agosto 04, 2011
«Análise de investimentos, racionalidade económica e processo de decisão empresarial» - António Ricciulli e António Martins
Recentemente, o meu colega e amigo António Ricciulli teve publicado pela Universidade de Coimbra, como separata do Boletim de Ciências Económicas - 2011, um pequeno (42 páginas) grande trabalho em parceria com António Martins (professor da FEUC) sobre a forma como são tomadas as decisões nas organizações.
É gratificante verificar que há muitos pontos de confluência deste estudo com o meu livro «Persuacção». Por exemplo, quando citam H. Mintzberg ao observar que "os gestores seniores recorrem à persuasão, à negociação e ao estabelecimento de alianças que facilitam a passagem das decisões que eles próprios pretendem tomar".
Referem o uso da intuição, tantas vezes usada e raras vezes identificada nos estudos desta área.
Transcrevem uma constatação de um executivo observada por S. P. Robbins e que eu traduzo o melhor que posso: "Por vezes, para tornar aceitável ou agradável uma decisão instintiva, temos que a camuflar com «roupas de dados», mas esta afinação é usualmente feita após a tomada de decisão". É o que eu costumo dizer, usando a imagem de "atirar uma seta primeiro e depois pintar o alvo à volta do sítio onde se acertou".
A fundamentação das decisões é usualmente feita com base quase exclusiva em argumentos económicos, racionais e intuitivos. O Ricciulli e o António Martins acrescentam argumentos não puramente económicos, argumentos relacionados com os jogos de poder e argumentos resultantes da intuição do decisor.
Confluem de novo com o tema do meu livro «Persuacção» quando alertam para as "inúmeras limitações de funcionamento" da lógica racional, de que resulta a "impossibilidade de dissociar emocionalidade e racionalidade em decisores sensatos, prevendo-se a presença de ambas com prevalências variáveis".
Depois de uma abordagem à técnicas de análise de projectos, o Ricciulli e o António Martins regressam às emoções e à racionalidade nas decisões. Utilizam as descobertas de A. Damásio no âmbito da neurologia para fundamentarem as limitações da racionalidade e as deficiências nas estratégias de raciocínio. Identificam as armadilhas habituais nas decisões tomadas individualmente e abordam também as decisões em grupo. Com uma conclusão que só será surpreendente para quem nunca tenha estado neste «mundo dos decisores»: "foi possível observar que os executivos não eram desprovidos de sentimentos e emoções, embora 84% deles achasse que seria imaturo deixar transparecer tais comportamentos durante as reuniões com a finalidade de tomar decisões". Por isso, "estes decisores (são) compelidos a esconder os seus sentimentos e emoções, disfarçando-os de problemas técnicos ou intelectuais, ou criando barreiras organizacionais defensivas, recusando-se a discutir ideias que de alguma forma pudessem expor o seu estado de espírito".
Os decisores devem saber usar a intuição e a emoção nos seus raciocínios. E citam J. F. Amaral: "Será sempre racional, ser racional?"
E regressam aos estudos de A. Damásio para abordarem a memória de emoções e de sentimentos do decisor, que é parte integrante do mecanismo de decisão.
Neste gráfico, apresentam as duas vias do processo de decisão:
A) via racional;
B) via emocional.
E concluem que, como defende C. Anderson, só o "conjunto do armamento emocional" permite aos indivíduos aperceberem-se que estão perante uma situação em que se lhes exige uma decisão.
Bem hajas, Ricciulli, pela aula e pela dedicatória.
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e a juntar a tudo isso, um factor incomensurável e que faz sempre toda a diferença: o killer instinct.
ResponderEliminarSeja como for, a Persuacção é uma ferramenta poderosa, um passar a mão pelo pêlo em vez do chicote. ;)
Persuacção não é "passar a mão pelo pêlo" (ou, pela nova ortografia, "pelo pelo") e sim persuadir para a acção usando - e só aceitando do interlocutor - argumentos racionais.
ResponderEliminarConcordo em pleno e o que eu queria dizer era que tudo pode ser feito acariciando ou irritando os neurónios do interlocutor. Podemos fazer como o governo e impor, ou fazer com que voluntariamente se contribua, por exemplo-.
ResponderEliminarE um meio termo, em que não nos impinjam nada mas também não estejam com falinhas mansas? Eu acho que pode... e deve...
ResponderEliminarSim Mestre....
ResponderEliminarVós sois eloquente e assertivo, e ainda mais proacçuativo
Lá estás tu a passar-lhe a mão pelo pêlo (ou pelo pelo).
ResponderEliminarQuando o pelo é sedoso não é pelo pelo ser pelo que não me pelo pelo passar a mão pelo pelo...
ResponderEliminar(hora vaiam-se lá fod...digo lixar com o acordu hortographico mais o tronco de carvalho que os fo...coiso... isso)
Olha a pistola de sabããããããão!
ResponderEliminarBlub blub blub...ora f..blub...blub-blub.o blub..d...da...blbubb...se.... blub...lá o sa...blub --bão..blubbbb----
ResponderEliminarque mal que sabe o sabão... Bleghhhh :(
ResponderEliminarE para a próxima que disseres aqui uma asneira, faço outro uso da pistola de sabão.
ResponderEliminarDeicha-me adevinhare e açim...
ResponderEliminarÇe fore u queu penço...çou melhér pra me deichar inçaboar toda hihihi... ai cu disparati e açim...hihih... cria dezer...inçaboar TODO....hiihihi~
ResponderEliminarÇim perque çou bisha mas çou muinto home, ai çe sou....
"Menina, eu sou é homem...", já cantava o Ney Matogrosso.
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