julho 15, 2011

Super-poderes a sério: a incorruptibilidade absoluta

O povo é sábio e afirma que todo o homem (ou mulher) tem um preço.

Se tivermos em conta a realidade actual será um preço de saldo ou o fenómeno da corrupção não teria proliferado ao ponto de minar o bom funcionamento de países inteiros.

Por outro lado, algures no passado a corrupção era como a pobreza, envergonhada, e ninguém ficava indiferente à respectiva denúncia ou exposição. Isso acontecia porque as pessoas sentiam a corrupção como uma fraqueza ou mesmo uma desonra e tentavam abafá-la dourando a pílula com os factores exógenos ou com as desculpas de circunstância para a falha que não se iria repetir.

Parece ficção, num mundo onde a corrupção é praticada de forma sistemática da base até ao topo das hierarquias e sem critérios de índole social ou outros. Varia o preço que os homens têm e o valor do que se venha a obter de forma que, até ver, dizem indevida.

Mas toda a gente é cúmplice, nos actos ou nas omissões, da generalização desta lei da selva civilizada que distorce a realidade porque desequilibra a igualdade de oportunidades e pode até influenciar de forma definitiva as vidas de quem saia a perder.

Essa é uma das características inevitáveis desse jogo que é a corrupção: não há empate possível.

O tal povo que é sábio sabe mesmo do que fala quando refere a existência de uma tabela com o preço de cada pessoa. Apesar do conforto dos maus exemplos que vêm de cima (a saída airosa mais medíocre de entre as várias possíveis) e que conferem alguma paz de espírito aos aparentes macaquinhos de imitação (se os grandes fazem…), a chamada pequena corrupção é meiga na denominação mas só se nos esquecermos que uma formiga isolada é inofensiva mas ninguém se queira ver enterrado até ao pescoço com um bando delas nas proximidades.

O tal preço individual pode ser determinado pela permeabilidade às tentações como pela ganância intrínseca (há quem prefira chamar-lhe ambição desmedida) ou até pela pressão de determinada conjuntura. Mas se lhe chamam preço é porque algo se vendeu e algo se comprou e dizem que a mercadoria nestas transacções é a alma de quem nelas intervém, corruptores e corrompidos, e nem a tolerância excessiva da própria Justiça perante os poucos casos que a enfrentam conseguiu até agora pintar cor de rosa um fenómeno que só alimenta circuitos medonhos.

Num mundo onde predomina a gula pelo poder e pelos bens materiais ou outros que este confere é muito difícil, se não impossível, encontrar um ser humano absolutamente incorruptível.

E se algum dia descobrirmos uma pessoa dessas talvez valha a pena nem arriscar a democracia e entregarmos de imediato a esse super-herói as rédeas do maior poder que tivermos à mão.

32 comentários:

  1. Tu nem precisas de ser corrompido para publicares os teus textos aqui ;O)

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  2. Mas estou inteiramente disponível para uma reunião urgente na qual possamos ac€rtar porm€nor€s, mesmo à posteriori e assim...
    Sem concurso público, se possível, para não termos que aldrabar os registos.
    :)

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  3. Um gajo que vive cá em casa fez a tropa, na Administração Militar. E esteve em Coimbra, no Centro de Gestão Financeira, a «««controlar»»» os orçamentos e as despesas dos quartéis da região Centro.
    Quando estiveres com ele, pede-lhe para contar coisas que por lá viu...

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  4. O que ele lá viu, São Rosas, deve ser matéria de "dejá Vue", tipo; toda a gente já viu e o rei vai nú, mas ninguém diz nada pois o calado ganha sempre e se abrir bico ainda me fazem um bico, digo, ainda perco qualquer coisa, e dá-me um fanico...
    Napoleão Bonaparte, o Corso, já dizia que só havia dois tipos de homens, os corruptos, e os que pediam mais dinheiro....

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  5. Farei um comentário bíblico: Jesus tinha 12 apóstolos e somente 1 (Judas) se corrompeu e vendeu o Mestre por 30 moedas. Acredito na incorruptibilidade na proporção de 12 para 1. Precisa-se de otimismo! Um abraço, Yayá.

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  6. Eu respeito a sua fé, mas se em vez de apóstolos tivermos ministros a proporção é a inversa (e isto já sou eu armado em crente, pois não existe um contraponto do Judas nos elencos governativos actuais).
    Também se precisa um nadinha de realismo, sobretudo quando a crise escancara as janelas de oportunidade para se proceder à urgente limpeza.
    Outro abraço de volta.

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  7. 12 para 1 não é optimismo. Nem sei o que lhe chamar. Mas até é mais que fé.

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  8. Pois Artes.~
    Mas o número 12 dos apóstolos é apócrifo.
    na verdade eram ao todo 14.
    Desde sempre que a história dos judeus esteve ligada à do Egipto, e na mitologia religiosa Egícpia onde pontua a santissima trindade Isis, Horus, Osiris, o corpo de Osiris foi desmembrado em 14 partes, excepto o seu pénis que foi atirado ao rio Nilo.
    Podemos ver muito facilmente, como o elemento de vida eterna, o penis elemento fecundador atirado ao elemento mãe, a água, é a cabeça da estrutura mítica, e por analogia cumpre o que na cultura cristã é colocado na figura de cristo. A alteração do número 14 para 12 foi feito ao longo do tempo, por um lado como descolagem do cadinho comum de valores religios do médio oriente, por outro por razões numerológicas e místicas.
    Mas isto não tem nada a ver agora com este assunto em particular.
    O importante na análise sobre a corrupção é precisamente a noção de corrupção: a fasquia. A fasquia, o ponto a partir do qual uma atenção passa a ser mais do que isso mesmo. E isso varia de sociedade para sociedade, Ridículo que se quisesse há tempo considerar uma oferta até 50€uros, uma "não corrupção" e a partir daí, já era corrupto quem aceitasse um relógio de 51€00!
    Os incorruptos Alemães estão até ao pescoço enterrados em obscuridades no que toca aos negócios dos submarinos. As empresas Americanas que actuam no estrangeiro, tem todas uma rubrica na contabilidade que se chama "verba para corrupção e subornos". Em África, o suborno e corrupção é o modo de vida dos funcionários públicos: mal pagos que são de modo geral, faz parte da paz social, toda a gente pagar qualquer coisa para ter os assuntos resolvidos, nem poderia ser de outro modo, já que o Estado ao quase não pagar aos funcionários, fecha os olhos, e conta com a motivação pessoal dos que recebem por fora para resolver os assuntos, sem que para isso tenham que aumentar os orçamentos para pagar vencimentos.

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  9. Mas... corrupção é pagar e receber. É privilegiar e preterir, é esconder e denunciar, premiar e castigar, ameaçar ou elogiar., assediar e repudiar, Tudo feito ao sabor dos interesses sem necessariamente tenha que haver lugar a qualquer dispêndio monetário. Por isso... o que nos choca é sempre a nossa noção de corrupção. O que para nós é corrupção pode ser normal para outros povos, e o seu contrário também. Eles podem sentir-se confusos e desconfortáveis com o facto de uma pequena lembrança oferecida em troca dum serviço, possa socialmente ser desconsiderada e mal vista.
    Ainda voltando a cristo e aos apóstolos, podemos constatar como o novo testamento tem sido reescrito ao longo dos séculos, limpando passagens e dourando as pílulas até ficarem como a gente a conhece hoje. Os textos primitivos estão recheados de passagens sucessivamente alteradas e adaptadas aos valores em vigor, e se formos então ás novas religiões neo-cristãs, assistimos a biblias escritas "à lá carte" variando de seita para seita de acordo com a sua forma particular de interpretar o legado de cristo. Assim, cristo, os apóstolos e os seus seguidores estão longe de ser os modelos de virtude que se lhes vieram a ser colados ao longo dos tempos.
    Os conceitos éticos, que variam ao longo dos tempos, esbarram constantemente com os diabos dos interesses egoístas.
    Quando se compra numa loja chinesa por um baixo preço uma coisa qualquer, não saberemos que os preços se devem a sobre exploração de trabalho mal pago, infantil muitas vezes e em condições desumanas? E falamos nós de ética? Ao preferir produtos importados, prejudicando assim os produtores concidadãos e todo o tecido económico associado, desemprego etc, estamos a ser o quê? Teremos estofo moral para falar de ética? Ou apenas as condutas dos a quem se chama de corruptos é que é eticamente condenável?
    Numa sociedade marcada pelo cinísmo, podemos atirar pedras a quem? Acho que deveriamos fazer como os primitivos Lusos, para não cumprir serviço militar entre os Romanos e ter de combater os seus, partiam a mão direita com uma pedra. Ficavam assim "murcões" e não podendo pegar numa arma, ficavam dispensados. Talvez fizesse falta atirarmos umas pedras em nós mesmos de cada vez que acusamos alguém de fazer algo que condenamos, e não termos que gramar o nome de murcões sem termos a mão que atira as pedras devidamente assinalada com umas pedradas....

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  10. Charlie, faz um post com a parte da corrupção.

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  11. ok
    so que estou no algarve e agora nao dá minha linda

    tou com a pen da sapo que é uma roubalheira, grates até aos sem merdabytes que se isgotam melhér num apiça..

    enfim
    abraços malta

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  12. De férias... Quim Beja...

    Também tenho uma pen dessas, da Zon... é mesmo uma merdinha.

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  13. A porpósito do primeiro comentário da São Rosas, lembrei-me de uma cena com o orçamento do exército.
    Há uns anos, muitos anos..., trabalhava eu numa empresa que fabricava hardware e software, veio o divisão do orçamento do Exército pedir-nos uma demonstração do software que nós vendiamos para fazer folhas de cálculo. Estranhamos o pedido, porque nós só vendiamos sistemas de maior porte e não fazia sentido terem que comprar um mainframe para instalar uma folha de cálculo. Por isso tentamos perceber a razão de tão estranho pedido e a resposta veio rápida: "Já tentamos ver as folhas de cálculo que há para PC´s, mas não dão para o tamanho da que nós já temos hoje e que ainda tem que crescer..."
    Pedimos-lhes então o ficheiro para convertermos para o nosso formato e lhes fazermos a demonstração. O ficheiro ocupava 3 discos (que hoje seria o cagagésimo de uma pen,mas na altura era um tamanho absurdo) e quando o lemos o que é que vimos???
    O orçamento anual do exército português!
    No dia da demonstração, apresentaram-se mais de uma dezena de oficiais fardados ;)) mostramos a dita folha a correr maravilhosamente na nossa máquina, mas explicamos-lhes que uma folha de cálculo não era propriamente o software indicado para gerir o orçamento de uma organização. E até lhes mostramos o que nós, empresa americana com delegações nos 5 continentes, usavamos na nossa própria empresa, para eles verem as vantagens que tal ferramenta dava. E foi quando eles nos disseram, muito certos do que estavam a dizer: "ah, mas nós aqui na nossa folha podemos alterar os dados todos à vontade, mesmo em orçamentos de anos anteriores, e isso dá-nos muito jeito".
    Ah, tão ingénuos que éramos...

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  14. Lindo! Lindo! Lindo!
    Posso publicar um post com isto?

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  15. Fixe ;O)

    (isto ainda vai é dar molho...)

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  16. (ainda nos atiram uma granada e lá se vão os cortinados do blog)

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  17. (faz um seguro no Shark)

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  18. No Shark?! Credo! Abrenúncio! Ainda se fosse na seguradora dele...

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  19. interesseiro, shark.... ;)

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  20. Em português, o Shark está a dizer que quer criar um lobby para te *****.

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  21. Achas? Shark que é shark ataca sózinho, não precisa de lobby para nada.

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  22. Se tem não usa. E quem percebe de esqualos é a Margot, o resto é música.
    :)

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  23. Última hora: ouvi para aí um qualquer inteligente das touradas, no entremeio de uma notícia de rádio, afirmando que, afinal, em Portugal, não havia corrupção quase nenhuma... só residual. O que há é fuga aos impostos... Carais, não retive o nome!!! Alguém ouviu?

    E ainda há quem duvide do governo da nação. Mal se lhe vislumbra obra e já erradicaram um fenómeno centenário... Aí, valentes!

    Mas alguém sabe dizer-me onde é que apuraram a cientificidade do estudo? Vais ver que foi nas Berlengas... e em dia de folga dos faroleiros.

    NOTA - Claro que se alguém sugerir que eu estou a implicar aleivosamente os faroleiros nos meandros desta doença-vício, eu negarei veementemente, coitados dos homens...

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  24. tá mal, sim senhora, é uma vergonha.

    Mas não peças estudos científicos: por cada um que consigas há outro a provar exactamente o contrário.

    E que rádio era essa, que dá notícias? Que eu conheça já só há a TSF, dizem que chega uma rádio desse género pois não há público para mais.
    E se calhar chega, para ouvir baboseiras dessas...

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  25. Este blog patrocina a FM???

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  26. sou eu, a anónima :(

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  27. OrCa, eu ouvi o mesmo na Antena 1.
    E tens a notícia aqui:

    Combate ao crime económico e fraude fiscal é prioritário, diz directora do DCIAP
    A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, defende que os níveis de fraude fiscal em território nacional são assustadores e entende que Portugal deverá ter como prioridade o combate ao crime económico e à fraude fiscal.

    Cândida Almeida acredita que a fraude fiscal em Portugal tem vindo a aumentar nos últimos anos e, no seu entender, de "uma maneira assustadora e esmagadora", motivo pelo qual defende que o Governo tem de assumir pulso forte no combate a este tipo de crimes, escreve a Lusa.

    A directora do DCIAP sublinha ainda que em Portugal existe "uma confusão de conceitos" entre corrupção e fraude fiscal que salienta, são "coisas diferentes", o que justifica com uma percepção errada sobre a dimensão da corrupção em Portugal.


    Fonte: http://noticias.portugalmail.pt/artigo/20110718/combate-ao-crime-economico-e-fraude-fiscal-e-prioritario-diz-directora-do-dciap

    De nada!

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