Desde sempre o poder envolveu a realidade em formatações tendentes a condicionar a forma como as populações constroem todo o conjunto de referências sobre as quais as máquinas das sociedades rolam.
Mentiras, meias verdades, mas melhor ainda, a verdade contada de um certo modo, seguindo caminhos de retórica que embora serpenteantes, acabam por ser aceites- pela hábil insistência- como uma linha recta.
Nem precisamos de recuar séculos; nos nossos dias, chavões como os de "viver acima das possibilidades" e "o Estado não tem vocação para..." constituem falácias sobre as quais toda uma estrutura de gente habilidosa trabalha as opiniões de forma a colher os seus particulares interesses em prejuízo dos de âmbito colectivo.
Não sendo este no entanto o tema, cabe fazer comparações, para que nos demos conta da forma como nos é induzida a percepção geo-política que temos do mundo.
Se olharmos para o Mapa-Mundi com o qual crescemos, centrado sobre o Atlântico, temos o Alaska no extremo esquerdo, e a Sibéria no direito. No entanto, os mapas apresentam uma distorção enorme. Na verdade o topo dos mapas é um ponto e a Sibéria dista apenas um estreito de mar (estreito de Bering) do continente Americano.Toda a saga da descoberta do Novo Mundo cai se tivermos em conta de que o Alaska já era conhecido há muito pelos Russos embora estes só mostrassem ter interesse económico no século XVII e na sequência da colonização intensiva que a Europa estava levando a cabo no continente "recém descoberto". A possessão, sob uma grave crise económica que assolava o Império Russo, acabou por ser vendida aos Estados Unidos.
No particular que nos importa, - o que sabia Cristóvão Colombo (Colon) sobre o Novo Mundo-, cabe-nos olhar para o segundo mapa que apresenta uma outra perspectiva.
Como se pode verificar, estando o Polo Norte representado na sua verdadeira dimensão, um ponto, temos uma outra percepção das distâncias. Vemos assim como é curta a distância entre a Europa e o Norte da América e como um cordão de ilhas ( ilhas Aleutas) liga o continente Asiático ao Americano.
A colonização do continente Americano no sentido Norte -Sul através do estreito de Bering foi durante muito tempo a única aceite. A genética mostra os marcadores coincidentes com os povos Mongóis, sendo
também comuns os arquétipos linguísticos assim como os hábitos nómadas que caracterizavam as tribos mais a Norte. A migração progressiva na direcção Sul teria feito com que esses hábitos se alterassem até ao ponto da constituição de sociedades sedentárias mais complexas e que viviam nas cidades que os Europeus encontraram no actual México e América do Sul.
Contudo, algumas descobertas arqueológicas puseram em questão esta teoria. No final do Séc. XX a descoberta de um crânio primeiro e de dezenas de outros depois em território Brasileiro mexeram profundamente com a ideia feita e, claro, esbarraram com a forte oposição dos antropólogos Norte Americanos. Apelidada de "Luzia", a morfologia do seu crânio e dos crânios posteriores descobertos em Lagoa Santa e Serra do Cipó é igual ao dos povos da Austrália / Oceania. A datação das descobertas é de aproximadamente 10.000 anos. A ideia de que teriam atravessado o Pacífico nas suas parcas pirogas, é contudo totalmente rejeitada pelos Norte Americanos. Segundo eles a migração teria sido feita a partir do estreito de Bering. Esta hipótese mirabolante esbarra contudo com o facto de não se terem descoberto quaisquer achados que a possam confirmar. Também a hipótese de que a ocupação da Asia teria sido precedida pelos povos que deram origem aos da Oceania esbarra com questões de ordem cronológica. De facto existem na Ásia evidências dessas ocupações mas distam dezenas de milhares de anos e não se encontram mais Norte do continente Asiático, ponto fundamental para que a teoria da vaga do primeiro atravessamento por outros povos antes dos que ficaram conhecidos por "Indios" tenha consistência. Além do mais, a migração de uma segunda vaga de povos a partir do Estreito de Bering teria dado origem aos fenómenos de confronto e miscigenação os quais teriam forçosamente de deixar marcas arqueológicas e genéticas no território do actual Estados Unidos. Ora elas existem sim, mas predominantemente na América do Sul. Assim a teoria do fluxo migratório feito exclusivamente pelo estreito de Bering não tem consistência.
Se dermos - pelas evidências atrás postas- por certo de que pequenas pirogas teriam aportado ao continente Americano, atravessando o imenso Pacífico, qual a razão porque se é tão céptico quanto à possibilidade de os Minoicos, Fenícios, quiçá Egípcios, Vikings, e finalmente os Portugueses, - todos comparativamente dotados de embarcações de grandes dimensões - conhecerem esse continente muito antes da sua "descoberta" oficial?
No texto anterior, fez-se referência a elementos linguísticos Incas comuns a Egípcios assim como a hábitos culturais que se imortalizaram nas construções deixadas como testemunho. Tomemos nota de que o planeta conheceu diversos perfis climáticos e que a Groenlânda significa "terra verde". Teria sido bastante mais amena há cinco mil anos assim como todas as ilhas que constituem o cordão que liga a Europa à América.
Assim a saga Minóica na senda do cobre com que inundaram a Europa, cuja origem Americana está comprovada pelos estudiosos, é totalmente plausível.
A história da Descoberta da América feita "por grosseiro engano" dum ressabiado Cristóvão, é a maior mentira mais propalada nos últimos 500 anos. Como diz o adágio, muitas vezes repetida acaba por ser aceite como verdade. Mas outro, ainda mais sábio diz que ela, a verdade, acaba por vir sempre ao cimo.
Cristóvão Colombo, nome de código, sabia certamente muito sobre esse continente.
A cultura é uma coisa muito linda... mas chata para quem quer que engulamos a «História» que nos contam.
ResponderEliminarA História é a única coisa que deixamos feito ao fazermos a vida nesta terra.
ResponderEliminarE por isso é que é importante a nossa afirmação enquanto produto que faz memória.