março 01, 2014

«Argileu Palmeira de novo» - António Pimpão

Argileu Palmeira era aquele poeta parnasiano que figurava no telenovela Gabriela, 1.ª versão, aquela dos anos setenta.
Sempre que o poeta encontrava uma pessoa, nem que fosse pela terceira vez, dizia-lhe: “Já lhe dei o meu cartão”?
Também hoje em dia, quando vamos a uma gasolineira, a um hipermercado ou a um estabelecimento dos shoping não há um em que não perguntem se já temos cartão de pontos ou do estabelecimento e procuram impingir-nos um. Se acedêssemos a todas as ofertas andaríamos com a carteira mais inflada do que grávida de 8 meses.
Se fosse da área, procuraria desenvolver e comercializar um sistema do tipo cartão do cidadão para agregar num só todos os cartões que temos à disposição.
Mais recentemente, são os CTT a quererem impingir-nos bilhetes da lotaria. Enquanto que nas nossas casas podemos evitar a receção de publicidade colocando no exterior da caixa do correio uma etiqueta com os dizeres “Publicidade, não, obrigado”, nas estações dos correios não podemos evitar o “quer comprar lotaria?”, o que nos coloca na posição de antipáticos, de não colaborantes, quando recusamos. Ainda se ao menos reformulassem a pergunta para uma frase menos agressiva, do tipo “temos aqui bilhetes da lotaria, está interessado?” – vá que não vá!
Pessoalmente, tenho resolvido este assunto: elaborei um cartaz em folha A4 que tenho no carro e quando vou a uma estação dos correios levo-o comigo Ao fazer o pagamento – altura que estrategicamente aproveitam para fazer a pergunta – exibo-o com os dizeres: “Lotaria não, obrigado”.

António Pimpão

21 comentários:

  1. Eu já pensei nisso do cartão único. E propus isso a uma empresa de informática de Coimbra de um amigo meu. Mas ele não achou que pudesse ser um negócio interessante.

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  2. Antônio (no Português do Brasil)!
    Essa "praga" cresceu vertiginosamente no Mundo. As lojas de departamentos, nos shoppings, são peritas em abordar o cliente e perguntar: "Você já tem o cartão da Loja?". Se digo que não, a vendedora (que se submeteu a uma lavagem cerebral para segurar o emprego) insistentemente oferece as milhares de maravilhas que o tal cartão proporciona.Mas de há muito resolvi esse problema: Se ela pergunta "Você já tem o cartão da Loja?", com um ar de constrangida respondo: "Não. Estou com meu nome no SPC e Serasa". A mocinha joga-me um olhar de desconfiança e nada mais diz. É receita boa e certeira. Basta dizer que está com restrição no crédito.

    (Será que estamos falando da mesma coisa?)

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  3. Eu também sou da mesmíssima opinião.
    E por essa razão não consigo conciliar a posição passiva em que nos puseram ao colectivamente atribuirem o cartão de estúpidos aquando da imposição do Acordo Ortográfico
    É que leio sempre "recessão" em vez de "recepção" quando surge a "receção" diante dos olhos.
    E a provar o que digo, o pressuposto de que isso iria dar um incremento no mundo lusófono das obras publicadas em Portugal, teve um desaire estrondoso: nem mais um livrinho do que antes, com a desvantagem de que no Brasil determinadas palavras do Português de Portugal depois do AO como por exemplo a palavra "receção" ficarem ainda mais esquisitas.
    O "corrector ortográfico" nem sequer o reconhece. Quem no Brasil lia as obras de autores Portugueses, lia-os com o registo mental igualzinho ao meu quando leio obras de autores Brasileiros e não faço confusão entre linguagem, léxico, e ambientes e muito menos de ortografia.
    Por isso, aos cartões, dos quais apenas tenho já há anos o da gasolina e os incontornáveis multibancos (que cada vez uso menos) e principalmente este o do AO não passo mesmo cartão.

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  4. Minha manifestação de oposição é bem conhecida e é tema de um dos meus comentários no Blog,embora não seja o foco principal.
    Eu não tenho muita dificuldade com a Língua. Mas, geralmente, quando escrevo e o leitor é luso, sempre me pergunta se sou portuguesa.Quando digo que sou brasileira não acredita, por causa da forma que escrevo.Procuro dizer,sempre, que quando se sabe um pouco da Língua Portuguesa a gente pinta e borda, usa todos os tempos dos verbos, dos pronomes, conhece outras palavras etc.
    Aí veio o tal (des)Acordo Ortográfico... e me pego embananada quando vou escrever certas palavras
    Com referência aos cartões,algumas pessoas já ingressaram com ações exigindo indenizações por danos. O cartão - que nunca foi pedido - chegava à casa, pelos Correios.Numa correspondência anexa estava explicando que se não aceitasse, deveria se dirigir ao caixa eletrônico para cancelar.Ou seja, a pessoa não solicitara o tal cartão e, para não ter que pagar as taxas de manutenção, teria de pedir cancelamento. Um transtorno daqueles! Mas muitas reclamações resultaram também em desconforto para quem enviou os cartões (geralmente agências bancárias).
    Eu compro uma briga dessas! Dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair dela.

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    1. Eu também não tenho dificuldades com a língua... cof... cof... cof... cof... cof... cof...

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    2. Essa tosse....cof cof cof.....
      Cofirina filha, ...digo, corifina... (paçe a pubissidade...)

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  5. Nãum.Imteinlingemtiçimus cão vôssêis, naum êu.
    BraZilêirus têin fâma di nãum çabêrem êscrêver. Mas naum ci podi mêdir u tamanhu do már pêla gôta da áUgua.
    Só cei que naum cêi tudu, grassas a Deus, pôrquê a cada cigundu queru estár aprendendu. Quem tudu (pença) qui çabe... pença quê nada tein a aprendêr.
    Cuidem da tosse. Por vezes a ironia nos engasga. rss

    Parafraseando Fernando Pessoa:ridículas são as pessoas que nunca escreveram cartas de amor;assim como também são ridículas as pessoas que aprenderam, mas não sabem ensinar.

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  6. Eu aprendo lições a cada segundo. Fico contente por vocês: melhoraram da tosse. Que bom!

    Um abraço deste País, que Charles (não o Charlie) de Gaulle nunca dissera a frase, embora atribuída a ele: "Le Brésil n’est pas un pays serieux“.

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    1. A sério?!
      Portugal também não é... felizmente ;O)

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    2. Ah pois, se bem me lembro era " Les Portugais sont toujours gais "

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    3. Mais oui hã!!!
      On disent souvent dans le passé a cause de l'opérette de Alexandre-Charles Lecocq, au début du XXe siècle "Le jour et la nuit":

      Les portugais sont toujours gais
      Qu'il fasse beau, qu'il fasse lais,
      Au mois de décembre ou de mai,
      Les portugais sont toujours gais!

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    4. Mas isso era dantes,
      que agora, é só falar-se em Páscoas
      lilás e cor de chumbo
      daquele que apetece dar no Coelho e semelhantes
      que nos levam o riso sem qualquer rumo.

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    5. Como diz o cartaz da Tuna Meliches, "não à crise!"

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