novembro 21, 2011

«Reforçar a ação dos Business Angels» - por José Couto

foto «Diário as Beiras»
Durante as duas últimas semanas os meios de comunicação têm dado espaço noticioso à atividade dos Business Angels, enfatizando a capacidade destes cidadãos se assumirem como investidores em negócios que estão na fase de afirmação, na fase de transição entre a afirmação enquanto projeto de ideia e a passagem a um projeto empresarial.

As iniciativas dos Business Angels (BA) revestem-se de um valor significativo. A intervenção destes investidores e empreendedores é importante e está ligada ao seu perfil: são pessoas que possuem conhecimentos sobre áreas de negócio e sectores, com capacidade de gestão e de investimento. Portanto, pessoas que para além do capital introduzem competências de gestão na organização. Estes investidores levam recursos financeiros, experiencia de gestão e uma multiplicidade de contatos para as empresas que se encontram numa fase inicial do seu processo de crescimento, estes Business Angels tomam decisões que estão para lá de um plano de negócios, de uma tecnologia, de um saber fazer, estão a estabelecer uma relação de confiança com o empreendedor. O envolvimento dos BA nas empresas serve em muito dos casos para pilotar a evolução dos projetos empresariais e gerir o processo de afirmação do líder da empresa enquanto empresário e ajudar a ultrapassar obstáculos que estão para lá do negócio em si – uma cultura de penalização do erro.
Existe uma cultura muito penalizadora para quem teve menos êxito ou cometeu erros no processo de criação de soluções empreendedoras, de criação de empresas, de criação de riqueza. É necessário ultrapassar este anátema cultural que afasta muitos dos nossos melhores para áreas de conforto e de menor risco.
Estou convencido, e partilho da opinião de muitos, que a construção da capacidade de empreender e empreendedorismo são vitais não só para a competitividade futura do país, mas, sobretudo, para sustentar o modelo de desenvolvimento que agora procuramos.
Se olharmos para os sete anos em que no CEC-CCIC estivemos envolvidos na dinamização da “Secção de BA” percebemos que, um dos elementos fulcrais que obstaculiza a entrada dos projetos de negócio – passageway – para o contexto empresarial é a apreensão e interiorização da cultura do empreendedorismo, da avaliação do risco de investimento. Numa fase de consolidação da empresa os problemas são mais ligados ao financiamento e à gestão e, também, ao temor de enfrentar o fracasso.
É neste ambiente que se torna importante reforçar a ação dos BA, porque num quadro de escassez de recursos pode contagiar os empreendedores e motivá-los a manterem-se crentes nos seus projetos empresariais.

José Couto
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Texto publicado no jornal «as Beiras»
José Couto é presidente do Conselho Empresarial do Centro (CEC)

14 comentários:

  1. Sempre tive um pouco de desconfiança em relação a esta forma de querer adivinhar o futuro. Uma das razões que levaram à falência do sistema sovietico, foi precisamente o da economia planeada. Os planos quinquenais mostravam-se quase sempre ultrapassados pela evolução quasi-aleatória da vida. Mas não deixa de ser importante haver quem acredite e aposte na iniciativa, ficando claro no entanto, que haverá sempre uma parcela que será perdida. Quantas ideias boas, geniais e cheia de promissores horizontes, não se esfumam no destino comum do rotundo fracasso? Quantas vezes ao apoiar em simultâneo duas boas ideias se está a condenar uma delas?

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  2. Boas perguntas, Charlie. Mas respondo com outra pergunta: quantas vezes um negócio se perde ou nem mesmo avança por falta de quem aposte nele?

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  3. São vezes demais, e não são rosas, não..

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  4. Pois...
    Quem me dera ter um business angel para apostar comigo no espaço da minha colecção...

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  5. Tás a ver?....Uma boa aposta, apenas relegada pelo velo púdico.
    Mas descansa que em breve haverá alguém da Troika que te leva a colecção a título de penhor por via do tal défice e dos mercados e do aumento do IVA e do confisco dos ordenados e dos dias de férias a menos e dos feriados roubados e das horas a mais por dia sem receber e dos Bancos que cobram comissões por tudo e por nada e que não emprestam um tostão a ninguém e dos clientes que não pagam e dos enganos do fisco sempre a seu favor e dos fornecedores sem materia prima e regresso à Troika e da real puta que os pariu. Vê ´lá o que pode fazer uma colecção erótica por nós..

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  6. Sempre a pornografia a intrometer-se no erotismo!...

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  7. Lá me ocorre, de novo, a «insensatez» da mudança de paradigmas na sociedade humana, que muito perturba, entre outros, até o Medina Carreira.

    O que me parece é que, por muito inovadoras que pareçam incontáveis medidas de correcção de rumo mais ou menos liberais ou neo-liberais e outras que tais, com apelos ou não à «inteligência emocional» - como se houvesse outra...-, acabamos sempre por deparar com uma parede monstruosa que nos atrofia até a respiração.

    Numa sociedade que se desenvolve apoiada na lógica de que se tem de LUCRAR, em relação ao OUTRO, com cada coisa que se faça, da alimentação à cultura, não me parece possível gerar grande justiça social. Até porque, em si mesma, esta justiça social é contraditória com o tal conceito do LUCRO.

    Se quem promove essa «justiça social» está do mesmo lado de quem beneficia do tal LUCRO, o jogo está sempre subvertido.

    Ou seja, haverá «justiça social» na exacta medida em que ela for conveniente para quem detém o poder. O que vai tendo, ao longo da História, altos e baixos.

    O resto... enfim, vamos vivendo, enquanto podemos e nos deixam e se (ou enquanto) formos úteis na geração do LUCRO. Tudo o mais são balões de oxigénio.

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  8. Já agora e a propósito, que tal fazermos da SICASAL um «case study»? O empresário teve o cuidado e a atenção de se apressar a dizer que não despediria ninguém, depois do incêndio que destruiu parte significativa da sua empresa.

    E qual foi o resultado imediato? Uma mobilização incondicional de todos os trabalhadores em defesa da SUA empresa! Do SEU património. Sem que daí resultasse qualquer perda de prerrogativas do dono da mesma.

    Porque as pessoas são assim mesmo. Têm e sentem os seus interesses, mas a sua «inteligência emocional» sabe aconselhá-las quando é preciso olhar para o interesse colectivo para a prossecução e realização do objectivo individual.

    E será desse encontro de interesses - e não do desencontro - que o mundo pula e avança.

    Onde é que fica o conceito do Homem como ser eminentemente social, nas políticas seguidas em Portugal nos últimos vinte anos?

    Como pode não haver verbas para adquirir um carro de bombeiros quando o Alberto João gasta 3 milhões de euros em foguetório perante a passividade generalizada? Que merda de sociedade é esta?

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  9. Ainda a propósito: tenciono empanturrar-me de produtos da SICASAL, de toda a maneira e feitio!

    E, se por cá acharem bem, até talvez se possa pensar em desencadear uma acção em prol de empresários e trabalhadores destes - que parece-me bem são daqueles que nos fazem tanta falta.

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  10. É um lugar-comum, estafado e quase pimba, mas "todos não somos demais para fazer portugal"

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  11. Bem... todos, todos... alguns bem podiam emigrar...

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  12. esses também fariam; estando a milhas não contaminariam os outros, os que ainda se aproveitam.

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