dezembro 01, 2012

O Portugal de Sempre

"(...) tinham a obrigação, pela formação que têm, de saber analisar as finanças do país os impostos cobrados e recebidos, as contas do Orçamento, a falta de crédito nacional e internacional, e aí ficariam sem dúvidas nenhumas. É que Portugal está à beira da bancarrota, os impostos subiram astronomicamente, e se é verdade que o novo ministro foi capaz de tornar mais eficaz os aparelhos de Estado e os mecanismos de cobrança, não é menos que quando se aliam mais impostos e mais burocracia à vida de um povo, e simultaneamente a coroa e os governantes parecem menos sérios, a mistura é explosiva. Acabo este ano na certeza de que para Portugal o próximo vai ser difícil."

(Diário de Vitória de Inglaterra, correspondente e amiga da rainha D. Maria II, em 20 de Dezembro de 1845, citada por Isabel Stilwell, em D. Maria II. Tudo Por Um Reino, Lisboa, A Esfera dos Livros, pp. 489-490)
 
 
Há 167 anos como hoje, sem tirar nem pôr.
Não sei se rie pela constância, se rejubile pela experiência (e se ultrapassámos esta e outra crise, ultrapassaremos mais uma), se chore desesperadamente pelos mesmos motivos.

(Nunca fui uma pessimista, mas há realidades incontornáveis e o desgoverno nacional através dos séculos, mesmo em períodos de maior abundância, é uma delas)

4 comentários:

  1. Será que isto não passa com umas fumigações?
    Não é com um pauzinho de incenso e correntes de ar que constipam, mas assim uma pazada a seŕio....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A mim, andam-me a causar umas alergias que nem vos digo nem vos conto...

      Eliminar
  2. Há uma constante que atravessa séculos deste nosso descontentamento: a incapacidade de criarmos e mantermos mecanismos representativos (à séria)expeditos, competentes e eficazes, para varrermos para a estratosfera cada governante que se revele tão... sei lá, até se me escafedem os adjectivos para a corja... independentemente de mandatos e prazos e o Diabo a sete.

    Mau e impopular cumprimento ou desempenho? Rua! Já! E venha o senhor que se segue.

    Assim seria alguma coisa parecida com Democracia. O que temos agora mais parece um castigo divino, digo eu que me tenho poe ateu e agnóstico e laico e essas coisas todas, graças a Deus.

    ResponderEliminar