abril 30, 2014

Ucrânia, Europa - A nova tragédia eslava do Velho (in)Continente

Se um dia, e o tempo passa a correr, na vizinha Espanha se instalasse (de novo) um poder fascista ou apenas expansionista que entendesse cobiçar o território português?
E se esse poder dispusesse de um arsenal nuclear e aproveitasse um momento conturbado, como por exemplo a destituição forçada de um governo daqueles que os povos são incentivados a derrubarem, para somar a Olivença mais umas generosas fatias aquém fronteira recorrendo para isso a violentos soldados mascarados?
E se da chamada comunidade internacional pouco mais viesse do que o apoio moral, sanções em pequena escala, devidamente balizado pelo peso castelhano em diversas economias de aliados potenciais e ficássemos, na prática, entregues a nós mesmos e com o poder em parte confiado a extremistas?

A caldeirada acima parece tão ficcionada como pareceria poucos anos atrás a qualquer cidadão ucraniano aquilo que está a acontecer no seu país, num tãoVelho Continente que já se revela quase senil.
O exemplo da Ucrânia, olhado com relativa indiferença pelos restantes europeus (ainda que a nível institucional assim não pareça), é o mais recente exemplo do quanto a História nem sempre vira páginas de um mesmo capítulo. As surpresas, os aparentes impossíveis, explodem nos rostos incrédulos dos eternos optimistas (um clássico) como fruto dos contorcionismos a que mesmo numa democracia normal o poder se presta ou apenas como consequência de um desastre natural de maior dimensão.
É num instante que se esboroam os laços entre vizinhos, a estabilidade, a paz que julgamos sempre eterna e depois é o que se vê.

A montanha russa

Agora é a Ucrânia o epicentro de mais um tornado de acontecimentos que resultam em mudanças que produzem alterações radicais e, em última análise, destroem os equilíbrios precários entre nações ou entre regiões e instalam um inferno na vida de pessoas como nós.
A relevância dos enquadramentos históricos, das justificações de circunstância e de todas as patranhas que adornam este tipo de intervenções externas nos destinos de outrem (sim, as dos nossos aliados americanos cabem neste pacote) é quase nenhuma.
Importante é o facto de um povo europeu estar refém do espectro de uma guerra civil que seria o prelúdio de uma invasão anunciada por quem tenta dividir para reinar. Uma população deste mesmo continente que um dia quis domesticar o mundo inteiro, com a vida em risco, com o futuro comprometido, com a pátria por um fio.

A roleta ucraniana

É esse o aspecto que me parece sobrepor-se aos demais. Nenhum argumento cola para branquear a hostilidade russa ou a hipocrisia da UE e do grande polícia mundial que, oportunista, entendeu meter o bedelho onde nem a própria aliança a que pertencemos deveria ter intervido sem absoluta certeza dos passos a dar a seguir. No meio de um novo braço de ferro ao bom velho estilo da guerra que também se serve fria está mais uma nação a caminho de se ver tão devastada como quaisquer outras apanhadas no centro do furacão que se formou sem ninguém o prever.
É a população da Ucrânia quem sairá a perder, na ressaca do que julgava ser uma bonita revolução em defesa de um modo de vida que parece agradar à maioria mas foi votado diferente nas urnas que elegeram o presidente que entenderam depor.

E é esse para mim o único assunto que importa, o único interesse que urge salvaguardar.
Se o banho de sangue acontecer, a União Europeia que ladra alto em euros mas, pela debilidade da sua coordenação e mesmo da sua comunhão de interesses, não morde sem a anuência ou mesmo a intervenção do poderio militar norte-americano poderá tentar lavar as mãos como Pilatos mas nunca formatar a consciência colectiva que registará desta trapalhada, como a História, apenas mais um episódio triste na novela do seu processo de inevitável desagregação.

7 comentários:

  1. Bem hajas, Shark, pelo alerta.

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  2. Temos que estar alerta para de quem desconfiamos, mas principalmente para os que nos alertam para desconfiarmos desses.
    Os outros, os " do lado de cá, " os arautos do chavão " mundo livre", tem passado a vidinha a fazer exactamente o mesmo que os outros, mas com a particular fineza de lavar previamente os cérebros de forma a colher a opinão pública. Foi a cena do afundamento - agora sabe-se que foi um inside job - do Maine no final do Séc. XIX , com o qual os EUA invadiram a ilha de Cuba, tornaram-na indepente da Espanha e colocaram um general fantoche com presidente.
    A razão para esta "guerra de independência" promovida pelos EUA, foi apenas a concorrência do algodão que por ser de melhor qualidade a mais baixo preço, fazia uma razia entre os agricultores Norte Americanos. Afinal, a tal "concorrência" e "livre iniciativa" só são boas quando o nosso lado está no quadrante da vantagem.
    Depois foram os episódios inacreditáveis que a HIstória ainda não escreveu, sobre o apoio dos banqueiros judeus na ascensão do nazismo na Alemanha, coisa a que os Americanos deram grande apoio nomeadamente na industria pesada. Ford recebeu milhões de indemnização nos anos sessenta pelo bombardeamento das suas fábricas no vale do Ruhr...pelos seus compatriotas....
    Foi necessário um ataque de um aliado no outra lado do mundo a uma base no meio do Pacífico para criar o estado de choque na opinião pública Americana, totalmente avessa à entrada do EUA na guerra, para que esta país se declarasse em estado de conflito militar com a Alemanha.
    De nada valeu o facto de os submarinos alemães evitarem os navios de EUA até ao momento da entrada na guerra. Sem que o declarassem explicitamente, havia uma "real politic" em que de facto eram de uma neutralidade praticamente aliada. Foi só a partir do momento em que a loucura do Führer levou a encetar a solução final com o confisco das fortunas dos banqueiros é que os aliados da Wall Street mexeram os invisíveis cordelinhos com que manipulam os políticos que levou a América a desenvolver a estratégia ja antes usada no afundamento do Maine. Pelo caminho tinha ficado o bem sucedido projecto da invenção de um país, o Pananamá para que o pais a que pertencia, a Colómbia, não recebesse um chavo pelo empreendimento.
    Muitas mais histórias destas há para contar e o recente derrube das torres gémeas é mais uma vez um elemento que caiu em cheio nos apetites de ocasião.
    A verdade final saber-se á um dia....
    Que os Russos são iguaizinhos não tenho dúvidas, só que o fazem pela bruta.
    Por essa razão, não me deixo prender por ódios alheios e quando oiço, o " cuidado com a carteira" fico de alerta principalmente para o sítio de onde a voz me chega.
    Olhá os Russos a quererem tomar a Ucrânia, quando já nos levaram a EDP, a Cimpor, Os CTT, os nossos ordenados, boa parte das reformas....e que mais virá...
    Olha a Ucrânia....
    Ora fo---se!!!

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  3. E eu que me sinto vendido aos Angolanos (os que estão no Governo, porque o povo angolano está bem pior do que eu)?

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  4. Vendidos?
    Acho que fomos raptados, roubados e enrab....... :(

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  5. Tenho vaselina (da boa) aqui para vender, caso a terceira situação continue, porque é assim que me sinto: também enrab... sem nem ter direito a gritos!

    Tendo havido desconto na fonte do Imposto de Renda Retido na Fonte-IRRF, ainda vou pagar em torno de 5 mil na Declaração Anual, encerrada em 30 último.
    Se os impostos valessem para o bom asfaltamento, iluminação pública, segurança, educação (de qualidade, não qualquer (des) educação maquiada que enfiam nas crianças já na alfabetização), eu até ficaria contente, mas vai para pagar a mordomia dos nossos governantes e assemelhados, e tampar os rombos recorrentes advindos da má administração pública.

    ... E não chamem a mamãe, porque agora estou soprando a (minha) ferida.rssss

    :-(

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  6. Semos mesmo hermões , nam semos?

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