Sobre um post publicado há poucos dias o qual punha em destaque a enorme dívida oculta da Alemanha cumpriu-me fazer uma reflexão expressa num comentário que agora sobe a post:
"É mais um dado a corroborar a tese de que a dívida é algo mais psicológico de que outra coisa. Pois se todos devem uns aos outros, seria fácil um encontro de contas para se tirar a limpo quem deve a quem e quanto, e se calhar ficaríamos todos estupefactos ao constatar a implosão efectiva das dívidas. Como escrevi há pouco tempo neste blogue, os tais "mercados" somos todos nós que queremos bons juros dos dinheiros a prazo, que queremos boas pensões de reforma, que queremos saúde e ensino com boas performances etc, e que não pensamos que tudo isso é pago com o dinheiro que depositamos nas contas destinadas a esse efeito nas mãos de agentes financeiros que depois aplicam em especulações a nível mundial de forma a rentabilizar essas verbas e assim agradar aos clientes e, com esse agrado, conseguir mais dinheiro em depósitos.
Esta aldrabice funciona durante algum tempo até que um dos agentes da roda querer, não títulos, mas dinheiro vivo, real money, e aí se descobre que apenas se tem papéis a prometer o céu mas só para o dia depois de amanhã.
O que corre mal?
Seria lícito esperar que este sistema, se funcionou durante x tempo, poderia funcionar - duas vezes ou mesmo três, quem sabe quatro ou mais vezes, quem sabe até ao infinito - bem.
Afinal, o dinheiro é ou não é uma aldrabice? Uma coisa fiduciária, algo baseado no acreditar do valor absoluto de um ícone?
É de facto! Mas derrubar um Deus é tão fácil com dizer que o Rei vai nu e mesmo que não vá: da nudez ninguém o safa.
A Alemanha deve um infinito. Pergunto se não terá outro infinito a receber. E os que devem à Alemanha, de quem serão eles credores?
Não será tempo de dar-se uma pausa para pensar e reflectir?
Acho que os donos do mundo sabem disso e que todos sabem. No entanto, persegue-os o terror. O terror dos homens descobrirem o tamanho real do Deus para o qual deram todo o seu esforço, a sua força vital. Descobrir que o dinheiro, neste caso o €uro, não vale nem metade, é um drama. Quiçá não para nós que poucos €uros temos, mas sim para os que os tendo em muita quantidade vêem o seu poder pessoal reduzido à expressão real da moeda.
Damo-nos sempre bem com um mercado em expansão, mas mal com um em recessão, no entanto as regras são exactamente as mesmas. Só que os donos do dinheiro apenas as querem quando elas lhes são a favor e nunca ao contrário.
A valorização constante das acções nas bolsas é uma falácia, pois transacciona-se por dia inúmeras vezes o PIB de todo o mundo. A panaceia da valorização assente na constante expectativa de consumo futuro, do crescimento constante, é utópica, uma quimera: o mundo tem recursos finitos assim como finitas são as nossas capacidades de consumir bens, mas isto funciona até ao momento em que movidos por uma invisível mola que se parte por excesso de tensão, a máquina encrava e lá vem ela destravada da ladeira abaixo em marcha atrás arrasando tudo. E de repente já não é preciso consumir mais, já nem é preciso quase nada de que supostamente não poderíamos prescindir, há que salvar é o dinheiro....
Isto faz sentido?!
No entanto... falam-nos sempre dos mercados, sempre dos mercados, sempre dos mercados....
Charlie
Excelente táctica, mas eles não querem e enquanto nos vão roubando, são felizes com a desgraça alheia.......
ResponderEliminarMaravilha, Charlie. Os economistas deviam ler todos isto. E fazer uma redacção a seguir.
ResponderEliminarÉ o que dá, quando estes chatos dos «antigos» teram andado a ler os clássicos enquanto lançavam, ao mesmo tempo e por filosofia de vida, um olharzinho curioso ao que se passava no mundo em seu redor.
ResponderEliminarNão há MIT que valha...
Acho que todos os estudos e cursos superiores só tem valor se servirem não para ficarmos mais altos mas sim para vermos mais longe, disse por outras palavras, mais poéticas, o grande Pessoa
ResponderEliminarE no entanto, o que vemos tantas vezes, (vezes demais) é que enfiam os canudos nos cornos, e sem verem mais nada, só vêem o céu onde se julgam ser uma das estrelas, e não contentes com isso, a mais brilhante entre os pares.
ResponderEliminarE ainda há tanto por dizer...
ResponderEliminarVamos dizendo.
O Luís disse uma coisa...
ResponderEliminarEles ficam contentes com a desgraça alheia....
Não consigo entender...
Se um comerciante fica feliz pelo facto de os seus clientes não terem meios para lhe comprar as mercadorias...
Não consegue vender o que tem em casa e fica feliz...
Logo, logo poderíamos pensar tratar-se de um infeliz caso de um masoquista, mas depois acho que se enquadra mais no perfil da mais genuína, autêntica, e inconfundível estupidez...:(<<
É a palavra que mais tenho usado para classificar o que vejo em política (local, nacional, europeia, norte-americana,... global) nestas últimas décadas: estupidez.
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