junho 19, 2011

Verdade ou Consequência

Um gajo chamado Paulo Morais que, fiquei agora a saber, foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto afirmou perante outras câmaras (as de televisão) que o principal centro de corrupção deste país chamado Portugal é nada mais nada menos do que a Assembleia da República.

Ou seja, o indivíduo aponta para um dos principais pilares do sistema democrático como um dos seus principais cancros, com o beneplácito, entre outros, do Bastonário da Ordem dos Advogados (também presente na ocasião).

Das duas uma: ou o Paulo Morais sabe do que está a falar e pode prová-lo e estamos perante um assunto demasiado sério para ser remetido para o momento fait divers dos noticiários ou, assim seja, trata-se de mais um papagaio irresponsável dos que minam a credibilidade da democracia por lhes prestarem demasiada atenção.

Em qualquer dos cenários possíveis acima, ou eu estou mesmo a tornar-me num outsider disto tudo ou deveriam produzir-se consequências.

Começo pelo cenário aparentemente menos grave para o país.

Podemos então pressupor que o tal Morais é um daqueles fala-baratos que se empoleiram num qualquer palanque de circunstância e manda umas bocas para chamar as atenções.

Bom, nesse caso, o tal Morais é uma ameaça para a Democracia porque ao enxovalhar os seus órgãos representativos está, por inerência, a enxovalhar o sistema no qual pelos vistos até já protagonizou um cargo com alguma relevância mesmo em termos nacionais. E então será normal prever que o fulano vai ser chamado a uma comissão parlamentar de inquérito para fazer prova das suas alegações e, neste cenário, ter que desmenti-las e sofrer as consequências legais das suas difamações de um todo que engloba centenas de potenciais suspeitos.

Mas existe a hipótese sinistra de o Paulo Morais ser afinal um homem que sabe demais e por algum motivo entendeu tornar públicos os seus conhecimentos na matéria, embora sejam sempre de desconfiar as acusações atiradas a eito para uma plateia sem nomes que as possam consubstanciar.

Se esta for a realidade factual estamos perante uma acusação da maior gravidade pois a corrupção ainda é um crime e trata-se de um problema de consequências imprevisíveis pelo que pode representar.

Nesse caso, julgo eu, impõe-se na mesma chamar o Paulo Morais perante um qualquer mecanismo da Justiça que lhe imponha a concretização das suas insinuações, nomeadamente pela nomeação directa das pessoas envolvidas e dos exemplos concretos da tal corrupção que estará sediada num, senão no, mais importante dos mecanismos de defesa desta Pátria e da sua população.

O que me assusta no meio disto tudo é a reacção relativamente indiferente da Comunicação Social ao teor de uma acusação tão séria à Assembleia da República. Relegando um facto destes para um plano secundário só podemos concluir que ou os jornalistas são todos uns imbecis (o que alguns até parecem comprovar) ou estão de alguma forma coniventes com o tal fenómeno de corrupção que um tipo que nem é um ilustre desconhecido alega, não é o Coelho da Madeira ou assim, e assobiam para o lado de forma displicente e que os torna suspeitos de cumplicidade num esquema organizado de destruição do país (sim, é esse o efeito da corrupção por onde ela passa).

Seja como for, eu sou um cidadão português e preciso de acreditar em duas coisas: que a Assembleia da República é constituída pelos representantes eleitos pelo povo de que faço parte para falarem e agirem por mim (e eu não pactuo com a corrupção) e é uma instituição na qual posso depositar a minha confiança e, a segunda coisa, que a Justiça deste país possui os meios ao seu alcance para averiguar de imediato a veracidade das alegações do Paulo Morais e, uma vez apurados os factos, dar início à punição dos (alegados, eu sei) prevaricadores.

Se falhar qualquer das duas convicções acima enumeradas resta-me optar entre a emigração, a apatia cobarde ou a luta armada.

22 comentários:

  1. Palhaçada, esta m**** toda. O que me espanta é como é que fedelhos destes (quem nasce lagartixa...) chegam a ocupar um qualquer lugar de relevância!! E sim, estou completamente de acordo: porque detesto meias palavras e insinuaçõezinhas baratas, era chamá-lo à pedra sim senhor. Será que (mais) ninguém percebe que o que ele afirmou é gravíssimo?

    (e será que dá para reparar que assistir àquela notícia me enfureceu?!)

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  2. Eu não assisti e ainda bem... já não é a primeira vez que me apetece atirar um sapato à televisão.

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  3. Espero, Ana, que o meu texto tenha conseguido exprimir a minha ira na proporção da que o teu comentário ilustra...

    Ah, e São, se eu mandar um sapato à minha televisão dou cabo do sapato. A minha televisão é do tempo em que não havia sapato que aguentasse se ela nos caísse em cima dos pés.
    :)

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  4. É uma pena não poderes ir a Coimbra no dia 2 de Julho. Ficarias a conhecer pessoalmente a AnAndrade. E, "tu ain uãne" (dois em um, em amaricano), também a mãe dela. Podias logo pedir-lhe a barbat... a mão da filha.

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  5. Eu nisso tenho uma estratégia militar desenvolvida nos meus tempos de adolescente e que implica uma retirada estratégica sempre que elas pedem reforços (irmãos, namorados, maridos) ou se fazem acompanhar de escoltas altamente especializadas (mães).
    Portanto não podia. E não pedia.
    :)

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  6. E a isso se chama prudência. O não poder e não pedir, quero dizer.
    Já faltar ao Encontra-A-Funda é muito pouco prudente, com ou sem mães (que deve haver lá mais), com ou sem filhas (das mães, naturalmente). ;)

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  7. Várias mães... e até avós... e moças jovens que ainda nem pensam em descendência. Ia dizer que até com menos de 18 anos, mas não vale para este raciocínio porque é um rapaz (que só faz 18 anos em Agosto mas os pais autorizam a ir).
    Ias ficar com os olhos trocados, só te digo. Mas enfim... compreendo que tenhas medo... ihihihihih

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  8. Medo? A AnA é que sabe: prudência!

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  9. Maricas???
    Alguéim mi shamou????

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  10. (çó isperu cu nam têinha çido a Ananandradi perque eu çou uma melhér com alergia hás covas e açim....)

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  11. Nelo, tu não tens medo e vais ao Encontro.

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  12. Mas eu ainda não estou pronto para sair do armário...

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  13. Mas afinal... tu estás dentro de um armário ou em cima de uma árvore?

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  14. É onde der mais jeito para fugir ao marido...

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  15. Em cima de uma árvore é inédito, penso eu de que...

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  16. Shark, desta vez também não posso ir ao encontro e só o facto de não poder pespegar aquela beijoca na Ana, na senhora mãe dela e na Sãozinhona me trazem à beira da depressão!

    Quanto ao teu artigo, aqui fica um aplauso. Claro, solidário e sem restrições.

    De algum modo, tem de se acabar com esta choldra: ou se avança nas consequências de tão graves e gravosas declarações, ou se vergasta exemplarmente um pulha responsável por difamação de tal gabarito. Não há meio termo admissível.

    Se há matéria para as acusações proferidas, encantado. Vamos à luta, às responsabilizações, ao apuramento dos mancomunados, às prebendas, aos castigos, às penas, às indemnizações, até ao enxovalho público - o que nem me repugna, pois aquele que faz mão-baixa de dinheiros públicos ou que tão-só se serve do seu cargo público para as privadas benesses merece exposição no pelourinho e costados na cadeia.

    Se nada disto ocorre e se pode provar a falsidade e aleivosia das declarações proferidas, quem vai para a cadeia é o Paulo Morais e mais quantos Paulos apareçam por aí.

    Se não, resta-nos, na verdade, a emigração, a apatia cobarde ou a luta armada. Tens a razão toda.

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  17. Falta-lhe uma parte importante da razão: não ir ao Encontra-a-Funda só porque não.

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  18. Só porque não??? Tu não fazes mesmo ideia, ó Moura...

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  19. É preocupante, Jorge, que isto seja tão óbvio e dê a sensação de que a maioria da população está mergulhada numa espécie de cegueira, numa falta de lucidez que constitui por si só o mote perfeito para o despautério impune.
    Ou então somos nós que não estamos a ver bem a coisa. Isto de fazer parte das minorias às vezes põe-nos a pensar que malucos somos nós e os outros todos é que estão a ver com nitidez...

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  20. Não ligues, Shark, o Moura está só a fazer-te o que faz à Ana Andrade com a promessa de não fazer compras durante um ano.

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