A cada vez mais misteriosa Ilha da Páscoa
Há um tempo a esta parte publiquei um post sobre a misteriosa Ilha da Páscoa.
Referia então, numa evocação metafórica, a pulsão extraordinária que teria levado os habitantes daquela pequena porção de terra firme a produzir as gigantescas estátuas. Feito absolutamente notável e ímpar, mas que ao que tudo indicava à altura do post, os teria conduzido à desgraça.
Isolada do resto do mundo, o empenho contínuo tanto para a produção, mas principalmente para o transporte das pesadíssimas obras de arte, teria, ao que se pensa, dado origem a uma catástrofe ecológica. Rolos feitos com milhares de árvores sacrificadas de forma contínua teriam levado à desertificação progressiva. Desprovida da cobertura vegetal e sem caça, nem para fazer pequenas embarcações de pesca havia madeira aquando da chegada dos Europeus àquela ilha.
A catástrofe ecológica e os parcos recursos restantes teriam levado à luta fraticida entre as diversas tribos em que a população estava dividida conduzindo-os até ao limite canibalismo.
Pondo de lado os considerandos e comparações em jeito de parábola, com determinados grandes projectos do nosso mundo moderno e os enormes riscos a eles associados a que nesse post fazia então referência, limito-me "apenas" a expressar a mais profunda surpresa e admiração pelo trabalho efectuado pelos antepassados (?) dos Rapa Nui.
De facto, as estátuas, das quais apenas se conheciam as cabeças, são na verdade muito maiores e mais intrigantes do que se pensava.
Por baixo a
terra esconde a continuação das cabeças, corpos inteiros talhados na pedra da ilha, oitocentos e oitenta e sete enormes estátuas, que são atribuídas a umas poucas centenas, talvez um ou dois milhares, de habitantes....
Não podemos deixar de nos interrogarmos profundamente. Algo não está bem explicado. Se as cabeças só por si e dados os parcos meios, já são difíceis de cortar, talhar e transportar, os corpos inteiros, obviamente e por maioria de razões, ainda mais perplexidade nos suscitam. O intervalo de tempo a que os investigadores atribuíam a construção e instalação, ainda mais inverosímil se apresenta, agora que se descobriu o tamanho final das peças. Algures entre os Séc. XII e XIV, um povo chegado à ilha por pirogas depois de deambular milhares de quilómetros perdidos no oceano, teria de repente tido uma enorme vontade de fazer estátuas cada vez maiores...
Não sei, mas agora com esta descoberta, a espectativa é enorme. As petrografias que os corpos das estátuas apresentam são decerto a chave para o
enigma, assim se decifre o que a sua escrita encerra.
Não deixa de ser irónico sermos regularmente confrontados com explicações e decifrações de mistérios, quer sejam sobre as pirâmides do Egipto, quer sobre estas igualmente intrigantes produções do engenho Humano.
Sempre que um iluminado e certamente sabedor académico explica de forma certinha, tudo o que nos enchia as mentes de mistério, eis que o próprio mistério avança silencioso mais um passo e se encarrega de renovar a sua carga .
Quem terão sido os verdadeiros construtores daquelas estátuas?
De que meios disporiam?
O que significam de verdade?
O que sabem os RapaNui sobre elas? O que contam as suas lendas?
Onde estão as respostas e que lições mais tem elas para dar-nos?
julho 13, 2015
a Grécia e a (des)vergonha de (in)certa Europa
O que uma (in)certa Europa anda a fazer com a nação grega é algo que deverá envergonhar qualquer europeu.
E você, também se sente (in)certo ou envergonhado?
julho 08, 2015
Viva a Grécia!
julho 03, 2015
«Todos os dias mais pobres mas com a ideia de que todos os dias estamos mais ricos» - Carlos Martins
Ora aqui está uma recomendação que deveria ter honras de publicação e divulgação exaustiva em todos os meios de comunicação social.
Todos nós, mas especialmente os nossos filhos, netos, bisnetos e em alguns casos trinetos…, precisamos de saber por exemplo o que quererá dizer “default”, “rating”, “contágio”… e milhões de outros termos que têm vindo a ser banalizados no linguajar dos nossos experts nas mais diversas áreas da alta finança!
Contudo, acho que será mais simples ler pequenos artigos como o que está no Expresso do último sábado “Quem ganhou com os grandes negócios” ou passear os olhos pelos “Os privilegiados” ou “Os facilitadores” do Gustavo Sampaio, para se compreender muito daquilo que nos tem deixado todos os dias mais pobres mas com a ideia de que todos os dias estamos mais ricos.
Carlos Martins
Todos nós, mas especialmente os nossos filhos, netos, bisnetos e em alguns casos trinetos…, precisamos de saber por exemplo o que quererá dizer “default”, “rating”, “contágio”… e milhões de outros termos que têm vindo a ser banalizados no linguajar dos nossos experts nas mais diversas áreas da alta finança!
Contudo, acho que será mais simples ler pequenos artigos como o que está no Expresso do último sábado “Quem ganhou com os grandes negócios” ou passear os olhos pelos “Os privilegiados” ou “Os facilitadores” do Gustavo Sampaio, para se compreender muito daquilo que nos tem deixado todos os dias mais pobres mas com a ideia de que todos os dias estamos mais ricos.
Carlos Martins
Crise da dívida grega - Em que campo está a bola?
- Onde está a bola? Os credores dizem que está no campo da Grécia e Tsipras diz que está no campo deles.
- Estão a ouvir-me? A bola está aqui!
Cartoon de Ilias Makris para o jornal «I Kathimerini», de Atenas.
Via VoxEurope
«O contrassenso comum» - Boaventura Sousa Santos
As privatizações podem ou não gerar eficiência. Quase sempre se traduzem em aumentos de tarifas; e as de serviços essenciais traduzem-se na exclusão social dos cidadãos que não podem pagar os serviços.
Em 1926, o poeta irlandês W. B. Yeats lamentava: "Falta convicção aos melhores, enquanto os piores estão cheios de apaixonada intensidade." Esta afirmação é mais verdadeira hoje do que então. Admitamos por hipótese que os melhores no plano pessoal, moral, social e político são a maioria da população e que os piores são uma minoria. Como vivemos em democracia, não nos devia preocupar o facto de os piores estarem cheios de convicções que, precisamente por serem adotadas pelos piores, tenderão a ser perigosas ou prejudiciais para o bem-estar da sociedade. Afinal, em democracia são as maiorias quem governa.
A verdade é que hoje se vai generalizando a ideia de que as convicções que dominam na sociedade são as apaixonadamente subscritas pelos piores, e que isso é a causa ou a consequência de serem os piores quem governa. A conclusão de que a democracia está sequestrada por minorias poderosas parece inescapável. Mas se aos melhores falta convicção, provavelmente também eles não estão convictos de que esta conclusão seja verdadeira, e por isso ser-lhes-á difícil mobilizarem-se contra tal sequestro da democracia. Torna-se, pois, urgente averiguar donde vem no nosso tempo a falta de convicção dos melhores.
A falta de convicção é a manifestação superficial de um mal-estar difuso e profundo. Decorre da suspeita de que o que se difunde como verdadeiro, evidente e sem alternativa, de facto não o é. Dada a intensidade da difusão, torna-se quase impossível ao cidadão comum confirmar a suspeita e, na ausência de confirmação, os melhores ficam paralisados na dúvida honesta. A força desta dúvida manifesta-se como aparente falta de convicção.
Para confirmar a suspeita teria o cidadão comum de recorrer a conhecimentos a que não tem acesso e que não vê divulgados na opinião publicada, porque também esta está ao serviço dos piores. Vejamos algumas das convicções que se vão tornando senso comum (em itálico) e que, por serem ilusórias e absurdas (comentário em redondo), constituem o novo contrassenso comum:
A desigualdade social é o outro lado da autonomia individual. Só é autónomo quem tem condições para o ser. Para o desempregado sem subsídio, o pensionista empobrecido ou o trabalhador precário, a autonomia é um insulto cruel.
O Estado é por natureza mau administrador. Muitos Estados europeus dos últimos 50 anos provam o contrário. O Estado só é mau administrador quando os que o controlam conseguem impunemente pô-lo ao serviço dos seus interesses particulares por via da corrupção e do abuso de poder.
As privatizações permitem eficiência que se traduz em vantagens para os consumidores. As privatizações podem ou não gerar eficiência. Quase sempre se traduzem em aumentos de tarifas, seja dos transportes, da água ou da eletricidade. As privatizações de serviços essenciais traduzem-se na exclusão social dos cidadãos que não podem pagar os serviços. Se o privado fosse mais eficiente, as parcerias público-privadas ter-se-iam traduzido em ganhos para o interesse público, o contrário do que tem acontecido.
A distinção entre esquerda e direita já não faz sentido porque os imperativos globais da governação são incontornáveis e porque a alternativa a eles é o caos social. Enquanto houver desigualdade e discriminação sociais (e estas têm vindo a aumentar), a distinção faz todo o sentido. Setores importantes da esquerda (partidos socialistas) caíram na armadilha deste contrassenso comum, e é urgente que se libertem dela. Os "imperativos globais" só não permitem alternativas até serem obrigados a isso pela resistência organizada dos cidadãos.
A política de austeridade visa sanear a economia, diminuir a dívida e pôr o País a crescer. Nos últimos 30 anos, nenhum país sujeito ao ajustamento estrutural conseguiu tais objetivos. Os resgates têm sido feitos no exclusivo interesse dos credores, muitos deles especuladores sem escrúpulos.
Portugal é um caso de sucesso; não é a Grécia. O maior insulto aos melhores (a maioria) do nosso país. Basta ler os relatórios do FMI para saber o que nos está reservado depois de a Grécia ser saqueada. Os cofres cheios são para esvaziar ao primeiro espirro especulativo.
Boaventura Sousa Santos
Artigo de opinião na revista «Visão» disponível aqui.
Em 1926, o poeta irlandês W. B. Yeats lamentava: "Falta convicção aos melhores, enquanto os piores estão cheios de apaixonada intensidade." Esta afirmação é mais verdadeira hoje do que então. Admitamos por hipótese que os melhores no plano pessoal, moral, social e político são a maioria da população e que os piores são uma minoria. Como vivemos em democracia, não nos devia preocupar o facto de os piores estarem cheios de convicções que, precisamente por serem adotadas pelos piores, tenderão a ser perigosas ou prejudiciais para o bem-estar da sociedade. Afinal, em democracia são as maiorias quem governa.
A verdade é que hoje se vai generalizando a ideia de que as convicções que dominam na sociedade são as apaixonadamente subscritas pelos piores, e que isso é a causa ou a consequência de serem os piores quem governa. A conclusão de que a democracia está sequestrada por minorias poderosas parece inescapável. Mas se aos melhores falta convicção, provavelmente também eles não estão convictos de que esta conclusão seja verdadeira, e por isso ser-lhes-á difícil mobilizarem-se contra tal sequestro da democracia. Torna-se, pois, urgente averiguar donde vem no nosso tempo a falta de convicção dos melhores.
A falta de convicção é a manifestação superficial de um mal-estar difuso e profundo. Decorre da suspeita de que o que se difunde como verdadeiro, evidente e sem alternativa, de facto não o é. Dada a intensidade da difusão, torna-se quase impossível ao cidadão comum confirmar a suspeita e, na ausência de confirmação, os melhores ficam paralisados na dúvida honesta. A força desta dúvida manifesta-se como aparente falta de convicção.
Para confirmar a suspeita teria o cidadão comum de recorrer a conhecimentos a que não tem acesso e que não vê divulgados na opinião publicada, porque também esta está ao serviço dos piores. Vejamos algumas das convicções que se vão tornando senso comum (em itálico) e que, por serem ilusórias e absurdas (comentário em redondo), constituem o novo contrassenso comum:
A desigualdade social é o outro lado da autonomia individual. Só é autónomo quem tem condições para o ser. Para o desempregado sem subsídio, o pensionista empobrecido ou o trabalhador precário, a autonomia é um insulto cruel.
O Estado é por natureza mau administrador. Muitos Estados europeus dos últimos 50 anos provam o contrário. O Estado só é mau administrador quando os que o controlam conseguem impunemente pô-lo ao serviço dos seus interesses particulares por via da corrupção e do abuso de poder.
As privatizações permitem eficiência que se traduz em vantagens para os consumidores. As privatizações podem ou não gerar eficiência. Quase sempre se traduzem em aumentos de tarifas, seja dos transportes, da água ou da eletricidade. As privatizações de serviços essenciais traduzem-se na exclusão social dos cidadãos que não podem pagar os serviços. Se o privado fosse mais eficiente, as parcerias público-privadas ter-se-iam traduzido em ganhos para o interesse público, o contrário do que tem acontecido.
A distinção entre esquerda e direita já não faz sentido porque os imperativos globais da governação são incontornáveis e porque a alternativa a eles é o caos social. Enquanto houver desigualdade e discriminação sociais (e estas têm vindo a aumentar), a distinção faz todo o sentido. Setores importantes da esquerda (partidos socialistas) caíram na armadilha deste contrassenso comum, e é urgente que se libertem dela. Os "imperativos globais" só não permitem alternativas até serem obrigados a isso pela resistência organizada dos cidadãos.
A política de austeridade visa sanear a economia, diminuir a dívida e pôr o País a crescer. Nos últimos 30 anos, nenhum país sujeito ao ajustamento estrutural conseguiu tais objetivos. Os resgates têm sido feitos no exclusivo interesse dos credores, muitos deles especuladores sem escrúpulos.
Portugal é um caso de sucesso; não é a Grécia. O maior insulto aos melhores (a maioria) do nosso país. Basta ler os relatórios do FMI para saber o que nos está reservado depois de a Grécia ser saqueada. Os cofres cheios são para esvaziar ao primeiro espirro especulativo.
Boaventura Sousa Santos
Artigo de opinião na revista «Visão» disponível aqui.
julho 02, 2015
da Grécia a Portugal sobra-nos mar
- Já cá se sabe que um poema não muda nada, é como respirar, que pouco muda. No entanto, por isso vivemos e somos. E dos nossos «governantes» nem direi que envergonham, pois estaria a gerir expectativas que nem tenho. Antes mesmo de saber, então, qual o resultado do próximo referendo na Grécia, aqui deixo o meu voto:
da Grécia a Portugal sobra-nos mar
entre extremos de uma Europa perturbada
e se Homero fez divino o ser humano
já Camões diz da pátria sua amada
esse mar que nos une e acrescenta
que é helénico e também é lusitano
e que pode ser de glória a mais violenta
um abraço que é de Sol – um tudo ou nada
já o Zeus do Olimpo brande o raio
Endovélico – ar e fogo – vem à liça
que um povo não se fez p’ra ser lacaio
de quem vive da usura e da injustiça
mesmo quando em seu seio a vil traição
mascarada e vil e vil e mascarada
nos disser que há mais ventos de feição
que nos honre a nossa voz – gume de espada –
decepando as mentiras mais hediondas
chegará de Pérgamo a tempestade
ou de Sagres no ribombo de altas ondas
o mar alto onde vive a liberdade.
- Jorge Castro
02 de Julho de 2015
julho 01, 2015
será que a Humanidade ainda é capaz
de encontrar a redenção?
Greek Bailout Fund
CrowdFunding a bailout fund for Greece. By the people, for the people.
Donativos para salvar a Grécia
Ver a iniciativa em https://www.indiegogo.com/projects/greek-bailout-fund#/story
... e, se estiverem de acordo, apoiem e divulguem!
Eu já lá estou!
As demagogias servidas sempre à Hora Nobre
Agora que estamos neste turbilhão a reboque das Grécias deste mundo, e sujeitos às lavagens de cérebro à hora nobre, em que misturamos a sopinha do jantar com os temperos de retórica e argumentos, lá vem mais uma vez esta figura destilar a TINA para cima das nossas angústias e preocupações. E a culpa, a enorme culpa que nos faz expiar até à última lágrima, até ao último tostão, é sempre do que veio de trás, que deu cabo de tudo e que estes agora estão a endireitar....
E é vê-lo e ouvi-lo a ler o tele-ponto inchado de vaidade e certezas, de pose alinhada e frases decisivas. Figura diferente faz quando é posto perante o contraditório e opiniões diferentes como se pode de vez em quando assistir.
Duas enormidades deu-as no dia 30 de Junho, Sic Notícias, em confronto com Pedro Marques Lopes, em debate sobre a situação da Grécia, quando surgiu o propósito do número de empresas que em consequência das receitas da Troika fecharam as portas, assim como do número de desempregados e aumento de pobreza:
1: As empresas que fecharam, com o consequente desemprego, tiveram de fechar, porque eram a parte da economia que não existia! Ou seja, eram a cara da dívida!
2: Os números são mais importantes do que as pessoas. Primeiro veio o número e só depois é que chegaram as pessoas.!
Extraordinário! Para quem ainda alimenta alguma ilusão quanto ao que vai na cabeça deste(s) senhor(es), eis que as patinhas de veludo e a conversa mansa que nunca me enganou, põe as garras, de unhacas afiadas, de fora.
Com a Grécia na situação em que se encontra, depois dos governos Gregos anteriores terem feito tudo o que a Troika exigia, eis que mais uma vez se invertem os dados, e os que deram o assentimento a todas as tropelias que arruinaram o País são os bons , ...e veio o Siriza estragou tudo.....
Mas como para a demagogia há sempre os factos, eis que sem escrever mais uma linha, transcrevo o que abaixo se pode consultar, copiado desta fonte, que embora faça algumas considerações marginais com cuja concordância se pode colocar em questão, relata no essencial o factual do nosso universo de dados.
1. NÂO TINHAMOS DINHEIRO PARA SALÁRIOS
nenhum país do mundo cuja oposição impeça o pedido de empréstimos terá dinheiro para pagar os seus salários…NENHUM, nem Alemanha, nem china, nem estados unidos.
o senhor comentador “esquece-se” de dizer em que momento o ministro das finanças disse isso. Foi depois do PSD impedir o PEC4 e quando os juros para empréstimos já ia em 7% .esse “esquecimento” não é isenção…é manipulação de massas. O PSD queria subir ao poder, e tudo valia a pena, colocando o FMI e destruindo Portugal
nenhum país do mundo cuja oposição impeça o pedido de empréstimos terá dinheiro para pagar os seus salários…NENHUM, nem Alemanha, nem china, nem estados unidos.
o senhor comentador “esquece-se” de dizer em que momento o ministro das finanças disse isso. Foi depois do PSD impedir o PEC4 e quando os juros para empréstimos já ia em 7% .esse “esquecimento” não é isenção…é manipulação de massas. O PSD queria subir ao poder, e tudo valia a pena, colocando o FMI e destruindo Portugal
2. O AUMENTO DA DIVIDA DESTE GOVERNO É HERANÇA DE SOCRATES
O comentador “esquece-se” de dizer qual a percentagem dessa herança de Sócrates no aumento da divida? Também se esquece de qual a percentagem de Santana, Cavaco, e os outros governos? Sabem quem foi o único governo a baixar os gastos do estado em relação ao PIB na historia da democracia? Sabem quando crescemos mais nos últimos 20 anos? sabem quando houve mais progressos na saúde, no ensino, na reforma da Segurança Social?
As alterações de suprimentos da Parpública num dos veículos para o BPN, foi 750 milhões (“HERANÇA” DE SOCRATES FOI APENAS 1% no ano de 2012) em 2011 pouco mais de 2% dos 38,2 mil milhões (com o BPN e SCUTS).
Se pegarem na divida em rácio com o PIB…Sócrates vence a milhas;
Se pegarem na divida com valores brutos…é ela por ela;
(ficam as duas a rondar os 37MM e 38MM de euros, já com a herança descontada)
A diferença está, que no primeiro caso, não estávamos em recessão, tínhamos um superavit em 2009 (antes do pec4), não tínhamos o desemprego a 16,6%, não tínhamos uma recessão nunca vista em Portugal, não tínhamos uma destruição do estado Social, não tínhamos uma paragem de todos os investimentos públicos que pudessem fazer a economia mover-se, não tínhamos vendido tudo que dava lucro ao Estado, não vivíamos numa sociedade de direita Neo-Darwinista, onde salvam-se só os mais fortes…
O comentador “esquece-se” de dizer qual a percentagem dessa herança de Sócrates no aumento da divida? Também se esquece de qual a percentagem de Santana, Cavaco, e os outros governos? Sabem quem foi o único governo a baixar os gastos do estado em relação ao PIB na historia da democracia? Sabem quando crescemos mais nos últimos 20 anos? sabem quando houve mais progressos na saúde, no ensino, na reforma da Segurança Social?
As alterações de suprimentos da Parpública num dos veículos para o BPN, foi 750 milhões (“HERANÇA” DE SOCRATES FOI APENAS 1% no ano de 2012) em 2011 pouco mais de 2% dos 38,2 mil milhões (com o BPN e SCUTS).
Se pegarem na divida em rácio com o PIB…Sócrates vence a milhas;
Se pegarem na divida com valores brutos…é ela por ela;
(ficam as duas a rondar os 37MM e 38MM de euros, já com a herança descontada)
A diferença está, que no primeiro caso, não estávamos em recessão, tínhamos um superavit em 2009 (antes do pec4), não tínhamos o desemprego a 16,6%, não tínhamos uma recessão nunca vista em Portugal, não tínhamos uma destruição do estado Social, não tínhamos uma paragem de todos os investimentos públicos que pudessem fazer a economia mover-se, não tínhamos vendido tudo que dava lucro ao Estado, não vivíamos numa sociedade de direita Neo-Darwinista, onde salvam-se só os mais fortes…
3. O SÓCRATES É O MONSTRO DAS PPPs
A Ernst & Young, no estudo de 36 contratos aponta que estradas representem encargos líquidos futuros da ordem dos 8,7 mil milhões de euros (cerca de 74% do valor anterior, menos que a divida escondida da MADEIRA).
Sócrates conseguiu reduzir os encargos líquidos por via da renegociação dos contratos que permitiu introduzir portagens. De um lado fala-se dos valores brutos (48MM), do outro dos valores líquidos.
O que importa mais? o que se gasta…ou o que se gasta menos o lucro??
o ideal era ninguém pagar pelas portagens…mas qual o mal do utilizador pagador??? (até é de direita essa lógica)…
Mas conhecem alguma SCUT que não seja essencial? E Hospital?
Sabiam que os custos (embora elevados) dos hospitais PPPs, são mais baixos que se fossem 100% do Estado?? Mais barato só se não existissem…(lógica neo-liberal)
Das 22 PPP rodoviárias existentes, o Executivo Sócrates lançou apenas oito.
(não sabiam?? pois…a lavagem cerebral foi mesmo muito boa)
E este governo o que fez? NADA, ABSOLUTAMENTE NADA
A Ernst & Young, no estudo de 36 contratos aponta que estradas representem encargos líquidos futuros da ordem dos 8,7 mil milhões de euros (cerca de 74% do valor anterior, menos que a divida escondida da MADEIRA).
Sócrates conseguiu reduzir os encargos líquidos por via da renegociação dos contratos que permitiu introduzir portagens. De um lado fala-se dos valores brutos (48MM), do outro dos valores líquidos.
O que importa mais? o que se gasta…ou o que se gasta menos o lucro??
o ideal era ninguém pagar pelas portagens…mas qual o mal do utilizador pagador??? (até é de direita essa lógica)…
Mas conhecem alguma SCUT que não seja essencial? E Hospital?
Sabiam que os custos (embora elevados) dos hospitais PPPs, são mais baixos que se fossem 100% do Estado?? Mais barato só se não existissem…(lógica neo-liberal)
Das 22 PPP rodoviárias existentes, o Executivo Sócrates lançou apenas oito.
(não sabiam?? pois…a lavagem cerebral foi mesmo muito boa)
E este governo o que fez? NADA, ABSOLUTAMENTE NADA
Ao tornar Sócrates mais negro que carvão…tentam fazer com que este governo pareça branco e imaculado…São todos cinzentos…~
Das considerações marginais estamos falados, mas os factos, são factos, estejam ou não em registo 44
Das considerações marginais estamos falados, mas os factos, são factos, estejam ou não em registo 44
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