dezembro 20, 2011

A especialidade de dizer coisa nenhuma

De passagem por conversas antigas, deparou com uma, em que dizia a alguém, a quem não sabia sequer o que dizer, à época, tamanha era a dimensão da mensagem que tinha à frente, que era "muito especial".
Agora, imensas luas passadas (seriam assim tantas?!), concluiu, com um sorriso triste de conformado, que só se usa o epíteto em causa quando não se quer ferir o outro com o honesto "olha, agradeço-te muito todos os elogios, mas não tenho nada de equivalente que te diga". É ai que entra o "é especial", que quer significar o muito que é o nada que se tem para retribuir.
No caso, a pessoa ripostou com um "os que me rodeiam também me dizem que sou especial e eu não consigo acreditar nisso". Na altura, achou que a coisa ficaria por ali e nunca pensou que, quase meio ano volvido e muitas conversas travadas depois, ficasse com duas certezas, ambas de travo amargo: por um lado, que não lhe gostaria de estar na pele, se tudo quanto a rodeasse fosse gente a dizer-lhe que é "especial", que é o equivalente a dizer coisa nenhuma; por outro que, infelizmente, a pessoa tinha toda a razão e que a especialidade não seria, de todo, o seu forte.

6 comentários:

  1. Já te tinha dito que és especial, Ana?
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    Não?!
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    ...
    Ainda bem!

    ResponderEliminar
  2. Pois eu já passei pela situação de "agradeço muito o elogio, mas não posso devolver-te de igual modo"...
    Quis a circunstância ser a de ter acabado de mimosear uma amiga com um " estás linda, podre de boa"...
    ...
    Lá está:
    Quem colhe mimos, nem sempre é porque os andou a semear... :S

    ResponderEliminar
  3. Ssssimmmm.....
    Fiquei intijulado :)))))

    ResponderEliminar