dezembro 10, 2012

Não sei se tenho um problema com as monarquias, se com a histeria que elas geram

Sou profundamente republicana e dificilmente alinharia na ideia da transferência do poder por sucessão dinástica. Mal por mal, prefiro continuar a assistir ao desatino de quem vota desinformado do que aceitar um rei ou rainha que o são só porque os progenitores o foram também.
Dito isto, não tenho nada contra as famílias reais europeias, que inclusivamente me despertam simpatia quando os encontro nas revistas-de-cabeleireiro: esta nova geração de futuros reis e rainhas é toda giraça, sobretudo porque os herdeiros têm tido a inteligência de cruzar o seu sangue azul com o vermelhão dos plebeus, que lhes têm dado filhos lindos de morrer e desempoeirado as mentes.

Agora, não entendo a histeria colectiva em volta de namoros e casamentos e gravidezes e os trapinhos que usa a princesa X mais as plásticas que faz a Y - tratam-se os príncipes e princesas e reis e raínhas como se os soberanos fôssemos nós e eles tivessem de andar a toque da nossa própria caixa, o que me parece absolutamente despropositado e quase dramático (veja-se o mal que acabou Diana de Gales ou a anorexia nervosa da miúda da Suécia). Quero lá bem saber das amantes do hermano aqui do lado, ou se o nórdico gosta de mulheres ou de homens - mas isso sou eu, cuja vida do vizinho do lado, rei ou plebeu, sempre me interessou muito poucochinho.

Mas já quero saber e muito da loucura que se gerou em redor daquele episódio espoletado pelos locutores de rádio australianos, na semana passada, que dizem ter levado ao suicídio da enfermeira que (burra como as casas) julgou estar efectivamente a falar com a Rainha Elizabeth e o Príncipe Charles e vá de se desbocar toda e falar das intimidades prenhes da Kate. A sério que o mundo está a condenar dois profissionais que, no máximo, podem ser acusados de mau gosto (perdoe-se-me a assertividade, mas episódios de apanhados nunca fizeram o meu género)? A sério que os fulanos já vieram pedir desculpas à família e afirmar que se sentem responsáveis pela morte da senhora? A sério que alguém acredite que alguém são de espírito acabe com a própria vida por causa de semelhante fantochada? (se acabou, teria com certeza problemas bem mais graves com que lidar)

Às vezes, tenho a sensação de viver numa realidade paralela, de onde não quero sair.

3 comentários:

  1. Coisa tão estranha, não foi? E continua a ser...

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  2. Não sei se a senhora seria burra como as casas, mas desconfio (temos a certeza) que em certas casas a pressão sobre as pessoas é muito alta.
    Não sabemos em que estado psicológico a pessoa estaria e o que dentro de portas terá acontecido relativamente ao malfadado telefonema.
    O que se sabe é que nas classes profissionais que estão relacionadas com a prestações de cuidados de saúde, a taxa de suicídio é mais elevada do que na população em geral com predominância para os indivíduos de sexo feminino.
    Também é de nota o recurso abusivo a medicamentos e estupfaccientes, o que dizem os especialistas se deve ao elevado stress profissional a que estão sujeitos. Os turnos nocturnos, matutinos e vespertinos, conduzem a uma situação de permanente jetleg. Estamos assim perante esta coisa de termos gente a tratar da saúde a outros mas que em termos de saúde não estão bem.
    É destas pessoas que se exige serem profissionais de excelência e a quem não se perdoa um erro, afinal trata-se do bem individual mais precioso e perecível: a vida.
    Ela coitada, cedeu. Em algum ponto da sua estrutura psiquica já estariam as válvulas de escape apontando para a solução suicida. Bastou mais uma pequena pressãozita que noutras pessoas pouco mais faria talvez que uma risada, ou um amoque.... lá está, dependendo do estado de espirito....

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    1. É claro que a senhora estaria muito fragilizada, para chegar a tal ponto de não retorno.

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