novembro 04, 2013

«Renováveis abastecem mais de metade do consumo de eletricidade» - António Pimpão

Notícia do «Económico» de 1 de Novembro de 2013:
Renováveis abastecem mais de metade do consumo de electricidade

"O consumo de electricidade aumentou em Outubro pelo quarto mês consecutivo, reduzindo a queda verificada desde Janeiro para 0,2%, e a produção renovável abasteceu este ano 57% do consumo nacional, segundo dados da REN.
De acordo com os dados da REN - Redes Energéticas Nacionais, o consumo de energia eléctrica registou, em Outubro, um aumento de 1,2% em relação ao mesmo mês de 2012, que se limita a 0,9% com correcção dos efeitos de temperatura e número de dias úteis.
Entre Janeiro e Outubro deste ano, o consumo apresentou uma tendência de queda de 0,4% face a igual período de 2012, ou de 0,2% com correcção dos efeitos de temperatura e dias úteis.
Até final de Outubro, 57% do consumo nacional de electricidade foi abastecido por fontes renováveis: hídricas 28%, eólicas 23%, biomassa 6% e fotovoltaicas 1%.
Já as centrais a carvão abasteceram 22% do consumo e as centrais a gás natural 14%.
Nota ainda para o facto de, na madrugada do dia 22 de Outubro, a produção eólica ter atingindo o valor mais elevado de sempre: 3.840 Megawatt (MW).
Em Outubro, a tendência importadora que se registou nos últimos meses manteve-se, com o saldo importador anual a equivaler, no final do mês, a 6% do consumo total."

De acordo com esta notícia, as energias renováveis produzidas em Portugal já abastecem 57% do consumo nacional de energia (o restante é produzido por centrais a carvão – 22% - e centrais a gás – 6% - e é importado – 6%).
Trata-se de uma boa notícia, ou nem por isso?
Depende!
O abastecimento por fontes de energia renováveis tem a seguinte distribuição: hídricas: 28%; eólicas: 23%; biomassa: 6%; fotovoltaicas: 1%.
Aparentemente, a notícia é boa quando olhada do prisma da economia nacional, na medida em que este tipo de energia teve elevados custos de investimento mas tem baixos custos de exploração. Adicionalmente, evita o recurso a importações e a consequente saída de divisas, o que é importante.
Não há, no entanto, bela sem senão: as energias renováveis que não sejam hídricas, e que representam 30% do consumo nacional, são pagas aos seus fornecedores a um preço por KWh que é cerca de 4 vezes superior àquele que nós, os consumidores, pagamos à EDP (é paga a € 0,6175; pagamos € 0,1674).
A diferença, que é bem significativa, está a ser paga, em parte, na nossa fatura da eletricidade. A parte não incluída na fatura está a engrossar o deficit tarifário e, naturalmente, tem que ser paga também por nós, com juros, no futuro. Mais uma despesa que se vai empurrando para a frente, com a barriga. Quem vier atrás…

António Pimpão

2 comentários:

  1. A lógica do preço mais baixo pago pelo que se importa versus o custo da produção nacional é a que levou a prazo ao êxodo dos Africanos a caminho da Europa, saga trágica que tem a sua parte visível na incómoda Lampedusa.
    É de facto um custo elevado o que se paga pelas energias renováveis..
    De facto é. É o senão da bela.
    Mas seria menos senão, se a empresa fosse totalmente Portuguesa. Agora, podemos dize-lo, tanto faz.
    Seja quais forem os custos e benefícios, só nos resta pagar as facturas já que as mais valias vão maioritariamente para fora. Quer se produza localmente, quer se importe, não há ciclo interno do capital gerado.
    A nossa tábua de salvação, a exportação, depende fortemente da energia, que agora também se pode considerar quase totalmente importada pois embora a sua produção seja em grande parte local, pertencendo a accionistas* maioritariamente alheios aos interesses nacionais, é a sua lógica de lucro particular que prevalece perante o chamado "interesse nacional".
    A produção de energia, sendo fundamental, é em todos os países da Europa (e do mundo) de interesse estratégico e assim nenhum foi nessa asneira colossal de coloca-la em mãos estranhas.
    A ideia de Passos & Ca. de que seria pela entrega de sectores estratégicos que se sairia da crise e se veria a ansiada luz ao fundo do túnel revela agora a sua verdade.
    Os últimos dados não deixem margem para dúvidas, emigração, (onde e quando será a nossa Lampedusa?) fuga de capitais e investimento estrangeiro. A cereja em cima do bolo dos passos perigosos encetados.
    Acho graça ao termo "empurrar com a barriga". Algures lá à frente na História há-de haver alguém que não tenha já a barriga para empurrar coisa alguma além de que mesmo que a tivesse, a carga seria já tão grande que só com muito dificuldade a poderia fazer.
    A solução, a única que se me apresenta, é a de aumentar a barriga, Não há outra. A carga, da forma que está armadilhada, não diminui por si mesma, apenas a barriga - a única coisa que ainda é nossa- pode alterar o seu volume.
    E se ficar mais pequena não há como fazer mexer o inerte à sua frente.
    Nessa perspectiva temos feito uma cura de emagrecimento forçada e assim, em estado anorético, não haverá forças que cheguem para continuar a empurrar.
    E assim, sr Pimpão, dou-lhe a razão: pagar por pagar, que se pague menos já que não temos vantagem com o pagar mais e mesmo que seja ilusório, o pedragulho à nossa frente fica assim parecendo mais pequeno.


    *China Three Gorges: 21,35%

    Parpública : 3,70%

    Iberdrola: 6,79%

    Caja de Ahorros: 5,01%

    José de Mello: 4,82%

    Senfora: 4,06%

    Grupo BCP: 3,37%

    Norges Bank: 2,76%

    Sonatrach: 2,23%

    Banco Espírito Santo: 2,12%

    Caixa Geral de Depósitos: 0,61%

    EDP: 0,87%

    Restantes accionistas: 40,28%
    Sob essa perspectiva, o êxodo é mais do que garantido, tanto de pessoas, como de capitais.

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  2. Nota-se que este é um assunto que te faz cócegas... na barriga, bom Charlie.

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