Video da autoria de Jeffrey A. Tucker, editor do site www.Mises.org.
Quem me dera ter tido esta "aula" quando estudei na faculdade de Economia...
Socorro-me desta notícia sobre o video para o enquadrar na análise económica e, em particular, no momento de instabilidade que estamos a atravessar:
"A letra da música não só é fenomenal, como também apresenta uma descrição extremamente apurada da visão antagónica que ambos tinham da mecânica dos ciclos económicos.
(...) O debate entre J.M. Keynes e F.A. Hayek, ambos vivendo e leccionando na Grã-Bretanha nos anos 1930, foi um dos grandes debates do século. Desafortunadamente, o charme keynesiano acabou por prevalecer e Keynes, um homem que estava em frequentes viagens pelo mundo, acabou por conquistar o pódio da audiência — a ponto de influenciar a política de todo o mundo até aos dias de hoje.
Enquanto isso, o sereno e estudioso Hayek nunca de facto teve uma grande plateia. Assim como o seu colega e mentor Mises, Hayek escrevia para jornais académicos e era ouvido apenas por aqueles que tinham uma mente mais céptica, pessoas que duvidavam das políticas e teorias convencionais e tinham a vontade intelectual de pesquisar os assuntos mais a fundo.
(...) Esse debate nunca ocorreu na realidade, uma vez que o ponto de vista hayekiano foi e tem sido sistematicamente marginalizado e escondido pelo establishment político e académico desde que Keynes foi prematuramente declarado o vencedor no final da década de 30.
(...) Além de ser uma bela e elaborada produção, o que realmente impressiona [no vídeo] é a sua transparência e acuidade teórica.
É verdade que em 1974 Hayek recebeu o Prémio Nobel, o que trouxe atenção para a sua obra que havia há muito sido esquecida. O comité do Nobel citou especificamente o trabalho de Hayek sobre a teoria dos ciclos económicos. Mas o renascimento desfrutado por Hayek nos anos seguintes não se centrou nesse aspecto da sua obra. Ao invés disso, toda a atenção foi voltada para elaborações sobre a sua evolucionária teoria social, as suas concepções sobre a ordem do processo de mercado e os seus estudos sobre a lei.
(...) Voltando ao vídeo, (...) Keynes é popular e amado por todos, sempre promovendo um estilo de vida boémio, com festas e farras intensas — o futuro que se dane. Já a personalidade de Hayek é mais intelectual, sóbria e até mesmo um pouco puritana, com um foco na realidade e no longo prazo.
(...) Os termos da argumentação são expostos bem claramente. Hayek diz que os ciclos económicos são causados por "juros baixos" resultantes de intervenções do governo, ao passo que Keynes culpa o "espírito animal" que opera livremente num mercado que necessita urgentemente de ser controlado.
Keynes então começa a explicar a sua teoria para a depressão. Ela é causada pela rigidez de salários e só pode ser curada se houver um estímulo à procura, por meio do aumento dos gastos governamentais e emissão de moeda. Ele defende obras públicas, guerras e janelas quebradas — pois tudo isso estimularia a procura —, alerta contra a armadilha da liquidez, defende déficits, vangloria-se de ter mudado o modo de se estudar economia, e conclui "Diga bem alto, com orgulho, somos todos keynesianos agora!".
(...) Sobra então para Hayek a missão de trazer realismo à discussão. Ele rejeita o argumento de Keynes pelo facto de este esconder muita agregação nas suas equações, as quais ignoram toda a motivação e acção humana. Hayek compara estímulos governamentais ao acto de beber mais para tentar curar uma ressaca. Ele chama a atenção para o facto de que não é possível haver prosperidade sem poupança e investimento.
(...) Ele começa a sua exposição alterando o foco da análise: não é a recessão, mas sim a expansão que deve ser analisada. Pois é durante a expansão que são plantadas as sementes do desastre. A expansão económica começa com uma expansão do crédito. Esse dinheiro recém-criado passa a ser erroneamente visto como sendo poupança real, que pode ser emprestada e investida em novos projectos, como imóveis e construção.
Porém, há uma escassez de recursos necessários para se finalizar esses projectos. Fazer moeda não faz com que os recursos surjam do nada. Esses projectos, portanto, transformam-se em investimentos erróneos. O "anseio por mais recursos revela que não há o bastante". É aí que a expansão se transforma em recessão. Quanto à armadilha da liquidez, ela é apenas uma evidência de um sistema bancário insolvente (...)
Jeffrey A. Tucker
editor do Mises.org
Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque"
Apreciem o video:
Rap. Hayek Vs keynes from Fênix Felipe on Vimeo.
Ambos tratam a economia como um feudo das suas convicções esquecendo-se que por trás de tudo há pessoas. Gente que vive do valor acrescentado a tudo o que troca. Trocam-se coisas por outras coisas, fazendo valer as coisas que trocam para obter mais em troca do que na verdade vale. A isto se chama lucro. Como toda a gente tem de lucrar, necessariamente há um momento de acerto: vamos la a ver o que é que isto vale. E descobre-se que além de valer muito menos que toda a gente acredita, há ainda valores a correr, não pelo valor acrescentados de lucro, mas acrescentados de lucros que a espiral económica irá trazer. Ou seja, faz-se acreditar de que o futuro só pode trazer mais e mais lucro. Como a troca de bens é feita através de dinheiro, facilmente se chega ao momento de crise quando alguém de repente diz; espera aí. Não quero saber que este papel diga que vale um belo peru, quero o peru...E é quando se descobre que afinal não há 6.0000.00000.0000000.00000 perus que igual número de papeis diziam haver. Como o lidar com uma imediata e tremenda inflação que este fenómeno geraria, o que é que fazem os experts? Não estimulam a produção dos perus, não senhor. Retiram é dinheiro dos circuitos, das mãos das pessoas. Assim, o dinheiro subitamente tornado escasso, mantém o seu valor elevado e os seus detentores donos dum tremendo poder, porque no fundo é de poder que se trata----
ResponderEliminarGrande Charlie. E para que o poder se mantenha nas mãos de alguns e sempre os mesmos, há que lançar mão de um verbo que tem a mesma terminação, mas outras aplicações...
ResponderEliminarNesta «lógica» dos mercados, cheia de contradições nos seus termos e objectivos anunciados (?), fica-me sempre a dúvida quanto ao seu futuro a longo prazo: a quem venderemos nós, os terráqueos, produtos excedentários? Aos marcianos?
Ou propõem-nos que fiquemos para todo o sempre - se tal fosse viável - reféns dos humores do «mercado»... que, em última análise, e como dizem os seus mentores, somos nós próprios?
Isto da Filosofia é uma disciplina muito difícil... Por isso é que querem bani-la do Ensino: para que tudo fique mais fácil, facilitado, facilitante.
Mas olhem que este Hayek tinha em conta a motivação e a acção humana.
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