Com vista a receberem mais uns milhões destinados a realizar mais umas obras de fachada, de encher o olho, alguns municípios devem ter-se interrogado onde poderiam ir buscar esses milhões. A solução encontrada foi a venda ou concessão da distribuição da água, em termos tais que, iludidos pelo brilho do dinheiro que assim entraria nos cofres, assinaram contratos leoninos favoráveis aos concessionários, garantindo-lhes uma taxa de rentabilidade acima do normal, com a agravante de a totalidade do risco da exploração recair sobre o município, o que quer dizer, dos munícipes.
Esta situação vem agora denunciada pelo Tribunal de Contas. Vem tarde, porque os contratos encontram-se em vigor. Vem tarde porque a apreciação que está a fazer agora deveria ter sido feita previamente à celebração dos contratos. É ineficaz porque não tem outro efeito senão alimentar os jornais durante um ou dois dias. É ineficaz porque os presidentes de Câmara que promoveram e subscreveram estes contratos estão bem de vida e livres de qualquer responsabilidade, sequer política, porque já se reformaram, não sendo mais questionados sobre a malfeitoria colossal que cometeram.
Os contratos são claramente lesivos dos interesses dos municípios na medida em que garantem receitas que asseguram ao concessionário uma taxa de rendibilidade anormalmente elevada, receitas essas que não dependem da água consumida mas da água que, segundo o contrato, se previa vir a ser vendida de acordo com projeções de crescimento de consumo irrealistas, sendo que, para atingir estes níveis assim contratualizados, as receitas não cobradas dos consumidores têm que ser pagas pelos municípios. E já há casos em que este desvio é de 20%, ou seja, os consumidores pagam a água consumida segundo tarifas pesadas e a Câmara Municipal paga mais 20% dessa quantia.
Estes presidentes de câmara que celebraram tais contratos deveriam, em minha opinião, ser julgados e, apurada a culpa, ser presos, para assim espiar culpas próprias e servirem de exemplo a outros com igual espírito oportunista.
António Pimpão
A continuar assim, privatizando tudo, vamos acabar como a Palestina a viver à volta das cidades em barracas e tendas. Também eles se iludiram com o brilho do dinheiro que o Judeus fugidos da URSS traziam quando compravam propriedades por belas maquias. O resto já todo o mundo sabe: primeiro a invasão a troco de dinheiro depois a invasão a troco de nada porque a partir de determinado momento a massa crítica é favorável à parte invasora.
ResponderEliminarOutro registo deste fenómeno é o que aconteceu na privatização da água na Colômbia onde as pessoas não podiam apanhar a água da chuva pois esta "pertence " à empresa a quem foi vendida a distribuição de água no País.....
Quando é que esta gente pára para ao menos pensar. Imagine-se alguém que apanha uma molha e tem por isso de pagar a alguém por que traz uma coisa que " não lhe pertence" agarrado à roupa.
Ou que tem de pagar a alguém porque as plantas do jardim " consumiram" um bem propriedade dessa empresa.
Se isto é ridículo nem se questiona, se não fosse tão trágico e tão desumanamente corrupto.
Talvez despertassem se um Estado que o fosse e não um "Não-Estado" como o desses pobres países e como o nosso cada vez mais ameaça tornar-se tivesse coragem de processar essas empresas de cada vez que uma tempestade diluviana arrasa através do que é sua "propriedade" as propriedades dos outros, os seus putativos clientes...
De novo, mudam apenas o espaço geográfico e personagens, mas a história é a mesma.
ResponderEliminarBem, por aqui estão tentando privatizar a Amazônia. Mas quem foi a pessoa que disse tal assertiva: quem não cuida do que é seu... vem o outro e toma?
Esse "amor incondicional" pela Amazônia é sonho de muitos. Em 2006, a Folha de São Paulo noticiou que o governo inglês, "por meio de David Miliband, secretário do Meio Ambiente britânico", divulgou um plano para transformar a NOSSA Floresta Amazônica em uma "grane área privada" (talvez nem nós, da Região, não pudéssemos mais lá pisar. Duvidam?). Isso aconteceu em um evento, reunidos 20 países mais poluidores do Mundo. Vejam bem: os mais poluidores preocupados, agora, com a Amazônia!!!
O plano previa (em qual estágio estará, por detrás dos bastidores?) que uma grande área da Amazônia passaria a ser administrada(?) por um consórcio internacional.
Só sei que olhos bem vigilantes e interessados estão sob o céu e solo da Floresta Amazônica. E certamente não é em prol do interesse coletivo, de preservar o tal "pulmão" do Mundo, até porque estes mesmos que querem preservar(?) a Floresta, estão a "fumar" às escondidas.
Repetindo, quem não cuida do que é seu... vem o outro e toma (isso vale até para casamentos em riscos iminentes rsss)
Na oliveira do meu quintal, não deixo nenhuma multinacional mexer!
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