outubro 26, 2013

«Manuela Ferreira Leite» - António Pimpão

Acabei agora [24/10] de ouvir a entrevista a Manuela Ferreira Leite à TVI24 e a sensação que deixa é que se sente bem no papel de crítica do governo, o que lhe dá audiência. Afora isso, só diz banalidades, para mais num português muito mal encarreirado, em que tropeça a cada momento.
Mas ouvi dela um comentário que me parece errado. Referiu que se Portugal for para um programa cautelar, não o poderá fazer sem o apoio do BCE (óbvio). E que esse apoio do Banco Central Europeu (BCE) envolverá suportar uma parte dos juros da dívida pública, para que esta não saia muito cara.
Ora, de todo que as coisas não funcionam assim. O BCE não irá intervir no mercado primário, ou seja, não comprará títulos da dívida no momento em que esta for colocada pelo governo português, aliás está estatutariamente impedido de o fazer. Poderá, isso sim, é intervir depois, no mercado secundário, comprando dívida portuguesa aos seus detentores, caso as taxas de juro neste mercado estejam a subir. Consequentemente, o governo não poupa nada com este tipo de intervenção do BCE, pois a taxa de juro que terá que pagar a quem quer que seja que detenha os títulos nas datas do vencimento dos juros é (sempre) aquela que foi acordada na data da emissão da dívida, ou seja, na colocação primária (primeira).
Claro que a intervenção do BCE tem a sua utilidade na vertente moderadora, sobretudo para evitar que as taxas de juro no mercado secundário subam para níveis especulativos e, dessa forma, poderem influenciar mais tarde, para cima, as taxas de juro em futuras colocações de dívida pública.

António Pimpão

2 comentários:

  1. Nunca percebi a razão pela qual não se faz o Benchmarking praticado em outros locais do mundo. A "limitação" do BCE, traz que vantagem???
    A quem e a quê?
    Olhem para os ultra-liberais do outro lado do mar. Os Estados não têm todos a mesma performance económica, mas ao fazerem parte de uma moedo-lândia, a superestrutura politico-económica trata internamente as "idiossincrasias" particulares de cada membro tendo sempre como objectivo o desempenho global. Obviamente que não resolve situações como as que aconteceram por exemplo em Detroit, mas evitaram que a Califórnia se transformasse numa Grécia embora o seu défice fosse várias vezes superior.
    Esta punção castigadora, Luterana ou Calvinista, fundamentalista com o inferno e a punição sempre agitados diante dos pecadores não nos leva a lado nenhum, é uma auto estrada para a desgraça sem passar pelo purgatório.
    E como não há Bem que sempre dure nem Mal que nunca acabe, cá estaremos para ver onde isto tudo nos leva. A certeza que tenho é de que - à parte um pequeno recuo para tomar embalagem- ninguém faz uma subida se o seu sentido de marcha for sempre a descer

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E que estamos a descer uma ravina engatados em marcha atrás, isso estamos.

      Eliminar