Miguel Torga criou, a partir da lenda da figura do Abafador, uma personagem brutal e impressionante, num dos seus Novos Contos da Montanha.
Baptizou-a de “Alma Grande”.
Homem corpulento e forte, era uma figura prestigiada e respeitada na aldeia, mas ao mesmo tempo sinistra e temida. Quando um moribundo se encontrava às portas da morte, o Alma Grande era chamado pela família para que este lhe apressasse o fim e lhe acabasse com o sofrimento.
Sobretudo, que apressasse o sofrimento dos familiares já cansados de esperar pelo desfecho fatal do doente...
O moribundo quando o via entrar no quarto ainda tentava, em vão, reunir as últimas forças para escapar à morte por asfixia que o Alma Grande em pouco instantes lhe iria provocar colocando-lhe as mãos violentamente no tórax até lhe esmagar as costelas contra os pulmões.
Também o FMI, que nos visitou a pedido de economistas prestigiados e da verve popularucha de Medina Carreira, trouxe na sua bagagem as receitas asfixiantes da nossa independência com ilusórias promessas de cura.
Todavia, bem o sabemos, o FMI não é mais do que um sofisticado Alma Grande, conhecido pela eficácia da sua força em apressar o estertor dos países moribundos.
Sob o pretexto de nos acabar com o sofrimento, mas, na verdade, para satisfazer o desejo dos abutres que pairam esvoaçando em nosso redor, cansados de esperar pelo momento de nos devorarem...
Rui Felício
Contra os cabrões, marchar marchar!
ResponderEliminarWindoh
ResponderEliminarFeliz Natal
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