junho 29, 2011
Em jeito de epitáfio: - Não devia ser para tão pouco que uma mulher pare um filho…
junho 24, 2011
Walid El Sayed - «Sou da geração do basta»
junho 22, 2011
«Debtocracy (Dividocracia)» - legendado em português
Parte 1 (45 minutos)
Dividocracia (Debtocracy) - Parte 1 - Legendas... por Josespa
Parte 2 (30 minutos)
Dividocracia (Debtocracy) - Parte 2 - Legendas... por Josespa
Poder ou não poder de compra
junho 21, 2011
Carta de Intenções
Este post que escrevi em 2008, talvez se adapte a todos os tempos mas certamente e de forma especial a estes momentos dificeis que atravessamos. Cuidado, peço a todos, cuidado com os Messias...
Faz já um bocado que lá fora, após a passagem duns vultos brancos, as luzes se apagaram e é à luz de um coto de vela que secretamente escrevo estas linhas.
Levantei-me esta manhã com a certeza de ter nas mãos
o passo seguinte, o mais importante talvez, da Humanidade.
Durante anos li, estudei, comparei as evoluções das Sociedades e as suas degenerações.
Interiorizei como tantas vidas, em vez de cumprirem o destino elevado da sua condição humana, se perderam inutilmente em miséria e sofrimento.
Em vez de amor, poesia e uma existência dirigida ao crescimento interior, apenas o seu contrário: a perpetuação da escravidão, corrupção e prepotência, ódios e guerras derivadas dos interesses quase sempre de minorias de que resultou o Homem espartilhado, limitado, prisioneiro entre fronteiras.
As fronteiras... Essas fontes desnecessárias de permanente tensão, quando afinal somos todos homens e mulheres do Mundo que apenas desejam ser felizes e cuja única fronteira natural é o limite da vida em felicidade sempre pronta a ser expandida mais além.
Por isso, reflectindo esta ânsia da Humanidade que tem sido mantida quase subliminar, e bem ponderadas as acções a empreender, tomei a firme decisão de dar este passo.
Sei que durante os primeiros tempos terei de usar a força para impôr tão elevados princípios, e quiçá fazer uso disto que mais detesto: a Guerra! Mas não vejo outro meio de, no espaço curto de uma vida, produzir um resultado tão importante e pelo qual toda a Humanidade aspira desde os seus primórdios.
O fim justifica amplamente os meios!
Arrancarei ainda este ano com as minhas Forças, destruindo fronteiras, derrotando exércitos, e num arraso desta podre Ordem antes instituída, levarei por todo o lado os grandes e generosos ideais que farão o Homem finalmente cumprir o seu destino.
Quando todo o Mundo estiver conquistado, por cima dos maiores monumentos olharei o Sol de frente e sob a minha coroa de Imperador abrirei as mãos num gesto generoso de abnegação do poder e em completa dádiva. Finalmente um coro de milhões de seres, numa fraternidade humana ciente da sua igualdade, elevar-se-á aos céus em hino de alegria e liberdade.
A Humanidade entrará numa nova etapa, as artes florescerão, os amantes serão os novos Senhores da Terra e o sorriso será o rosto de cada ser humano. Finalmente começará a ser escrita a nova e eterna página gloriosa da sua História colectiva.
É esta a minha missão. A missão da minha vida.
Agora vou pousar a caneta, apagar a vela e as sombras dançantes que projecta no corredor e deitar-me, pois amanhã cedo encetarei todo o processo que levará a Felicidade à conquista do Mundo.
Esperem por mim, pois em breve estarei ao vosso lado.
Ah...quase que me esquecia de apresentar-me.
Vosso servidor, sou
de meu nome abaixo assinado:
junho 20, 2011
Ena, pá, tanta água em Mangualde…!
junho 19, 2011
Verdade ou Consequência
Um gajo chamado Paulo Morais que, fiquei agora a saber, foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto afirmou perante outras câmaras (as de televisão) que o principal centro de corrupção deste país chamado Portugal é nada mais nada menos do que a Assembleia da República.
Ou seja, o indivíduo aponta para um dos principais pilares do sistema democrático como um dos seus principais cancros, com o beneplácito, entre outros, do Bastonário da Ordem dos Advogados (também presente na ocasião).
Das duas uma: ou o Paulo Morais sabe do que está a falar e pode prová-lo e estamos perante um assunto demasiado sério para ser remetido para o momento fait divers dos noticiários ou, assim seja, trata-se de mais um papagaio irresponsável dos que minam a credibilidade da democracia por lhes prestarem demasiada atenção.
Em qualquer dos cenários possíveis acima, ou eu estou mesmo a tornar-me num outsider disto tudo ou deveriam produzir-se consequências.
Começo pelo cenário aparentemente menos grave para o país.
Podemos então pressupor que o tal Morais é um daqueles fala-baratos que se empoleiram num qualquer palanque de circunstância e manda umas bocas para chamar as atenções.
Bom, nesse caso, o tal Morais é uma ameaça para a Democracia porque ao enxovalhar os seus órgãos representativos está, por inerência, a enxovalhar o sistema no qual pelos vistos até já protagonizou um cargo com alguma relevância mesmo em termos nacionais. E então será normal prever que o fulano vai ser chamado a uma comissão parlamentar de inquérito para fazer prova das suas alegações e, neste cenário, ter que desmenti-las e sofrer as consequências legais das suas difamações de um todo que engloba centenas de potenciais suspeitos.
Mas existe a hipótese sinistra de o Paulo Morais ser afinal um homem que sabe demais e por algum motivo entendeu tornar públicos os seus conhecimentos na matéria, embora sejam sempre de desconfiar as acusações atiradas a eito para uma plateia sem nomes que as possam consubstanciar.
Se esta for a realidade factual estamos perante uma acusação da maior gravidade pois a corrupção ainda é um crime e trata-se de um problema de consequências imprevisíveis pelo que pode representar.
Nesse caso, julgo eu, impõe-se na mesma chamar o Paulo Morais perante um qualquer mecanismo da Justiça que lhe imponha a concretização das suas insinuações, nomeadamente pela nomeação directa das pessoas envolvidas e dos exemplos concretos da tal corrupção que estará sediada num, senão no, mais importante dos mecanismos de defesa desta Pátria e da sua população.
O que me assusta no meio disto tudo é a reacção relativamente indiferente da Comunicação Social ao teor de uma acusação tão séria à Assembleia da República. Relegando um facto destes para um plano secundário só podemos concluir que ou os jornalistas são todos uns imbecis (o que alguns até parecem comprovar) ou estão de alguma forma coniventes com o tal fenómeno de corrupção que um tipo que nem é um ilustre desconhecido alega, não é o Coelho da Madeira ou assim, e assobiam para o lado de forma displicente e que os torna suspeitos de cumplicidade num esquema organizado de destruição do país (sim, é esse o efeito da corrupção por onde ela passa).
Seja como for, eu sou um cidadão português e preciso de acreditar em duas coisas: que a Assembleia da República é constituída pelos representantes eleitos pelo povo de que faço parte para falarem e agirem por mim (e eu não pactuo com a corrupção) e é uma instituição na qual posso depositar a minha confiança e, a segunda coisa, que a Justiça deste país possui os meios ao seu alcance para averiguar de imediato a veracidade das alegações do Paulo Morais e, uma vez apurados os factos, dar início à punição dos (alegados, eu sei) prevaricadores.
Se falhar qualquer das duas convicções acima enumeradas resta-me optar entre a emigração, a apatia cobarde ou a luta armada.
junho 17, 2011
Se calhar o Lex Luthor é de Olhão...
Quando nós, sociedade, confiamos a alguns de entre nós os super-poderes realistas que julgamos necessários para combater os diversos males gerados pelas sinergias negativas de grupo, coisas que não sendo equivalentes a uma força sobre-humana ou à visão de raio X constituem uma entrega efectiva da custódia e mesmo da aplicação prática dessa vantagem sobre os restantes, por exemplo a decisão de punir ou de libertar pessoas acusadas de crimes e assim, nós, sociedade, pressupomos que existem mecanismos sérios de filtragem ao longo do caminho a percorrer por esses super cidadãos.
A ideia é impedir que esses super-poderes caiam em mãos erradas, pelo risco que implicam de subverter qualquer sistema pela raiz, pelo próprio fundamento que o sustenta. Por isso, quando uma magistrada é apanhada a conduzir embriagada e em contra-mão ou dez candidatos a juízes são apanhados no copianço nós, sociedade, sentimos uma estranha necessidade de ver essas pessoas privadas dos tais atributos que devem utilizar a nosso favor, o da sociedade, mas podem preferir contra.
Uma das formas mais estupidamente simples de avaliar o carácter desses futuros ou presentes super cidadãos é a observação dos seus actos. Se alguém é apanhado a cometer um crime ou apenas uma fraude, não precisamos de ter um canudo para ficarmos com a ligeira impressão de estarmos perante alguém sem qualidades para exercer as funções tão vitais que precisamos bem cuidadas.
Ao decidirem passar uma esponja sobre o ilícito moral da dezena de trafulhas, permitindo-lhes o acesso ao arsenal, os responsáveis por tamanha ignomínia comprovam-se eles próprios incapazes para o seu papel de barreira de protecção contra os medíocres que possam atingir esse patamar tão elevado do qual, depois de munidos da força e da imunidade que nós, sociedade, pretendemos entregar a uma elite de gente boa, inteligente e honesta, podem tornar-se uma séria ameaça.
Não sei quantos cúmplices por inerência, os que decidiram dessa forma ignóbil, se aliaram ao gang xerox quando ignoraram a responsabilidade que lhes foi, indevidamente, atribuída.
Mas por mim nem um dos intervenientes nesta farsa sem juízo e sem vergonha merece a confiança necessária para fazer parte directa ou indirectamente da Justiça.
Depois de infiltrados no sistema são eles a krypnonite que o enfraquecerá de forma sistemática até outros o poderem liquidar.
junho 16, 2011
Copia, futuro magistrado, e serás recompensado.
Mais: copiar dá direito a tirar positiva. Um reles 10, mas positiva.
Moral da história? Vale a pena ser sacana.
E quando um Bastonário vem apelar ao justo castigo para os prevaricadores (que não são meros intrujões, são burlões que pretendem, um dia, zelar pela justiça deste país), aqui d'el rei que o homem também deve ter copiado (falácia, senhores, FALÁCIA!!!!) e que se limita a perseguir a classe profissional dos magistrados.
Às vezes, mais do que a conta, só me apetece desatar à estalada.
Isto já é de Maio de 2010...
Perdidos
Avisto-os aqui da secretária, se esticar o pescoço e olhar para a direita: são sempre entre dez e quinze, têm todos entre 16/17 e vinte e (muito) poucos anos, ar de gunas e nada que fazer. Passam infindáveis horas repartidos por dois dos bancos do enorme jardim à frente do meu prédio e vão repartindo o tempo entre o jogo da sueca, os cânticos que insultam um clube de futebol e muita cerveja. Quando partem, deixam vidros no chão e os bancos vazios: nunca vi mais ninguém ocupá-los.
Moram dois ou três quarteirões acima, num bairro (não no sentido portuense do termo, de bairro social, mas de bairro enquanto zona de uma localidade) que ali estava muitas décadas antes de estes prédios terem ocupado o lugar de campos de lavoura. São filhos de ninguém: desconhecem regras, horários ou a necessidade de fazer pela vida. São mal-educados, falam alto, sujam tudo mas fazem festas aos cães.
Um dia, pu-los em debandada porque deram pontapés num caixote do lixo até o fazer cair do poste onde ele estava agarrado (surpreendentemente, a vizinhança age como se eles fosse invisíveis e silenciosos, ignorando-os e passando ao largo); voltaram mais tarde, vi-os aqui da janela do escritório, para o pôr no sítio. Não sei se foram eles que me riscaram a porta do carro, mas tenho a certeza que lhes ganho o respeito de cada vez que passo rente ao grupo e não me importo que a Petra se aproxime.
Não gosto deles nem do barulho que fazem nem da indolência que personificam. Mas não posso deixar de me compadecer com o ar quase feliz com que vêem passar uma vida que não têm capacidade de agarrar. E, só por isso, quase me apetecia mandar deitar a Petra, sentar-me com eles, jogar uma cartada, partilhar uma mini e perceber como é que se acabou assim, sem sequer se ter começado.
junho 14, 2011
Tradução das máscaras
Outra vez a mulher de César, agora com os votos já contados.
junho 13, 2011
A posta numa justiça menos cega
junho 12, 2011
«A Sustentabilidade da Segurança Social» - por Diogo Oliveira - 2ª parte
Capítulo I
Questões e uma resposta
Capitulo II
1. Introdução
No primeiro capítulo analisámos a sustentabilidade do subsídio de desemprego e da pensão de reforma. A tese apresentada defende, entre outros, que o valor pago a título de pensão de reforma ou subsídio de desemprego devia ser igual ao salário mínimo nacional.
Tal facto é sustentado com o facto de, tanto num caso como noutro, haver uma mudança radical na actividade desenvolvida. Também tem como base o princípio de que todos os cidadãos deverão ter um tratamento igual pelo Estado.
No presente capítulo vamos analisar os restantes esquemas de protecção e benefícios atribuídos pela Segurança Social.
2. As duas vertentes da Protecção Social
A Segurança Social faz a protecção dos seus beneficiários de acordo com dois esquemas:
A) Um esquema individual e personalizado – Os cidadãos poupam para consumir num momento futuro; falamos essencialmente na pensão de reforma. Ao longo da sua vida activa, cada indivíduo acumula um dado capital que lhe vai garantir uma pensão até que a morte ocorra. O cálculo do prémio a pagar tem a ver com o valor da pensão que se pretende obter e com a esperança média de vida da população. Isto implica que, se um cidadão desconta durante 20 anos, não pode ter direito ao mesmo valor do que um que desconta durante 40. Atenção, é uma lógica puramente objectiva, não se está a defender que quem não descontou não vai ter direito a uma pensão de reforma ou sobrevivência, esse tema será analisado posteriormente.
B) Um esquema mutualista – Os cidadãos pagam um prémio para cobrir um risco incerto. Cabem neste esquema, fundamentalmente, o subsídio de desemprego e o subsídio de doença.
A Segurança Social ainda administra outros benefícios. São subsídios discricionários, ligados à política económica e que pretendem influenciar as decisões individuais ou melhorar a situação económica de classes mais desfavorecidas. Falamos de subsídios como o abono de família, inserção no mercado de emprego, de sobrevivência, etc.
3. O subsídio de doença
A doença é uma fatalidade que ocorre inesperadamente e que obriga a uma interrupção involuntária e temporária na actividade de um indivíduo. Constata-se desde logo a diferença entre o subsídio de doença e o subsídio de desemprego: embora os dois não dependam da vontade individual, um é uma interrupção temporária e outra é definitiva.
Além do carácter temporal da doença, deveremos entrar em consideração que normalmente a doença obriga a um acréscimo da despesa, independentemente dos actos médicos e curativos serem suportados pelo SNS ou um qualquer esquema de protecção privado. Logo, os prémios a pagar devem estar indexados aos rendimentos individuais.
Tendo em consideração o exposto, conclui-se que neste caso a TSU deve também incluir, além de um valor fixo que cobre a pensão de reforma e o subsídio de desemprego, uma percentagem do ordenado para cobrir o subsídio de doença.
4. O cálculo da Taxa Social Única
A tese que de seguida se apresenta continua a basear-se em métodos quantitativos puros e no rigor das estimativas efectuadas, à imagem do que é feito pelas companhias de seguros.
As companhias de seguros criam fundos autónomos para cada risco que pretendem cobrir. Se criam um fundo de reforma, esse fundo é exclusivo do que se pretende cobrir e não é misturado com outros fundos. Presume-se que a Segurança Social fará o mesmo:
Fundo de reforma – Calcula-se o valor da poupança mensal de cada individuo, com base no cálculo actuarial (presumo que todos os leitores sabem o que é o calculo actuarial, para os menos familiarizados, aconselho uma rápida pesquisa na internet). Os valores acumulados permitirão criar um fundo que garantirá o pagamento da reforma quando o cidadão atingir a idade que lhe permite obter esse benefício.
Fundo de desemprego – Calcula-se o valor para cobrir a taxa de desemprego considerada normal, adiciona-se o factor de risco para situações económica desfavoráveis em que a taxa de desemprego seja superior e calcula-se o montante mensal a pagar por cada indivíduo abrangido. Quando a situação económica é favorável e a taxa de desemprego inferior à normal, existirá um superavit do fundo que será utilizado em situações desfavoráveis.
Fundo de doença – Com base no passado calcula-se o índice normal da população que estará de baixa e, em consequência, calcula-se a taxa que se deve aplicar a cada rendimento para cobrir esse índice. Esta taxa deve sempre incidir sobre o rendimento bruto, porque quando o cidadão está de baixa devem continuar a pagar-se os impostos e a alimentar o fundo de reforma e de desemprego.
Conclusão – A actual Taxa Social Única deve ser dividida em duas: uma taxa fixa que se destina a pagar as protecções que são iguais ao salário mínimo e uma taxa percentual que se destina a cobrir as protecções associadas ao rendimento bruto. Com os computadores actuais todos os cálculos implícitos nesta tese são relativamente fáceis de realizar assim como a divisão da taxa em duas. Também não se vislumbra qualquer dificuldade adicional nas organizações que actualmente se substituem ao Estado na cobrança das taxas.
5. O cálculo das protecções sociais
Como enunciado no ponto 2, a Segurança Social também tem mais duas componentes, uma de solidariedade social para com os mais desfavorecidos e outra de política económica que pretende influenciar as vontades individuais através da discriminação criada pelos subsídios. A meu ver estas vertentes não têm nada a ver com a Taxa Social Única e, se dependem de uma decisão pública ou da vontade pública, então o seu financiamento deve vir do Orçamento Geral do Estado.
E então como é que se garante a sustentabilidade da Segurança Social?
É relativamente simples, e vou dar apenas um pequeno exemplo prático. Imagine-se que um dado governo decide atribuir um abono às famílias com filhos até aos quinze anos de idade. Devemos neste casos seguir os exemplos das companhias de seguros: calcula-se a responsabilidade actual dessa política e o Estado deve entrar imediatamente com o capital necessário para cobrir o fundo criado para esse efeito.
Por protecção social entende-se um leque variado de protecções, inclusive a pensão de reforma ou sobrevivência para aqueles cidadãos que, por motivo devidamente justificado, se viram impossibilitados de contribuir para a sua reforma.
Qual a a vantagem da criação destes fundos?
Demonstra-se matematicamente que a criação deste fundo é economicamente indiferente: se a responsabilidade está assumida, o seu pagamento torna-se obrigatório, é só uma questão de alocar desde já os meios financeiros necessários ou alocá-los na altura do pagamento. A criação do fundo implica desde logo que a geração actual tem de ter o capital necessário para aplicar as suas políticas e não deixar para as gerações futuras um compromisso que elas não decidiram.
6. Os custos administrativos
A Segurança Social necessita de trabalhadores, gestores e equipamentos dispendiosos, hardware e software topo de gama. Aqui também há muito trabalho a fazer. A Segurança Social deve efectuar o cálculo do custo de administração de cada fundo.
Como dividimos a actual TSU em duas, cada uma destas taxas, além dos pagamentos a efectuar para a cobertura dos riscos e dos benefícios, terá um pequeno suplemento para os gastos de administração.
O Estado também terá de pagar o custo administrativo por implementar políticas sociais (nunca se esqueçam que o Estado somos nós, e que o dinheiro que o Governo utiliza é o “meu” e o” teu” dinheiro).
Como vivemos numa sociedade capitalista e a iniciativa privada também faz a cobertura de riscos similares, o custo administrativo da Segurança Social nunca poderá ser superior a um custo idêntico que seja efectuado pelas seguradoras privadas. O rigor e a competência exige-se e impõe-se.
7. Notas finais
Nestes dois capítulos tentou-se afastar a subjectividade e as opiniões pessoais. Nem sempre foi fácil ou possível. No entanto, penso que se conseguiu atingir o objectivo proposto.
Uma das críticas que será de imediato feita a esta tese é que retrata um cenário ideal sem aplicação prática porque não existe dinheiro para assegurar a transição do modelo actual para um modelo sustentável. Além disso, estamos em crise e como tal devermos aguardar que a economia esteja em expansão.
A resposta é:
Qualquer mudança exige sacríficios. Quando a economia estava em expansão também nunca houve dinheiro nem vontade para mudar. Aproveitemos então a crise para mudar.
Finalmente um pouco de subjectividade:
Uma ajuda ao actual Governo: queremos baixar a TSU para sermos mais competitivos? Então acabem com os 23.75 % de descontos da entidade patronal, calculem qual o valor dos descontos a efectuar pelos trabalhadores tendo como base um modelo semelhante ao aqui proposto. Obriguem a entidade patronal a aumentar os salários no montante do novo desconto e depois cobrem esse valor directamente ao trabalhador. Consegue-se o mesmo objectivo de aumentar a competitividade do país pela diminuição do factor trabalho e alocam-se correctamente os custos e as receitas das políticas sociais.
Figueira da Foz, 11 de Junho de 2011.
Diogo Oliveira
junho 08, 2011
Falácia 'ad hominem', Dra. Ana Gomes!!!
Claro que, para perceber isto, era preciso que possuísse a capacidade de ter vergonha na cara, mas não se apoquente, para a próxima elaborarei e proporei um curso rápido de Ética elementar que, ao que vejo, seria muitíssimo útil.
junho 07, 2011
Proposta no programa do PSD... e algumas propostas minhas
Acho bem. Já agora, proponho eu que:
- Haja estas facturas virtuais para todos os serviços prestados pelo Estado;
- E, para ser tudo completo, que seja passada também uma factura virtual aos contribuintes por tudo o que pagam aos beneficiários de benesses do Estado (ajudas de custo, pensões, carros de serviço, combustíveis, cartões de crédito, despesas de representação, viagens, alojamento, etc.)
- Passem a estar disponíveis, para consulta dos cidadãos, todos os relatórios e contas anuais das fundações com capitais públicos, institutos públicos e empresas públicas;
- Seja criada uma entidade que responda de forma pública a questões e pedidos de esclarecimento colocados pelos cidadãos, também de forma pública.
Reflexões pós-eleitorais – dos eleitores às sondagens
junho 06, 2011
«A Sustentabilidade da Segurança Social» - por Diogo Oliveira - questões e uma resposta
Paulo Moura - "Finalmente, temos alguém que possa rivalizar com o Bagão Félix neste tema! E agora que já me passou o efeito das eleições, uma perguntita: Diogo, tu assumes que a TSU é para a pensão de reforma e para o subsídio de desemprego. Mas... e a componente de saúde e apoio na doença?"
Diogo Oliveira - "Paulo, esse seria o segundo capítulo da tese.
Continuas a pensar dentro do actual quadro legal. A minha tese rompe com esse quadro. A constituição defende uma saúde tendencialmente gratuita. E eu pergunto: O que é a saúde? É ir ao hospital levar uma pica? E um cidadão quando está em convalescença, não será saúde? E então o apoio na doença deve estar debaixo da Segurança Social ou do SNS?
A tese que eu apresento começou por se aplicar apenas à reforma, mas depois apercebi-me que a poderia alargar ao subsídio de desemprego, porque temos para ambos como rendimento o salário mínimo. Tanto no subsídio de desemprego como na reforma existe a mudança radical de situação de vida, que é a perda do emprego. Na doença é uma paragem repentina dentro do mesmo emprego, não faz sentido indexá-lo ao ordenado mínimo, especialmente quando talvez ainda seja necessário um acréscimo de rendimento.
Não há hipótese de a SS ser sustentável se o valor dos descontos é 34.75 do teu ordenado e tu com isso queres pagar tudo e mais um par de botas. Há coisas que terão de ser pagas via IRS. O Estado está cheio de esquemas Ponzi, este é o mais gritante, e quando a bolha rebentar ninguém vai ficar ileso."
Legislativas 2011 - venceu a abstenção...
o resto já se previa
junho 05, 2011
«A Sustentabilidade da Segurança Social» - por Diogo Oliveira
Pressupostos:
1 – Todos os cidadãos são iguais perante o Estado.
2- Todos os cidadãos devem ter um nível de vida digno. O salário mínimo nacional deve garantir essa dignidade
Introdução:
As perguntas que se fazem e as respostas possíveis:
Se todos os cidadãos são iguais perante o Estado, porque é que este paga mais pensões de reforma e subsídio de desemprego a uns cidadãos que a outros?
A resposta que todos darão é: Porque há cidadãos que descontam mais do que outros.
Então porque é que não descontam todos o mesmo?
Porque por um princípio de justiça e solidariedade quem ganha mais deve descontar mais!
Então mas a TSU é uma taxa ou um imposto?
Proposta:
Os cidadãos só devem contribuir para uma pensão de reforma e um subsídio de desemprego equivalente ao salário mínimo nacional. O Estado, para ser justo para com todos os cidadãos, deve pagar exactamente o mesmo subsídio de desemprego e pensão de reforma a todos os seus cidadãos.
Um dos principais objectivos de um Estado actual é garantir um salário mínimo nacional digno a cada cidadão e não pagar mais a uns do que a outros só porque uns podem descontar mais do que outros.
Se um cidadão ganha mais do que o salário mínimo nacional é da sua responsabilidade e não do Estado poupar para uma velhice ou um desemprego involuntário mais desafogado.
A ilusão económica dos descontos da entidade patronal:
Uma das ilusões mais perniciosas da actual TSU é o desconto da entidade patronal. A TSU é unicamente um benefício esperado futuro exclusivo do trabalhador e os descontos que são feitos são sobre o seu salário ou rendimento, logo, mesmo a parte que a entidade patronal desconta é de facto um desconto do trabalhador. Ao dividir esse desconto em dois, um da responsabilidade do trabalhador e outro da entidade patronal, apenas se cria distorção e ilusão económica.
A Tese:
A TSU deva ser calculada com base em princípios actuariais puros, isto é, exclusivamente matemáticos e com base nas melhores estimativas disponíveis. O cálculo deve ser feito para garantir uma pensão de reforma e um subsídio de desemprego equivalente ao salário mínimo nacional.
Deve ser o trabalhador a pagar, em exclusivo, esta taxa.
Deve-se manter o princípio de que só recebe a pensão completa quem tenha 40 anos de descontos e 65 anos de idade. Não existem reformas antecipadas. Todas as excepções a esta medida devem vir do Orçamento Geral do Estado, isto é, dos impostos sobre o rendimento e não da TSU.
Implicações imediatas:
- O salário mínimo nacional iria aumentar de imediato no equivalente ao que a entidade patronal desconta.
- Como a TSU vai incidir unicamente sobre um valor equivalente ao salário mínimo nacional, o actual desconto da entidade patronal deve ser transformado em salário. O trabalhador fica de imediato com um rendimento disponível superior e com a responsabilidade de o aplicar na sua reforma ou consumir. Para quem não confia nas entidades privadas o Estado pode manter o actual PPR da Segurança Social (devidamente modificado para que cada um descontasse o que julgasse mais conveniente) e isenções de IRS que incentivem a poupança para a reforma.
- Simplifica todos os cálculos porque o valor a descontar seria sempre único e igual para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores independentes. Harmoniza-se desde logo os descontos entre estes dois tipos de trabalho e mais uma vez desmonta-se mais uma ilusão económica.
- Os cidadãos teriam um tratamento verdadeiramente igual perante o Estado no que concerne à protecção na velhice e no desemprego.
- Passava a existir um verdadeiro compromisso intergeracional. A geração actual teria de trabalhar para garantir um salário mínimo nacional superior à geração futura porque isso lhe iria garantir uma velhice mais desafogada. E não, como sucede actualmente, onde a geração actual apenas consome os rendimentos das gerações futuras.
A transição do modelo actual para o modelo futuro
O Estado, como qualquer entidade responsável, deve cumprir os compromissos assumidos. Se prometeu à actual geração pagar uma pensão de reforma equivalente ao seu salário deve cumprir esse compromisso, pelo menos até à data em que esse compromisso é alterado, ou então, devolve a diferença entre o que cobrou e o que deveria ter cobrado se a TSU incidisse unicamente sobre o salário mínimo.
Como o Estado não tem disponível dinheiro no imediato para cumprir com este compromisso, a única solução possível será aplicar os princípios actuariais. Isto é, se uma pessoa que descontou sobre o salário mínimo nacional tem direito a uma pensão igual ao salário mínimo nacional, vamos calcular o valor equivalente a quem andou a descontar um valor superior na fase de transição e aplicar a respectiva equivalência.
Para evitar uma crítica imediata a esta tese, todos os tributos e valores indexados ao salário mínimo nacional deverão ser ajustados à nova realidade, como o IRS ou o pagamento de horas extraordinárias.
Diogo Oliveira
Figueira da Foz, 5 de Junho de 2011