Não ruíram, hoje e até à hora em que se escrevinha este arrazoado, nenhumas torres por esse mundo fora, pelo que podemos imaginar que a coisa vai! Ninguém sabe para onde, mas vai. Em Portugal, país garganeiro e sempre dado a arroubos de originalidade, há um Verão tardio que incomoda, porque nos deixa a roupa colada ao corpo em pleno emprego, tal como se por nós passeasse manada babosa de caracóis. Eis notícias dos caracóis:
Nuno Crato veio dizer-nos que o rácio quantidade de professores/quantidade de alunos, em Portugal, está na média europeia. Mas não informou de qual era a média europeia de alunos por turma. Ora, imaginando que, em Portugal, muito indivíduo-professor, daqueles que Crato está a contabilizar, nunca terá visto uma turma de galfarros pela frente e anda, por aí, entretido com outras actividades extra ou circum-escolares, com o beneplácito dos mandantes, talvez se perceba de onde vem – a ser verdade, o que não é líquido – aquele aparente paradoxo… Claro que tudo isto se fundamenta num «supônhamos», tal como nos ensina o governo no que toca ao rigor da análise.
Paulo Portas, não desaparecido em combate mas muito arredio das lides domésticas, diz-nos e vangloria-se de que o fado, no Brasil, é o novo bandeirante de Portugal e o caminho certo para a descoberta de outros Brasis, eventualmente alimentados a pastel de Belém pelo ministro Álvaro. Mas a Cultura continua sem ministério e, pelos vistos, para este governo e para nós todos nem precisa, pois vamos vivendo muito bem sem isso. Já do País que é suposto sermos, já não estou tão certo… ainda que a ideia de podermos viver sem governo cada vez se me depara mais aliciante.
A oposição institucional ao PSD encontra-se dentro do próprio PSD e talvez também na Presidência da República que, como se sabe, também partilha a mesma «cor»… e só se opõe um bocadinho, para logo mais desistir. Virá um prof. Marcelo à Presidência? Cá fora apenas existem uma «vozes ao alto» e pouco mais… Seguro é inseguro, periclitante, mesmo, se não peripatético. O facebook assumiu-se como o muro de lamentações preferencial para o portuga verter as suas angústias – mas já lá tentei comprar um bitoque com batatas fritas e ovo a cavalo e não consegui; possível defeito meu. A UGT talvez denuncie agora o acordo em que se meteu, a bem (ou assim-assim) das classes trabalhadoras, e a CGTP organizará mais uns quantos passeios pela avenida, promovendo uma oposição sana em corpinho sano…
Relvas, o das licenciaturas prematuras, não se demite nem é removido, porque não lhe está a apetecer. Sócrates, também engenheiro de conveniência, lá está, filosofando tranquilamente em francês. Sucatas, freeports e bepêenes, singram no mar pasmo da intocável iniquidade. Gestores peritos em afundamento de empresas em tempo recorde medram e prosperam como escaravelhos bosteiros. E no pasa nada!
A preclara procuradora Cândida Almeida tranquiliza-nos definitivamente quando afirma que Portugal é um país onde é evidente que há corrupção – até o dizem insuspeitas instâncias internacionais e, se calhar, só por isso… - mas onde não há corruptos, corruptores ou corrompidos. Será, pois, assim a modos que um estado metafísico de ente sem ser, que nos inunda de misticismo a caminho de um qualquer nirvana por esclarecer, mas absoluto por imperecível.
Um governo admoestado por um Tribunal Constitucional quanto à inconstitucionalidade de uma medida que tomou, borrifa-se na admoestação, dá a volta ao texto num esquema manhoso de ludíbrio da opinião pública, tipo chico-esperto e cheio de lata, anuncia-o a cinco minutos de um jogo de futebol da selecção nacional e avança para bingo é, necessariamente, um governo com tomates. Não terá mais nada e as eleições que se lixem, mas tem tomates. Suspeito que sejam pelados…
O esbulho ao cidadão, eivado e sustentado pela mais imbecil hipocrisia argumentativa, embate contra um povo aparentemente anestesiado. Será?
Mas que merda de país é este em que nos transformámos e que eu ajudei a criar para deixar aos nossos filhos?
NOTA sem final à vista - com o devido respeito pelo estado democrático de direito em que é suposto vivermos, a questão que se me depara é a seguinte: perante um tão declarado e desbragado desrespeito à lei fundamental do País e Nação que somos, de que estará à espera Sua Excelência o Senhor Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, superior garante da Constituição, para demitir este elenco governamental?
NOTA sem final à vista - com o devido respeito pelo estado democrático de direito em que é suposto vivermos, a questão que se me depara é a seguinte: perante um tão declarado e desbragado desrespeito à lei fundamental do País e Nação que somos, de que estará à espera Sua Excelência o Senhor Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, superior garante da Constituição, para demitir este elenco governamental?
Estás à espera que o supremo magistrado da nação dê tau tau aos seus colegas e amigos?!
ResponderEliminarSua Excelência tem uma entorse marcada para esse dia da demissão do Governo.
ResponderEliminarAchas que é uma deMissão Impossível?
EliminarAcho sim.
EliminarÉ uma missão impossível.
Por uma questão de coerência e sentido de classe.
Fazem parte de uma tribo, instalada no olimpo, nada interresados em mudar para as cubatas no sopé.
Eles mandam os outros mudar.
O povo, os outros, os que não vivem no Olimpo, esses é que têm de mudar, comer menos, trabalhar mais, receber menos, descontar mais e principalmente, estar caladinhos e ser ordeiros. Mesmo quando os do Olimpo lhes exigem pagamentos em toada crescente, que a par da redução dos recebimentos, impossibilitam os pagamentos solicitados.
Curiosamente, então, eles para resolver a gula, decretam ainda maior e mais pesada imposição de contributos, julgando - ninguém sabe por que artes mágicas- que os do sopé, com ainda menos rendimentos, conseguem pagar mais.
Cavaco, relvas, coelhos, etc etc, são do mesmo DNA ou ADN, venha o diabo e escolha, Nunca irão derrubar ou comprometer o status dos outros deuses.
É no que dá aprenderem na escola o milagre da rainha santa...
EliminarEntão vamos lá puxar por uns ensinamentos/conhecimentos que, em tempos que já lá vão, a malta (pelo menos, alguma) usava para caracterizar estes grupos. Estava-se em pleno PREC e os alinhamentos eram mais simples, é verdade. Mas, porventura, algumas coisas não terão mudado tanto.
ResponderEliminarOra, dizia-se então que o PPD, que veio a dar PSD, nas suas linhas mestras e gerais, era o representante de uma burguesia nacional, mais esclarecida e «progressista», em contraponto, por exemplo, com o CDS, mais «tradicionalista e reaccionário», testa de ferro da burguesia agrária e caceteira, sendo que ambos, cada um à sua maneira, olhavam para os interesses imperialistas (leia-se internacionais ou supranacionais) com um misto de avidez, cupidez e algum receio, até por terem a noção mínima de que, em face de grandes decisões, a opinião dos peões pouco ou nada conta.
Claro que a roda do tempo andou e nada é como era dantes. Os «grandes interesses» transnacionais souberam adaptar-se ao terreno e, utilizando a técnica de distribuir os ovos por vários cestos, foram originando aquilo que vulgarmente se vai chamando o centrão, ou o arco do poder, ou o...
Comportam, então, todos estes partidos os elementos necessários e suficientes para irem fazendo vingar, internamente, as teorias que lhes vão sendo úteis (às grandes multinacionais), para o que contam, aliás, com esses excelentes cestos abrangentes que são a obra e o avental, onde cabe tudo , desde que saiba «vir às boas».
Entretanto, por estas e por outras e, fundamentalmente, pelo cruzamento de interesses, nem sempre coincidentes ou convergentes, momentos há em que as chamadas contradições saltam do seio destes senhores, deixando-os descompostos e com tudo ou quase tudo à vela.
O que nos traz ao Aníbal, não o de Cartago e dos elefantes, mas o de Boliqueime, que pode até, em momento dado, ter algum acesso de zelo patrioteiro e lembrar-se dos pobrezinhos a quem dá esmola lá na rua dele, e achar que era melhor pensarmos um bocado sobre o assunto e... zás!, distrai-se e envia tudo para o Tribunal Constitucional. E talvez venha a ser este um caso interessante para seguirmos nalgum cinema perto de nós...
Tu vês muitos filmes de ficção científica...
EliminarAté não. Mas escrevi este comentário antes da Manuela Ferreira Leite dizer das suas... e parece-me que, para bom entendedor, ela não andará longe deste alinhamento, eventualmente anunciando o que Cavaco não pode fazer tão às claras.
EliminarEstá na hora de se arranjar um governo através de anúncio nos jornais, pago à hora e com metas a atingir. Vale?
Desde que não seja o Azevedo, Vale!
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