setembro 29, 2013

em momento eleitoral...

... não se deve fazer propaganda partidária. 

Mas podemos falar de política. Assim e com o pedido de desculpas a olhares mais sensíveis, aqui fica um momento de reflexão, em forma de autocolante para colocar à lapela, que também serve para o momento que atravessamos:

Imagem colhida no Intelectual Brejeiro


O senhor representado será o Jean-Jacques Rousseau, autor do Contrato Social. O contrato social aposto na imagem... enfim, parece-me bem e adequado aos tempos.

setembro 27, 2013

exigências do cargo


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O outro lado da picareta

Uma das maiores vulnerabilidades de um desbocado é ter que manter o silêncio quando outros, por exemplo numa posição mais confortável em dado momento, nos matam com o mesmo ferro. Pela emoção, colocamos de imediato o dedo no gatilho verbal e as palavras que são munições até se atropelam na garganta. Mas pela razão vemo-nos obrigados a desculpabilizar o discurso excessivo, a aplicar o mesmo critério que gostaríamos nos fosse aplicado em iguais circunstâncias embora saibamos que assim não é.

O desbocado parece merecer todos os castigos possíveis em matéria verbal. Tens a mania que podes falar com o coração? Nesse caso pega lá mais esta pancada nesse sítio onde mais te dói. Ou no orgulho, embora dê menos luta porque, lá está, o desbocado tem sempre uma mania qualquer, um complexo de superioridade ou assim, que o leva a acreditar-se livre para falar demais. E é fácil desequilibrá-lo por aí, com uma rasteira do mesmo veneno, com uma ferroada valente no lombo quando a ocasião se proporciona porque quem fala sem prudência tem (que ter) bom lombo para acolher umas bandarilhas.

Por isso o desbocado é alguém menos explosivo do que o esperado pela maioria dos observadores. Ou já disse ou está para dizer (ou fazer) algo de que tenha que se arrepender depois, talvez no momento em que lhe explodem nos tímpanos e no peito as palavras irreflectidas de outra pessoa a quem, por acaso, até já lançou granadas iguais. Ou ainda piores.
Depois acaba por ter que calar, perde sempre a razão por ir longe demais e no fundo até percebe, ou intui, que as outras pessoas também merecem o seu momento sem travões. Ouve e engole em seco enxovalhos ou simples desconsiderações, enfia a viola no saco e sorri amarelo ou baixa a crista em sinal de deserção de parte de si próprio que entende amordaçar para não se ver de novo em maus lençóis de uma cama que faz a toda a hora para nela o deitarem. Como no cliché da sepultura, a do próprio, que se cava quase sem perceber a natureza do trabalho executado.

É essa a cruz do desbocado. Nunca mete na cabeça que só ladra alto o cão a quem podem dar nozes porque tem dentes para morder. O outro rafeiro, desmotivado pelas coças do passado ou apenas sem solo firme debaixo das patas para defender qualquer argumento ou posição, refém da conjuntura ou da situação, ladra sempre baixinho.

setembro 26, 2013

Sacanices são...

"Como andei de perto e por dentro de gestões autárquicas, sei muito bem o que acontece nesse patamar.

Das sacanices... de alguns eleitores para tramar os eleitos.
Das sacanices... dos eleitos para tramar os sacanas dos eleitores que os quiseram tramar.
Das sacanices... dos eleitores que quiseram tramar os eleitos e que por esse motivo ficaram tramados por estes e que em consequência passaram a tramar os eleitores que elegeram a figura que os tramou.
Das sacanices... dos que elegeram os eleitos para com os que manifestaram intenção contrária.
Dos eleitos fartos de aturar sacanices... de uns e de outros e penduram a farda da missão pública e passam a aproveitar o posto para governar a vida.
Dos eleitos que, por serem probos e verticais, acabam um mandato sem um só amigo porque a todos disseram "não!" aos golpezinhos baixos e tentativas de privilégios indevidos que tentaram (e depois os corruptos são sempre os outros, eles é que não).
Dos que ficaram bem com todos, uns e outros por serem corruptos, deixaram-se corromper e corromper tudo e todos.

E tudo isto numa mera aldeia...
Somos mesmo o espelho do mau que vemos nos outros.

Já diziam os milenares canhenhos que há ali, ao redor dos montes Hermínios, uma canalha que não se governa nem se deixa governar...
E depois vêm os de fora, espertos que nem uns alhos e, aproveitando o empurra culpas interno de uns para os outros, austeram-nos até ao osso e a gente manda-os para a puta que os pariu, que no fim é o mesmo que mandarmo-nos a nós mesmos para esse sítio."

Charlie








(imagens retiradas desta reportagem da TVI24 sobre votos nulos)

setembro 25, 2013

Austeridade é...












"Austeridade é poupar na saúde para gastar com militares...
Austeridade é ter um exército com muitos generais, muitos oficiais e quase nenhum soldado...
Austeridade é pouparmos na saúde para gastarmos em campanhas eleitorais...
Austeridade é quem trabalha pagar muitos impostos e quem não faz nada receber ordenados milionários...
Austeridade é os eleitos roubarem o dinheiro daqueles que os elegeram...
Resumindo...
Austeridade é a puta que os pariu!"

Raul Cavaca

famílias que

peçam ajuda à Segurança Social...
(para as empresas subsidiadas a fundo perdido teremos uma solução cooooompletamente diferente)
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setembro 23, 2013

Podem usar cábulas

O que é que aconteceu em quatro ou cinco décadas para o ofício de professor/a chegar a este despautério?

livro de sócrates é plágio

afirma coelho na pré-apresentação do mesmo.
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setembro 19, 2013

carta aberta a uns pedaços de merda, por Ferreira Fernandes

"Olá, amiguinhos do FMI. Eu sou o ratinho branco. Desculpem estar a incomodar-vos agora que vocês estão com stress pós-traumático por terem lixado isto tudo. Concluíram vocês, depois do leite derramado: "A austeridade pode ser autodestrutiva." E: "O que fizemos foi contraproducente." Quem sou eu para desmentir, eu que, no fundo, só fiquei com o canto dos lábios caídos, sem esperança? O que é isso comparado com a vossa dor?! Eu só estiquei o pernil ou apanhei três tipos de cancro, mas é para isso que servimos nos laboratório: somos baratos e dóceis. Já vocês não têm esses estados de alma (ficar sem emprego, que mau gosto...), vocês são deuses com fatos de alpaca e gravata vermelha como esses três novos que acabam de desembarcar para nos analisar os reflexos. "Corre, ratinho branco!", e eu corro. Vocês cortam-me as patas: "Corre, ratinho branco!", e eu não corro. E vocês apontam nos vossos canhenhos sábios: "Os ratos sem pernas ficam surdos." Como vocês são sábios! E humildes. Fizeram-nos uma experiência que falhou e fazem um relatório: olha, falhou. Que lição de profissionalismo, deixam-nos na merda e assumem. Assumir quer dizer "vamos mudar-lhes as doses", não é? E, amanhã, se falhar, outro relatório: olha, falhou. O vosso destino, amiguinhos do FMI, eu compreendo. Vocês são aves de arribação, falham aqui, partem para ali. Entendo menos o dos vossos kapos locais: em falhando e ficando, porque continuam seguros no laboratório?"


Ah, os mistérios da Vida, quando explicados para loiros e loiras, ficam tão bem escarrapachados, que até se me encaracolam as gónidas... 

Shame on you, Nuno Crato!


Nuno Crato, e a queda de um anjo?

 

Nuno Paulo de Sousa Arrobas Crato, com graduação académica superior (Universidade Técnica de Lisboa, University of Delaware) é conhecido apenas por Nuno Crato.
Foi sob este nome que me habituei  a admirar os textos de caracter científico que publicava regularmente no semanário “Expresso”.
Textos claros e expressivos que obedeciam ao preceito de que se não se consegue dizer nada por palavras, não se consegue dizer coisa alguma de outro modo, ou simplificando, é por palavras simples que se devem veicular a simplicidade do que parece complexo. Uma fórmula matemática hermética, uma intrincada interligação atómica, uma relação de forças cósmicas, etc, tudo pode ser dito de forma simples e apelativa.
Admirei este homem durante tanto tempo que lhe perdi o conto.
Foi um nome de primeira linha no combate aos erros do governo anterior, beneficiando de um património de credibilidade invejável.

Bastou a primeira medida para abalar o edifício e o que veio a seguir deitou por terra a imagem que muitas pessoas faziam dele, e se não for eu a primeira pessoa na lista serei decerto uma das primeiras.
De cientista a yessman de ditames de outra ordem que não a do pelouro que ele oficialmente representa, passou sucessivamente de renegado ao extremo do quase insulto à sua condição de cientista.

A última tirada foi decerto a cereja em cima do bolo: o cancelamento do ensino do inglês no primeiro ciclo. Se a medida já era má e anti pedagógica a explicação do ministro foi a bosta perfeita.
Aprender um segundo idioma não seria bom para as crianças, disse ele, induzindo vagamente de que isso prejudicaria a aprendizagem da língua mãe.
Não lhe devem ter chegado, nem a ele nem aos assessores, os estudos internacionais e insuspeitos sobre o tema que o contradizem a cem porcento.

Aqui mesmo está  um homem, da mesma idade do senhor ministro, que aprendeu não um mas vários idiomas no ensino básico. Não por que era mais inteligente do que os outros, mas porque todos os meninos na escola o aprendiam e sabe que mais? Sem dificuldade.
E se for isso que o impede de entender o disparate que o senhor acabou de divulgar e pela qual dá a cara, então recorra ao espírito que mexeu quem escreveu os magníficos textos que ficaram para a história no semanário para onde alguém escreveu usando o seu nome: depois destes dois anos, senhor ministro, até duvido que tenha sido o senhor a escreve-los.

setembro 18, 2013

«Oh! Aí... oh!» - Cápê (casp)

Oh! Aí... oh!
Robins
dos Bosques
invertidos
que roubais
aos pobres
para dar aos
bancodidos

Oh! aí... oh!
bandalhos
os crisalhos
estão-lhes
a evitar uma
insurreição
popular

Oh! aí... oh!
taralhoucos
senis loucos
deixai de parir
leis imbecis
retorcidas vis

Oh! aí... oh!
chatos comá
potassa raça
tartufeira
ide trabalhar
prás minas da
Panasqueira

Oh! aí...oh!
burros sábios
de duas patas
com gravatas
e com bravatas
ide servir de
repasto às baratas

Oh! aí...oh!
raquíticos
de pensamento
parai parai
com tanto
sofrimento e
descaramento

Oh! aí...oh!
analfabrutos
politiqueiros
emigrem saiam
dos poleiros
ide-vos pendurar
por aí nos
candeeiros

casp

setembro 17, 2013

ainda antes da Troika


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Gestão de recursos - definições

Desde os meus tempos de estudante universitário que aprendi esta definição:

Economia - estudo da gestão eficiente de recursos escassos.

Mais tarde, tive curiosidade em saber qual é a definição de engenharia e descobri esta definição:

Engenharia - estudo da gestão eficiente de recursos técnicos escassos.

Concluí que a Engenharia é a Economia em ponto pequeno.

Entretanto, apresento-vos uma definição minha:

Política - gestão de recursos como se não fossem escassos.


setembro 16, 2013

China Three Gorges

com base nas notícias que se seguem, estas serão provavelmente as únicas...
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Deplorável

A mudança em nós acontece todos os dias, com o envelhecimento e mesmo com as repercussões dos acontecimentos que qualquer existência implica.
No entanto, não damos por isso a curto prazo. Precisamos que passe mais tempo, que exista uma maior distância entre os momentos em que avaliamos os termos de comparação, como uma foto que nos permite comparar a diferença e perceber a marca do tempo a passar.
Com o mundo as coisas também acontecem assim.
As coisas mudam, mais depressa ou mais devagar, e não nos apercebemos da maior parte dessa mudança permanente a que os mais optimistas gostam de chamar evolução, progresso ou qualquer outro termo capaz de exprimir a enganosa sensação de que tudo se transforma num sentido positivo, de que andamos em frente e quase sempre para melhor.
Contudo, de vez em quando paramos para olhar a “foto” de uns tempos atrás, olhamos para as lições que a História nos dá e percebemos o quanto se repetem tantos capítulos desse livro que, cada um/a à sua maneira, com maior ou menor impacto, vamos escrevendo para gerações futuras poderem tirar as suas conclusões acerca dos marcos assinalados num determinado lapso de tempo pelas gentes que os produziram, no sentido de saberem que tipo de pessoas havia quando determinado acontecimento, quando determinada mudança se produziu.
É assim que olhamos para a Idade Média como um período sinistro, da mesma forma que lamentamos a época do Feudalismo ou realidades medonhas como a escravatura ou as guerras devastadoras que invariavelmente afectam a vida das populações em dada altura e constituem, a par com cataclismos naturais, descobertas científicas ou inovações tecnológicas perniciosas, factores de mudança nem sempre para melhor.
E é assim que rotulamos períodos da História mais as pessoas que os fizeram acontecer, da mesma forma que criámos relógios e calendários para nos servirem de pontos artificiais de orientação.

Quando tento encaixar o meu tempo sob esta perspectiva e esboço um qualquer cenário futuro para o qual a minha geração esteja a contribuir agora, enquanto o meu país definha à mercê dos abusos e dos desleixos que também eu deixei acontecer e o mundo inteiro parece caminhar sobre as brasas de uma economia titubeante, de uma tensão permanente, de uma hipoteca da maioria dos valores que definem as pessoas e as nações de bem, de um ambiente em profunda e alarmante degradação, de toda uma corda bamba cada vez mais próxima de partir, só consigo antever o pior.
E quando olho para o espelho e percebo as diferenças que o tempo vai pintando na minha carcaça irrelevante, penso nas que se produzem no mundo de que faço parte, na herança que os que partilham este momento específico da existência num espaço comum que construímos (destruímos?) e cada vez mais me preocupo e envergonho com o rasto que iremos deixar.

Three Gorges e a EDP, o império não paga a traidores.

... Depois do mal feito só a experiência do negativo pode contar como património da memória para evitar futuras ocorrências, e a isso se chama História...

O império não paga a traidores
Teria sido, segundo a lenda, outra a frase proferida pelo chefe Romano.
Quando os que assassinaram Viriato foram pedir a recompensa, foi com uma mão cheia de "Roma não paga a traidores" que regressaram ao silêncio dos seus lares
A História situa o acontecimento algures entre o Sec. II ou III precisando alguns a data no ano de 139 A.C. em que um bando de lusitanos teria perpetrado a venda do seu líder, matando-o em troca da promessa de alguns benefícios particulares.

Viriato pode não passar de uma lenda: seriam muitos os Viriatos a não aceitar a dominação estrangeira e a combatê-los com os meios que teriam à mão. A data, a pessoalização da vontade colectiva alocada a um ícone e assim mitificada é um fenómeno recorrente ao longo da História da Humanidade. Heróis e Deuses, Demónios e Traidores são referências universais e presentes em todas a culturas.

No caso em apreciação não são os ícones nem a figura particular que interessa mas sim a essência, o espírito que passa através do relato.
Sabemos que há uns figurões que enchem a boca de economês nas televisões e para quem História é uma maçada, Camilo Lourenço foi ainda recentemente um desses tristes protagonistas; estudar História seria segundo ele uma perda de tempo. Dada a estupidez que têm deixado transparecer, não sei se a privatização da nossa EDP teria corrido de outra forma se a equipa maravilha Passos/Gaspar/Relvas tivessem tido algum conhecimento histórico e nem falo de acontecimentos remotos, mas apenas recentes. Sorefame, Cimpor etc., são apenas alguns em que nada do acordado nos cadernos de salvaguarda de interesses foi cumprido. Ficou-se sem as empresas, sem as contrapartidas e sem o dinheiro do "encaixe" o qual desapareceu nos labirintos dos orçamentos de Estado.

No caso em apreciação, a "privatização" da EDP que na prática consistiu na passagem de uma empresa do sector público, para o sector público de outro país, nada do acordado foi cumprido.

A alienação da EDP aos Chineses teria como contrapartida o pagamento de 2600 milhões de €uro a que se juntaria todo um conjunto de apoios à economia Portuguesa. A construção da uma fábrica de turbinas eólicas seria apenas uma delas e que agora sabe-se que não irá ser levada por diante. Outros projectos no campo das energias renováveis, centro de investigação etc., também caíram e isto é apenas a pontinha do iceberg.

Do que está acontecendo nada transparece: eles estão caladinhos que nem uns ratos enquanto os chineses vão navegando, de vento em popa, nos negócios da energia que dantes nos pertenciam.

Escrevi na altura este post. É uma merda ter razão e de nada adianta o " eu não te dizia?" até pela simples razão da insignificância do escriba versus a pesporrência dos detentores do poder e o peso da enorme máquina posta em movimento.

Depois do mal feito só a experiência do negativo pode contar como património da memória para evitar futuras ocorrências, e a isso se chama História.

O Império não paga a traidores.
Que ao menos isto servisse como alerta para as TAP e os CTT, as última jóias da coroa, mas receio que depois desta gente que nos desgoverna sair de cena, nada mais reste do que o cenário depois dos incêndios, um panorama de terra queimada...

setembro 10, 2013

Palavras para quê...? Há os que os têm no sítio (aos argumentos, claro) e outros que nem deles se lembram...

26 de Maio de 2013

Exmo. Senhor PRIMEIRO-MINISTRO
A/C do Senhor Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro
Rua da Imprensa à Estrela, 4
1200-888 LISBOA

ASSUNTO: PENSÕES DE REFORMA DO REGIME GERAL

Verificando que os críticos têm ignorado a vertente mais importante da questão, decidi vir hoje junto de V. Exa., chamar a atenção para um atropelo que tem vindo, escandalosamente, a ser, feito pelo Governo que dirige. Trata-se do esbulho de que as Pensões de Reforma têm vindo a ser alvo. 

Na verdade, sou daqueles que compreendem muito bem que este Governo recebeu uma herança verdadeiramente dramática, dos Governos que o precederam: dramática pela gravidade da situação para que se arrastou o País, e dramática, para nós, cidadãos portugueses. Por isso sei bem que o único caminho a percorrer, por quem governa, seja o da redução profunda das despesas do Estado e o do aumento, dentro de parâmetros socialmente aceitáveis, das receitas. E também sei compreender que se trata de uma tarefa penosa e desagradável, para quem tem de a desempenhar para salvar Portugal do fosso para onde foi empurrado, sobretudo, pelos consulados despesistas e inconscientes, dos socialistas. 

Por outro lado, sei bem, tendo pelo meu lado toda a legislação aplicável, que o dinheiro com são pagas as Pensões de Reforma do Regime Geral, não é, de modo algum, uma despesa do Estado. O Estado é apenas o fiel depositário das prestações que os trabalhadores e as empresas, mensalmente foram entregando para prover àquilo que a lei chama de pensões diferidas. 

Esclarecendo com o exemplo da minha situação, já que ela é típica. 

Trabalhei durante 37 anos numa grande empresa do Norte do País e, todos os meses ela depositava cerca de 1/3 da minha remuneração, - 8,5%+21,5% -, o que, feitas as contas, representa, durante esses 37 anos, mais de 12 anos do meu vencimento, - 148 meses. Esta enorme quantia foi entregue ao Estado para que este a aplicasse da forma mais rentável possível, e de modo a com ela me pagar os benefícios imediatos, (doença, sinistro, abono de família, etc.) e, quando eu atingisse os 65 anos, me entregasse, mensalmente, o valor das pensões diferidas, (Pensões de Reforma, de Invalidez, de Sobrevivência e Subsídios por Morte e de Funeral), tal como o Estado tinha estabelecido através de Lei própria. Muitas foram a vezes que os governos usaram esse dinheiro, para se financiarem, pagando-o, mais os respectivos juros, até ao 25 de Abril. Depois, segundo o Dr. Bagão Félix, a dívida tem aumentado, atingindo já as dezenas de milhões de euros. O que prova, de modo inquestionável, que esses montantes não eram, e não são, pertença da Finanças Públicas. Ninguém pede emprestado a si próprio! 

Se as pensões fossem criadas, ao longo do tempo, por contrato com uma Companhia Seguradora - tal como acontece em muitos Países -, tais empresas privadas, fosse qual fosse a sua situação financeira, teriam de cumprir o que fora contratado pelas partes. E, se o não fizessem voluntariamente, os Tribunais as obrigariam, indo até à penhora dos seus bens, para o efeito.

Assim como os Bancos, são fieis depositários do dinheiro dos cidadãos, mas sempre que estes dele precisem, são obrigados a entregar-lho. 

Portanto, e perante o que expus, fica perfeitamente claro que o Governo, ao tirar-me vultuosas quantias da minha Pensão de Reforma, desde 2011, tem estado a abusar do seu poder, ultrajando a legislação em vigor. Tomou como seu, o que não o é. 

Os pareceres, quer do Tribunal Constitucional, quer de antigos ministros ou de comentadores especializados, não têm contemplado este facto insofismável que, só por si, torna inúteis os restantes fundamentos que têm aparecido na comunicação social. A questão da equidade levantada pelo TC, é perfeitamente lógica, tal como a questão do tom confiscatório das medidas tomadas, também está correcta. Como está perfeitamente certa, a alegação de que o Governo está esmagar os reformados por estes não terem qualquer tipo de força para se lhe opor. 

Mas o fundamental é saber se o Estado é, ou não é, uma “Pessoa de Bem”. E se o Estado pode usar, para os seus próprios gastos, dinheiro que pertença aos cidadãos. 

Foi com um justificado espanto que, tomei conhecimento que V. Exa. teria dito, acerca da legitimidade ou ilegitimidade dos cortes nas Pensões de Reforma, que a maioria dos pensionistas não tinha contribuído completamente, para o valor das pensões que estava a receber. Só se o Senhor 1º Ministro tivesse em mente as reformas dos políticos, se justificaria tal afirmação. Os pensionistas do regime geral auferem, no momento da sua reforma, uma percentagem equivalente 2% por cada ano de trabalho, aplicada sobre um salário médio calculado com base nos 10 últimos anos, e que é corrigida (negativamente) pelo valor médio de toda a sua vida contributiva, devidamente actualizado por índices que o Ministério da Finanças anualmente publica. Deste modo, o valor da pensão está intrinsecamente ligado ao número de anos de trabalho que o pensionista apresenta à data da sua reforma. Que as pensões políticas devam ser, de imediato normalizadas ou até, em muitos casos extintas, julgo que não há ninguém que não esteja de acordo. Mas no regime geral todos os pensionistas pagaram, antecipadamente, o direito à sua pensão. 

Não deixa de ser pouco compreensível que os Ministro deste Governo ignorem a Regulamentação da Segurança Social, sendo evidente que os senhores da “troika” a ignoram completamente. Teriam, eles, pensado que as pensões eram uma liberalidade do Estado e, como tal, uma despesa de tesouraria? Só desse modo se pode entender a sua determinação em mandar cortar nas Pensões de Reforma. 

Os comentadores, críticos das inimagináveis políticas de usurpação dos bens privados levada a cabo pelo Governo, têm baseado as suas críticas na injustiça que delas decorre para aqueles que, após uma longa vida de trabalho, vivem exclusivamente da sua pensão de reforma. Embora sendo evidente que assim é, esquecer, no entanto, toda a fundamentação legal, que aqui citei, será ver os pensionistas como um grupo de “coitadinhos” a quem o Governo está a tratar mal. E é óbvio que não isso que está em causa. Os pensionistas não precisam da “caridade” do Estado, mas sim, que este se comporte como uma “Pessoa de Bem”. 

Para os efeitos julgados necessários, mais informo que irei dar a publicidade possível a esta carta. 

Esperando a compreensão de V. Exa., subscrevo-me, apresentando os meu respeitosos cumprimentos 

Fernando Mota Ranito
Contribuinte Nº 110738489
Praceta José Fernandes Caldas, 162 5º F 4400-480 Vila Nova de Gaia”

setembro 09, 2013

A morte de mais um bombeiro: Deixou de ser Notícia

os miúdos nos incêndios...
que chatice...
Sai o modelo XYZ de circunstância.
O povo gosta disso: futebol, telenovelas e circunstância.



Há semanas que o País é flagelado  por um inferno sobre o outro que nos queima no espaço temporal que se conta já por anos.
Morreu mais uma criança a combater o fogo, (mais uma, duas, três - quem mais? - que continuavam crianças na generosidade da dádiva).
Morreram.
Queimados.
Há duas semanas este comentário teria outra leitura, a quente  queima  mais e por vezes queima mal e onde não deve.
Mas passou o tempo necessário e suficiente para olhar para trás.
Morreram pessoas a dar a vida, e perdeu  em simultâneo a vida um senhor que passou o tempo a notabilizar-se a fazer da pressão sobre a vida alheia o universo da sua filosofia de vida e por extensão, do seu negócio.
O senhor mereceu destaque e um profundo carpir que se tornou público.
Foi assim notícia.
Os outros, não.
O povo reagiu.
O povo é uma massa disforme, acéfala quase sempre, mas reagiu.
E o desconforto espreitou à janela.
Depois amansou um pouco,
A bola mudou de pé.
Mas na altura comentei e estava quente
e há coisas que ficam a queimar nas mãos.

Apareceram então os venerandos a debitar umas trivialidades a propósito.
Palavras de circunstância que tanto aplacariam os fogachos do Portas como as lágrimas do Coelho sempre e quando o tribunal o põe fora da legalidade.
O que separa os dois mundos, não são as palavras, não são os equipamentos: poucos, muitos ou inexistentes.
O que separa os dois mundos é a atitude.
De um lado quem chora de coração a morte de um dos seus, o Borges, brilhante, lindo e liberal que merece sempre muitos mais milhões do que aqueles que em vida lhes eram pagos.
Mereceu um destaque do fundo da alma quase em directo.
Morreu um grande...
D João II passou muitos, por muito menos, pelo fio da adaga, mas isso faz parte de outros contos.
Agora, a reboque de milhares de comentários, houve como que um despertar.
Afinal, quando uma menina de vinte anos morre na mesma altura da morte do grande Borges, dá-se a coincidência, o que é uma chatice.
Não que tenha feito nada de importante, só a ajudar a apagar uns fogos florestais, coisas do povo com que se entretêm: eles puxam fogo e depois apagam, é tudo lá entre eles. Ainda por cima, são ajudados pelo ESTADO com os MILHÕES, esses sim importantes e sobre os quais o outro - o Borges - tanto percebia.
Uma pena...
Faleceu...
Ah...
Quase que me esquecia, os miúdos nos incêndios...
Que chatice...
Sai o modelo XYZ de circunstância.
O povo gosta disso: futebol, telenovelas e circunstância.
Choram, riem e comovem-se
E o dia está feito...

setembro 03, 2013

Momento para desanuviar


Esta foto, que apareceu em vários jornais, a propósito dos encontros de Portas e Albuquerque com a «troika», que começam hoje, estava mesmo a pedi-las (às melancias, claro).

E têm direito a uma ode do Jorge Castro, para não ficar com um grande melão:

eram Albuquerques e Portas
eram Passos, demasias
só não sabiam das hortas
nem sequer das melancias

e nas horas da desgraça
nesta sanha paranóica
mal sabem o que se faça
à tão sem graça da troika...