agosto 23, 2011

Convém relembrar a História


Do meu amigo Lumife recebi este texto em mail que não posso deixar de partilhar:



Alemanha "rainha das dívidas"

publicado 14:37 21 Junho 2011




A chanceler alemã, Angela Merkel Michael Kappeler, Epa



O historiador Albrecht Ritschl evoca hoje em entrevista ao site de Der Spiegel vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por grandes e pequenos países credores.

Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar com empréstimos norte-americanos as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.


A Guerra Fria cancela a dívida alemã

Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam devido à ocupação alemã.

No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra Fria. Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento se não fosse por a esquerda Grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.

À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspectiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve para os EUA a crise do subprime em 2008. A gravidade da crise Grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros Países Europeus.


Tiram-nos tudo - "até a camisa"

Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã - um haircut, segundo a moderna expressão, que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado, e deixá-los aos países vítimas da ocupação.

E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra. É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.

Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa a arrastaria igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso, "despojar-nos-ão de tudo, até da camisa".

14 comentários:

  1. Para os do costume, que fazem opinão nas televisões, rádio e jornais, elogiando a Alemanha e chamando torpes aos Países da Europa em dificuldades, e que não passam de papagaios de patas anilhadas a um canudo de ignorância---

    ResponderEliminar
  2. Nunca peças a quem já pediu nem sirvas a quem já serviu...

    ResponderEliminar
  3. E que bem aprenderam a lição... Nós é que somos uns cábulas empedernidos.

    Ainda para mais com ricos que são «trabalhadores» e tão beatos, com aquela coisa do «venha a nós o vosso reino».

    É assim que um povo medra? Ou a «medra» é outra?

    Dá-lhes, Charlie. E fica aqui um abraço solidário.

    ResponderEliminar
  4. Eu não falo alemão... nem estou disponível para virar as costas ao falo alemão!

    ResponderEliminar
  5. Disse-me em tempos uma namorada alemã, que não há nada melhor que o salsichão português...

    ResponderEliminar
  6. E tu que moras na Fala
    e que de Alemão,
    um puto, não falas
    Da-lhes "ca" mouradia na cara
    onde a cara nas pernas se amarra

    ResponderEliminar
  7. Tu não és português, pois não, Charlie?

    (ihihihihih)

    ResponderEliminar
  8. Mais éu nãm sou Alemãu, nãm sou náo :(/
    Ik Ben op Curaçau, Nederlans gebied geboren en aleen maar Nederalds geleert, en nooit in Deutsland geweest-....

    ResponderEliminar
  9. Pois... pelo que o teu salsichão não é português :O)

    ResponderEliminar
  10. Saíste-me uma bela (p)renda :)))

    ResponderEliminar