fevereiro 03, 2013

A estupidez não é de esquerda ou de direita

A estupidez é, infelizmente, universal.

E vem isto a propósito bom do como é o que o gajo se chama que só me lembro do Carvalho da Silva? Arménio Carlos, em discurso para milhares de professores reunidos em Lisboa, no passado fim de semana (que conseguiram, com muita força e apesar da conspiração contra a sua reunião, que consistiu em fazer despistar um camião de transporte de porcos na A1*, estar presentes), referiu-se ao etíope Abebe Selassie, chefe da missão do FMI em Portugal, como "o rei mago escurinho" (note-se a ternura do diminutivo, como quem diz: estou a discriminar, mas com meiguice) - e o contexto era o da tentativa de fazer uma piadinha sobre o regresso, em Fevereiro, dos membros do triunvirato BCE/UE/FMI.
Evidentemente que, depois, veio dizer que não era racista (claro que não pois, com certeza, não conheço um único racista, só aqueles que, não o sendo de todo, não gostam desta ou daquela etnia em particular) e que só usou o epíteto para o distinguir dos outros (justamente o principio do racismo), que aquilo fora descontextualizado e patati-patatá.
Sim, sim, xôr Arménio.
Pior do que essas fugas com o traseiro à seringa, que atiram a responsabilidade para as costas da imprensa, só a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, que na sua missa no seu programa dominical veio dizer que tais afirmações ficavam mal "a um homem de esquerda", como se aquela linha de pensamento ficasse bem a alguém (homem ou mulher) seja de que ideologia for, num país democrático.
É preciso explicar ao Professor que a parvoíce está aquém e além de gavetas ideológicas e partidárias, cores e raças, credos e géneros, por ser a características mais transversal que existe. Já ao xôr Arménio, é difícil explicar o que quer que seja, pelo que o melhor é deixá-lo andar a brincar aos sindicatos e cavar a sua própria sepultura enquanto figura pública.

*true story, foi o que aventaram alguns, no passado sábado

14 comentários:

  1. Ainda bem que a estupidez não é de esquerda nem de direita. É que agora não dava jeito, sendo eu de esquerda reaccionária.

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  2. Boa malha, dona Ana! Aliás, boas malhas.

    Do Arménio, o que me preocupa em tanta combatividade é a prossecução daquele caminho «de vitória em vitória até à derrota final» que tem sido apanágio de «uma certa esquerda» - valha-nos nossa senhora das aspas - de que o episódio escurinho talvez destape fraquezas mais profundas...

    Já do Marcelo, creio que a idade lhe anda a dar para uma certa incontinência na discorrência, ele sempre homem tão ponderado. Cometer gafes destas na crítica é tão dramático como cometer críticas nas gafes. Ou talvez sempre assim tenha sido...

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    1. E curioso, o Marcelo esteve há dias em Coimbra, num encontro de cirurgiões do Hospital da Universidade. Eu não sabia que ele é hipocondríaco. E foi falar sobre a experiência dele. Muito engraçada. Ele devia dedicar-se ao humor.

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    2. E não é já engraçado que se farta?
      Eu farto-me de rir cada vez que o oiço na tv.
      É que o homem tem um ratio de " não acertar uma" que é obra.
      (quanto ao resto, aí vem mais saco)

      não me choca nada, nem o chamar preto a um homem preto.
      Mais, tenho vários amigos aqui em beja, entre eles um casal do senegal, pretos. Eles quando falam deles mesmo, falam de pretos. Eles são pretos, não vejo qual o problema em chamar preto a quem é preto. Acho até uma forma triste de auto censura prévia, - isso sim racismo-, esta coisa de recear dar o nome a uma coisa ou a alguém com receio de ofender.
      Não sei onde está a ofensa; eles são pretos, gostam de ser pretos e tem orgulho nisso e tem um filhinha linda, pretinha como os pais gostam que ela seja. E nada disso os faz superiores ou inferiores a seja quem for.
      Tenho dito!
      O pontapé no porco por parte do GNR que o enxotou na direcção da carrinha que o iria levar dali para fora (para abate) e tanta parvoeira por causa disso só me dá vontade de ficar com azia e beber três litros de pastilhas Renie com gasolina e imolar-me em frenta da Assembleia da Répública.
      Dava vontade de perguntar se não tem mais nada que fazer do que encher os facebooks com palermices sem sentido. Ou será que pensam que os hamburgers, pernas de frango etc que comem são obtidos de animais abatidos com rosas?

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    3. Olha, a mim choca-me o pontapé no porco, imagina. Sou carnívora e pouco dada a extremismos quanto à defesa dos animais (que defendo, ainda assim) mas uma coisa é o abate sem dor, outra é o pontapé irado.
      Quanto aos teus amigos, acho muito bem que se tratem como quiserem, eles não são figuras públicas. O senhor da CGTP é. Por muito menos, gente com vergonha na cara retractou-se ou demitiu-se. O tento na língua e o bom senso nunca fizeram mal a ninguém e referir-se a uma outra figura pública utilizando uma característica física é, no mínimo, imprudente. Eu chamo-lhe parvoíce, falta de preparação ou incompetência, para não lhe chamar um atentado a direitos fundamentais e constitucionalmente plasmados.

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    4. Ana, estou a alternar (de alterne) com o Charlie na pancada dO saco.
      Sempre estranhei que se possa dizer algo em privado mas em público já parece mal. Se parece mal, também não se deveria aceitar em privado.
      Aliás, o tema do erotismo é, na leitura que tenho aprendido com a São Rosas, um exemplo disso.

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    5. Um pontapé num porco não me choca nada, o que me choca é a palermice por causa do pontapé. Dão-se milhões de pontapés nos animais pelas mais diversas razões, desde o sadísmo totalmente condenável, até ao "chega-te para lá e vai ja para a carroça" como foi o caso do GNR. Gostaria de ver também no youtube, como é que os pastores tratam os porcos, como é que os levam à força para as carrinhas, como é que são levados para abate. Sabiam que os animais sentem que vão para um sítio "mau"? Eles revoltam-se, negam-se a sair, e tem de ser levados á força; entenda-se: pauladas, pontapés, laços ao pescoço, e arrastados pelo chão.
      Já foste Ana a uma matança do porco? Tão popular entre no nosso povo?
      No fundo o que se passa é que a alienação e afastamento progressivo do Homem urbano do meio rural e natural tem conduzido à antropomorfização dos animais.
      Mas os leitões, frangos, etc que consumimos são para eles uma tragédia e para nós a sobrevivência. Matar é sempre uma violência, e morrer à fome para não matar, outra.
      Um pontapé no porco é um pontapé no porco. Chocante? Muito menos do que os filmes cheios de efeitos espectaculares em cenários de guerra que as pessoas vêem à hora do jantar. Só que aí, a guerra é asséptica. Não se vêem pessoas cortadas a meio com as tripas a arrastar pelo chão, não se vê a cara de uma pessoa depois de levar um tiro num olho, ou alguém sem um maxilar. Ou assistir como eu, em Angola a enterros de familias inteiras em valas comuns, criancinhas, mulheres e homens, vítimas de guerra com os corpos desfeitos.
      Pontapé no porco? Ora porra para tanta pieguice-TENHAM JUIZO!!!!
      E depois, preto é ofensa?
      Não foi o que disse o preto, Nelson Mandela quando saiu da cadeia quando em discurso disse que queria uma terra para brancos e pretos em plena igualdade.
      Ebony And Ivory Live Together In Perfect Harmony
      Side By Side On My Piano Keyboard, Oh Lord, Why Don't We?

      Aliás, seria já hora para publicamente as figuras que tais tivessem a iniciativa de acabar com esta espécie de má consciência quando se omitem de chamar preto a alguém que ressalta à vista que é preto. Do mesmo modo que nos referimos a pessoas, como de pele muito branca, ou morena, ou de cabelos ruivos ou louros, carecas etc. A cor é uma característica apenas, e mais nada.

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  3. Paulo, primeiro tu: o que quis dizer quando referi que os amigos do Charlie podiam dizer o que lhes apetecesse na sua vida privada, foi justamente isso. Eu não tenho nada que ver com o que dois cidadãos fazem e dizem entre si; posso achar estúpido, mas não me pronuncio porque não os conheço. Vou dizer apenas que quando alguém precisa de se referir à cor da pele para identificar alguém, alguma coisa está a falhar. Para não dizer muitas coisa - e remeto para aquele meio minuto em que Morgan Freeman explica por que não é um preto, é o Morgan Freeman.

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  4. Agora nós, Charlie, embora em menos linhas, porque eu tenho muita dificuldade em lidar com gente carregadinha de razão - faz-me lembrar o mesmo autismo que nos governa e desenvolvi uma espécie de alergia. Sim, já assisti a uma matança do porco. E posso dizer-te que é um dos sons mais traumáticos de que guardo memória (muito mais do que os dos filmes que referes porque estes são ficção, para mim). E ainda acrescento que viva o mundo em que uma mulher de quarenta anos guarda como "o som mais traumático" o de uma matança de porco e que, ainda assim, se regozija por terem acabado com essa selvajaria. Nunca assisti a uma guerra e esperaria que os da tua geração, que lutaram para que ela acabasse, se satisfizesse com isso. Ou achas que é mais homem quem assistiu (e assiste, por todo o mundo) a essa barbárie? E desde quando é que a existência da violência sobre outros homens justifica um pontapé num porco ou numa galinha ou no que for? É mais macho quem pontapeia? Sim, senhor...
    Em relação à "pieguiece", digo-te o mesmo que diria ao Primeiro Ministro e ao xôr Ulrich:
    1) Vai chamar piegas ao car****o;
    2) As tuas experiências não te tornam dono da razão, apesar de estares absolutamente convencido de que sim.

    E só para ti, porque nem o sei-lá-o-que-digo do PPC nem o burro do Ulrich iriam tão longe: utilizar o sentido da letra da música cantada por McCartney e Wonder e o discurso de Mandela para fundamentares a tua asserção (que, como sempre, já foge ao assunto original como dizem que o diabo foge da cruz) é um tiro ao lado, como espero que saibas. Sabes porque te chamas Carlos? Para que as pessoas não se te refiram como o gajo careca ou barrigudo ou de nariz ao lado. O resto és tu a tentar justificar o injustificável e para isso eu não tenho tempo. Nem pachorra.

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    1. Assim não vale! Começaste por dizer ao Charlie que para ele seria em menos linhas mas ele teve direito a muitas mais.

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    2. Tens razão, mas que queres? O Charlie é... entusiasmante, será esta a palavra?

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    3. Se for "entusiasmo" no sentido do DiciOrdinário...

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