novembro 13, 2011

Pensamentos de José Luís Peixoto sobre a justiça...

... de que eu comungo totalmente:

"(...) estava na sala de espera de um advogado. Ia tratar de um assunto simples, contratos, mas talvez por causa do cheiro dos móveis, do produto usado para proteger a madeira, fui tomado por uma ideia: quem roube um automóvel, é considerado ladrão e vai preso; quem venda um automóvel por duas vezes o seu valor é considerado bom negociante, hábil, e pode ir de férias para um destino à sua escolha. A sociedade não reprova todas as formas de roubo, apenas reprova algumas."

"O que é a justiça?, perguntam os filósofos e, entretanto, ávida de cada um deles e a soma de todas as suas vidas é insuficiente para começar sequer a responder a essa pergunta. Qual pergunta?, diz um deles, e volta tudo ao início. Alheios a esse debate, há os cumpridores da lei e os fora-da-lei, há mesmo aqueles cuja função é garantir que as leis sejam cumpridas. Antes, quarenta anos atrás, as pessoas não queriam ter nada a ver com a política, tinham medo. Hoje, as pessoas não querem ter nada a ver com a justiça, têm exatamente o mesmo medo."

Excertos do artigo «acho que sou torto» de José Luís Peixoto na revista «Visão» de 10 de Novembro de 2011.
(podem ler o texto reproduzido na íntegra aqui, na página do Sindicato dos Magistrados Públicos)


"Violated Justice" - por track76
80cm x 120cm
Acrílico e spray sobre tela

6 comentários:

  1. Estive a ler o artigo completo na Visão. Gostei tremendamente daquela metáfora toda ela saliva em torno do último cubo de bolo, em que ela, a saliva, rivaliza com a educação, os principios, a deferência.
    Olhamos para o lado, e enquanto escorragamos nos sofás pedorreiros, perante o que vemos, só dá mesmo para ser torto... :)

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  2. Sim sim... uma delícia....
    E ainda bem que és uma pessoa rara...
    Algo que está a transformar-se numa espécie em vias de extinção

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  3. Só o sol pode extinguir-se
    em vermelhidões e palidez
    perante o esplendor de uma
    rara flor

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