empatia s.f.
1. faculdade de compreender emocionalmente um objecto (um quadro, por ex.)
2. capacidade de projectar a personalidade de alguém num objecto, de forma a que este pareça impregnar-se dela;
3. capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende, etc. (...).
(Não, não inventei nada disto, é só consultarem a 1458ª página do Tomo III do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, edição de 2003, do Círculo de Leitores)
Há palavras que se proferem em vão, por certo sem dolo, apenas porque se desconhece a profundidade do seu significado, mas ceifando-lhes a abrangência. Esta é uma delas.
Em Pensamento Crítico, dizemos que o único modo de percebermos a posição do outro, por mais diametralmente oposta que seja à nossa, é sermos empáticos com ele. Ora isto é mais ou menos equivalente a espetar facas no cérebro do ser humano: coméquié?! Mas então se eu não concordo com ele e estou certo/a da minha perspectiva, vou agora tentar pensar como ele pensa? Sentir como ele sente?! E eu lá quero o que ele quer, c'um escafandro! Quero justamente o oposto... Mas está tudo aparvoado ou é só a prof que deu o tilt de vez?!
É. A prof está ali sempre junto ao tilt, não vamos agora desmentir factos comprovados. E a professora é muito melhor a ensinar como se faz do que a fazê-lo de facto. E a professora está a falar de um assunto muito delicado, porque não se refere apenas à situação argumentativa em sala de aula mas à vida, cá fora.
Viver-feliz-com é, antes de mais, ser empático. E se não há empatia, no sentido acima descrito, é melhor viver-feliz-sem e não se fala mais nisso, porque a alternativa é viver-infeliz-com, coisa a que só os muito masoquistas se sujeitarão.
E isto é facílimo de dizer, porque se trata de uma evidência quase matemática, mas extremamente complicado de praticar.
Às vezes, a vida empurra-nos para onde não queremos, porque não nos demos ao trabalho de fazer o exercício da empatia (que, não nos iludamos, tem de ser igualmente praticado pela outra parte, sob pena de darmos uma face e a outra e uma terceira, se a tivéssemos, sem nada receber em troca). E fazer o exercício acima é quase violento, quando não vamos aos treinos. Treine-se mais, portanto. Os resultados não tardarão a aparecer.
Acho que num próximo Encontra-a-Funda vais ter que nos dar uma aula...
ResponderEliminarSou toda vossa!!! :))
ResponderEliminarUau... toda?...
ResponderEliminarA gente tende a pensar dentro das nossas balizas de conforto, fora delas andamos à pesca de referências que nos tragam de volta ao conforto da nossa formataçºao essencial...
ResponderEliminarA Ana está toda dentro dessa baliza de conforto...
ResponderEliminarOs meus olhos dizem que sim... ;)
ResponderEliminarTu sejas ceguinho se não estás a ver!...
ResponderEliminarSomos mais do que uma teia química, complexa demais, para nos entendermos de forma cabal, e talvez seja aí, no hiato de entendimento que caiba o espaço para a alma. Se somos matéria organizada rumo ao conhecimento, à inteligência, então ela é tendencialmente empática, embora quase nunca entendamos a complexidade dos seus mecanísmos. A empatia é o elemento aglutinador dessa coisa inentendível mas que faz unir as moléculas umas às outras dos seres vivos e que de forma mais lata trespassa toda a biosfera fazendo-a pulsar a um ritmo comum, invisível mas presente em todos os seres. Como os braços de um diapasão, há vibrações alheias que nos fazem vibrar com tal intensidade que as duas juntas já não são duas mas todo o universo a vibrar nas veias...
ResponderEliminarTu matas-me com a tua prosa poética...
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