Dos jornais de hoje: o Eurostat acaba de informar que cada português obteve um rendimento equivalente a 81% da média dos vinte e sete países europeus (UE).
Atrás de nós apenas a Eslováquia (74%) e a Estónia (65%). Na «liderança» o Luxemburgo, com uns espantosos 283%, ou seja, e se a aritmética mais elementar não me falha muito, aí umas três vezes e meia o nosso poder de compra – pois é disso que se trata – cerca de quatro vezes o da Eslováquia e por aí fora…
Claro que, falando em médias, temos de ter sempre sob apertada atenção a velha história da galinha: eu como uma galinha, tu não comes nenhuma, logo, cada um de nós comeu meia galinha. Este comezinho exemplo para dizer que aqueles 81% portugueses, sendo uma média e sendo Portugal o país da Europa com maior agravamento do fosso de rendimentos, adaptado a nós o exemplo da galinha, deve rondar aí pelas nove galinhas para um e uma galinha a dividir por nove, para termos a média de uma galinha por cabeça, que enforma aqueles 81%…
Passando, então, por cima desta circunstância de menor relevância, parece-me bem andar por aqui a resolução dos problemas e desequilíbrios europeus de curto e médio prazos: durante uns mesitos, os luxemburgueses – por directiva comunitária, claro – só poderiam adquirir produtos de origem portuguesa…
Em princípio, nada a dizer. Estamos a falar da zona euro.
Sim, porque fazermos apelos à aquisição dos produtos nacionais em Portugal é uma excelente intenção… Mas comprá-los com quê ou como? E, por vezes até, onde? Para revitalizarmos nós a NOSSA Economia através da aquisição dos NOSSOS produtos mas sem dinheiro para o fazer, ou recorremos a financiamento externo – o que é muito mau, como se sabe… - ou não funciona.
Eis pois, o que me parece uma medida altamente solidária, politicamente correctíssima, altamente integradora e até nada proteccionista, se virmos bem.
Depois, já com o equilíbrio das finanças em todo o espaço europeu, partiríamos para o mesmo esquema em direcção a África, por exemplo… e por aí fora, até atingirmos um mundo de paz e harmonia, afectiva, efectiva e eficazmente solidário e equilibradíssimo.
Tudo sempre pago a preços justos e universalmente definidos, claro.
Por vezes, essa coisa monstruosa a que chamam Economia até me parece, afinal, um elementar brinquedo artesanal, como o cavalinho de pau que os meus pais me compravam nas feiras…
Bem, essa imagem da economia como cavalinho de pau é bem mais bucólica que a imagem que o Paulo Moura dá da economia como peido da avó.
ResponderEliminarMas ainda há luxemburgueses no Luxemburgo? Ouvi dizer que aquilo é tudo portugas...
ResponderEliminar:)
Mesmo sendo poucos, aquilo é tão pequenito que enche.
ResponderEliminarQue seja de facto economicamente importante estimular o mercado interno, dando preferência ao que é cá produzido em vez de se importar, parece-me inquestionável.
ResponderEliminarJá o pormenor do dinheiro necessário para esse efeito é outra questão, uma vez que não se pode substituir as importações dum momento para o outro, pela simples razão de que o nosso tecido produtivo foi em boa parte desmantelado a troco desses patacos que antes nos foram dados e agora são agiotados, ou seja: nada nos foi dado, mas sim e camufladamente emprestado e agora cobrado de volta, não com juros mas com jurássicos, de tal forma grandes que são autênticos dinossaurios T.Rex a engolir tudo o que mexe.
Este tema, o da produção nacional ser imprescindível, foi o meu tema de café e rodada de copos com amigo, alguns dos quais se riam com a alegria dos que pensam ter atingido o ponto alto eterno da História. Com o dinheirinho fresco no bolso por terem arrancando vinhas, oliveiras, etc, só pensavam no conforto que os belos milhares lhes proporcionavam, pensando como todos pensam, que o dinheiro uma vez no bolso se multiplica por ele mesmo e que quinze mil contos, são sempre quinze mil contos, mesmo depois da compra dum belo jeep e dumas férias de sonho na Jamaica.
-És parvo, pá! Não vês que agora a gente tá na CEE e que nã precisamos de produzir, pá! Eles pôem cá tudo, e a gente compra e tá feito.
- Pois, rematava eu com a sensação vencida de quem prega para uma extensão de deserto.- Mas eles vendem, e o que é que a gente lhes dá em troca? O que é que a gente tem que valha dinheiro para pagar isso que eles nos põem aqui? Porque mesmo a baixo preço, as coisas não são dadas, tem de ser pagas...-
Aí a conversa infletia para outros assuntos, pois a abstracção entrava numa esfera de pensamento onde a causa e o efeito não são imediatemente perceptíveis, e o esforço de pensar muito, a quem pensa ter feito um bom negócio, poderia levar a uns súbitos arrepios e rebates de consciência, coisa que não convinha nada na altura em que a euforia mandava e tudo calava.
Agora, como diz o meu querido escriba e mestre, ORca, precisamos de dinheiro e já!!!
O pior é que estamos sujeitos a que não no-lo emprestem se eles desconfiam que com esse dinheiro vamos criar mais produção própria fazendo baixar as suas exportações para o nosso país.
Ou seja, estamos atados de pés e mãos.
E depois num enquadramento destes, como se de uma Ópera Bufa, ou de uma peça burlesca de Ionesco se tratasse, aparece um hipermerceeiro, que estrangulou durante duas décadas a produção nacional, que priviligiou as importações de toda a sorte de porcaria sem qualidade mas a baixo preço, armado em anjinho salvador, promovendo a "produção nacional. Uma entidade que faz promoções, abaixamentos de preços e depois reflete essas reduções de forma unilateral nos produtores, uma entidade que paga quando lhe apetece, uma entidade que faz o ilegal dumping, que usa as lojinhas arrendadas como prospectoras de nichos de mercado e quando vê que os negócios são bons, põe os comerciantes na rua e instala ele mesmo esses negócios, esses tipos, vem mais uma vez meter os dedos nos olhos do ceguinho... e o ceguinho deixa...e ri, e canta com o toni...
Bleghhhh que povo este, meu deus!
Foi este gente que deu novos mundos ao mundo?
Assim de repente veio-me à ideia o "soquete" do assaltante, o qual após ter aliviado a vítima da sua carteira, a abre e deixa cair uma moedinha no chão...- É para o telefone, remata antes de se por ao fresco, enquanto embevecido o assaltado agradece os bons modos do assaltante e diz:- Obrigado...
Faz um post disto, Charlie. É mal empregadinho para ficar só aqui.
ResponderEliminarNem mais!
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