Ocorreu-me o conhecidíssimo poema
de Carlos Drummond de Andrade, Quadrilha (honni soit…), ao atentar no
imbróglio de afectos em que a direita institucional se enredou e da qual apenas
um grandíssimo golpe de asa lhe permitirá libertar-se. Senão veja-se:
- Cavaco Silva não gosta nem nunca
gostou de Passos Coelho;
- Passos Coelho apenas mantém uma
relação de conveniência com Paulo Portas;
- Paulo Portas nunca morreu de
amores por Passos Coelho e menos ainda por Cavaco Silva;
- Cavaco Silva sempre lhe pagou,
aliás, na mesma moeda;
- Nenhum deles gosta, um
bocadinho que seja, de Marcelo Rebelo de Sousa;
- Marcelo Rebelo de Sousa tem
pregado ferroadas ao rés do achincalhamento a todos eles, desde sempre e muito
particularmente nos mais recentes anos da desgovernação Passos-Portas;
- Seria de esperar que um outro
alguém pudesse emergir deste caldo, mas que nada tivesse a ver com eles – o que
não se antevê, para breve, coisa fácil.
Posto isto ou apesar disto, estão
todos eles confrontados com a necessidade urgente, imperiosa e absoluta de
apoiar, no imediato, Marcelo Rebelo de Sousa na campanha para a Presidência da
República… no que nenhum deles, francamente, parece estar a empenhar-se com um
pingo de convicção, até pela inexistência (aparente) de um qualquer projecto comum.
Marcelo conta, para esta
campanha, com a certeza da lebre que, afinal, perdeu a corrida com a tartaruga.
Isto porque conta com a simpatia e o apoio da direita, enquanto pensamento
político, mas conta também com o indisfarçável antagonismo dos protagonistas do
poder dessa mesma direita.
Personagem mediática, simpática
q.b., e, daí popular bastante, no entanto com uma equidistância mais do que
periclitante ou duvidosa face ao espectro político nacional - o que sempre
esteve claro na sua longuíssima campanha através da TVI -, resta-lhe aguardar
que o tempo passe, para que não perca votos de cada vez que, da sua «área política»,
se produza qualquer manifestação de sofrimento pelo poder perdido, a qual, inevitavelmente,
lhe perturbará imagem e percurso, como já tem sido patente, público e notório,
nas últimas semanas.
Isto sem considerar que haja até
quem queira aproveitar, deliberadamente, o ensejo para lhe devolver, com juros,
as facadinhas, os remoques, as críticas, as piadinhas e outros desvairados
mimos em que o professor Marcelo sempre foi pródigo, na sua senda de «animal
político».
Um certo espírito de
ressabiamento militante em que a direita se encontra traumaticamente mergulhada
desde que lhe abanaram a cadeira do poder, onde se considerava em segurança
perene, não lhe permite enxergar para além do seu próprio umbigo em sofrimento.
E, aí, pelos vistos, as quezílias internas prevalecem sobre qualquer
racionalidade.
Pelo que se vai vendo, nem se
equaciona a possibilidade do consabido exercício do sapo engolido. Porventura
porque já não haverá, por parte da direita, espaço para mais este batráquio a
engolir.
Ao professor Marcelo resta-lhe a
empatia muito própria com as velhinhas e os medalhados de Portugal ou as
fluidas águas dos rios de afectos que cultivou, prazenteiramente. Já ganhou,
dizem? Não me parece que seja bastante…
Por aqueles lados, aquilo está mesmo muito confuso...
ResponderEliminarJá parece o teu Bordel. Quando lá vai a rusga e leva o putedo e clientela toda na ramona, assim que chegam à esquadra o único que é a puta, é o Alentejano. Elas são todas esteticistas, recepcionistas, cabeleireiras e manicuras..
ResponderEliminarÓ ó,
O meu bordel é fundo mas não é largo!
Eliminarefeitos colatrais... que vão dar que falar.
ResponderEliminarabraço