E, de repente, quase voam.
E, de repente, a vida é um sempre-a-abrir.
E, de repente, tudo é elementar e o mundo curva-se à sua passagem.
E, de repente, nem há regras, nem contenções, nem limites.
E, de repente, a altíssima cilindrada de um motor surge como um destino proposto pelos deuses da glória fácil.
E, de repente, a vicissitude.
E, de repente, o imprevisível.
E, de repente, o nada.
No mesmo espaço temporal, uma menina de oito anos, num outro recanto do mundo, é feita explodir, sozinha num meio de rua, por grosseiro erro de cálculo – que seria sempre grosseiro, mesmo sem erro – de quem lhe rodeou o corpo frágil de bombas cruéis e cegas, a que aquele frágil corpo não poderia estar alguma vez afeiçoado.
E, de repente, o nada.
E fica-me tão só uma espécie de sensação de desperdício. De imenso desperdício… De tão diverso e gratuito desperdício…
Eu chamaria a ambos os casos estupidez... além do desperdício.
ResponderEliminarCuriosamente e no caso patente dos suicidas, coloco-me espectador, do lado de fora. E olho com o mesmo opinar de estupidez; quer os que do "nosso" lado se sacrificam em nome da nobreza duma causa, dando a vida por ela e recebem a nossa admiração e o título de heróis, quer os outros que do lado de lá se explodem em nome da "ignomia" da sua causa e recebem o nome de terroristas.
ResponderEliminarDiferente coisa chamo ao facto de encher uma criança de explosivos: é um crime cobarde em qualquer circunstância...
Azar? Haverá azar quando rebenta um pneu e se morre em consequência dum acidente?
Ou é sorte quando nessa circunstância se vida com vida e "apenas" com uns ossos partidos?
Há dois dias tive sorte: mesmo ao pé da minha casa, um condutor deixou-se dormir ou teve um percalço de saúde qualquer, e saiu da sua mão mesmo direitinho a mim. Por "sorte" não foram as minhas buzinadelas aflitivas que o desviaram nem a minha falta de resolução pois do lado contrário, uma fila de carros em movimento também me impediam de me desviar dele. Um providencial acesso para um portão fez o seu carro encaixar-se como se de um desvio de emergência se tratasse e com o embate ele despertou. Sorte disse eu, azar disse ele aflito e desorientado..- não sei o que me aconteceu...ia bem e de repente isto.... tenho o carro partido..-
- É melhor ir ao centro de saúde, disse-lhe ja na despedida. voce pode ter tido uma pequena paragem cardiaca ou outra coisa qualquer...
Se seria sono ñão sei, era quase uma da tarde
Chamas crime ao que eu chamo estupidez. És mais radical.
ResponderEliminarUma criança apetrechada de bombas é um crime....
ResponderEliminarEu chamei-lhe estupidez (de quem lhe pôs as bombas, claro).
ResponderEliminarsim.... claro páh!!! :S(
ResponderEliminarDesperdício, sim.
ResponderEliminarFanatismo, o que deu origem à morte da criança, certamente. E o fanatismo é sempre estúpido e criminoso.
Quanto ao rapaz, nem sei... Quantos de nós já não excedemos o limite de velocidade ou não usámos cinto ou... sei lá bem! Sei que nada justifica uma morte e que, numa sociedade desprovida do fanatismo religioso que tudo justifica, deve ser uma dor avassaladora, para uma mãe, uma irmã ou uma amiga,ficar sem um filho, um irmão ou um amigo. E ouvir a tal sociedade que, por vezes, não sendo fanática, toca o radicalismo, justificar a morte com um "bem feita, não estava a usar cinto" ou um "quem manda carregar no acelerador, vedetazinhas da treta?" não lhes deve ser nada fácil...
Para a família e os amigos, claro que é. Para quem vê as coisas de uma forma menos emocional, nós (todos) procuramos voluntariamente, muitas vezes, a desgraça.
ResponderEliminarE, de repente, curtir a vida é bom. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarUm abraço para o Brasil!
ResponderEliminarCurtir a vida, claro. De repente e sempre. Mas sem pressas. Apenas com a premência que a vida tem. Sem as urgências que a não-vida inventa e que nos constrangem o viver.
ResponderEliminarOutro abraço para o Brasil!
ResponderEliminarEi, mêrmão! Esses braços são meus!
ResponderEliminar