setembro 25, 2012

impostos e repostos

Pela minha bolinha, por aquilo que tenham de mais sagrado, pela mãezinha que nos pariu, por favorzinho e elevado obséquio, digam-me, esclareçam-me, elucidem-me, auxiliem-me:

- o Estado Português carece desesperada e irremediavelmente de dinheiro vivo, certo?

- os nossos nobilíssimos e distintíssimos e ilustríssimos e relativamente pouco votados representantes governamentais representam o Estado Português, que somos nós todos, certo?

- esses mesmos nobilíssimos e distintíssimos e ilustríssimos representantes, cheínhos de legitimidade democrática e pela força das armas, sempre que necessário, carregam o cidadão com taxas e impostos, directos e indirectos, e portagens e ameaças de mais impostos e de mais taxas e de mais aumentos nas portagens e do Diabo a sete, sonegam, pelo caminho e à mão armada (através das «forças vivas» da nação) o subsídio de férias e o décimo terceiro mês e os abonos de família que até já nem se chamam assim, só para aldrabar o povo e etc, etc., e, ainda, etc., mas tudo a bem da nação ou dos amanhãs que cantam, ainda que os hojes padeçam e chorem e se vergastem, mas porque assim tem de ser e para o eventual e precário futuro longínquo dos nossos tetaranetos, ou pelos bisnetos deles, por força das troikas e de Bruxelas e do Banco Central Europeu e da «política internacional»…, certo?

- perante a inevitabilidade de o mundo rodar num movimento de rotação, logo seguido e simultâneo do de translação, e de termos de recorrer a «instâncias internacionais» que nos cobram couro e cabelo em juros de empréstimos e que só servem para nos afundar mais no pântano da dívida, hipotecando-nos o presente, o futuro e, um destes dias, até o passado, temos, como corolário do que fica dito, de nos endividar junto dos «mercados internacionais», certo?

Ficou, deste modo, mais ou menos bem documentado o estado da crise, à portuguesa? Óptimo!

Então digam-me lá o que é que poderá estar errado neste meu decorrente elementar, simples, ingénuo, idiota – o que quiserem… –  raciocínio:

Porque é que o bom do Estado Português, embora senhor dessa prerrogativa de sacar o cacau, a narta, o pilim, el contado, o mónei, os trocados ao cidadão por todos os modos e feitios, não o faz à mesma mas devolvendo-o mais tarde – digamos cinco, dez anitos… -, pagando um juro baixito – pelo menos mais baixo do que aquele cobrado pelos senhores da troika e dos «mercados internacionais»?

Porque, vamos lá ver, um euro é um euro, qualquer que seja a sua proveniência, certo? Mas já viram o que se poupava em juros com a dívida, em soberania e em seriedade?

E em honestidade para com cada cidadão? Oh-oh… Só isso valeria o trabalho. E, mal por mal, eu e ali o meu vizinho não ficaríamos com tanta sensação de esbulho, de roubo, de sacanagem, de traição à pátria e aos nossos filhos e netos e bisnetos e tetaranetos.

Digam-me, então: há alguma contra-indicação nesta opção?

Isto, claro, é um mero «supônhamos». Mas que há uma data de lógicas da treta que eu não percebo, lá isso é uma grande verdade… E isto parece-me tão elementarmente lógico…!

6 comentários:

  1. Como já comentou o Carlos Carvalho no Facebook, já se fez isto... com os certificados de aforro... mas os bancos...

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  2. Os bancos são criação do demo.

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  3. Eles nâo tem nada que mexer nos nossos rendimentos. Além de ser prepotente é contraproducente até no que eles aparentam pretender e que é o aumento de receitas fiscais. Em vez de se armarem em míseros cônsules do império do capital, não hesitando sabujamente em prejudicar o seu povo, se fossem de facto governantes a sério e políticos com o sentido do superior interesse da Polis, fariam o que qualquer negociante faz e que é negociar. Negociar condições, negociar prazos, negociar juros. Saber aguentar a pressão dos "mercados" e ter a sabedoria suficiente para dizer que se levam o país para a tragédia, esta virá de seguida a rebentar-lhes em cima. Porque neste barco, todos andamos, já o disse aqui neste espaço e cumpre aos que estão na nossa condição dizer aos que vão na proa que vão ao fundo logo a seguir à agua ter rompido os compartimentos do porão.

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  4. Uma coisa que se me está escapar... a mexida na TSU era tirar 7% aos trabalhadores para dar às empresas 5,75%. O Estado ficaria a ganhar a diferença: 1,25%. Os 7% que nos roubavam (mais) equivaleria a mais de um salário. Agora o governo procura medidas alternativas a este TSUnami... e fala-se em perdermos todos um salário, pelo menos?! Então também vão arranjar forma de entregar às empresas o valor que estas ganhariam?! Quero ver...

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    1. Acho que estão mesmo à espera que a malta lhe dê umas boas pedradas pelos cornos.
      Não é com o intuito de lhes fazer qualquer dano, longe de mim, abrenúncio ,satanás, belzebú, mafarrico.
      Mas já diziam os Egipcios nos seus documentos em duas dimensões onde as figuras aparecem sempre de lado, que umas boas trepanações cranianas - além de aliviar a dor- faziam os pacientes abrir os olhos em direcção a uma nova dimensão, a terceira.
      Que é como quem diz, foi à conta de uns charros, digo, de uns disparos de calhaus bem apontados às veias altéreas corneanas que os hieroglifos se escaparam da pedra e do seu perfil lata-assardinhado, para emergir na nova linguagem da holografia tridimensional.
      Vejam bem o bem que pode trazer à Humanidade uma bela Pedra.
      Eu disse:Pedra e não Pedro. :(((

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    2. Eu preferia ser governado por uma Pedra do que por um Pedro!

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