junho 03, 2012

O que até uma criança vê...

É preciso que de vez em quando uma criança, Victória Grant, diga em voz alta o que entra pelos olhos de todos e que todos fingem não ver.
A dívida é a arma de pressão mais fabulosa que o Homem inventou. Passa muito facilmente - através do comprometimento das partes envolvidas-, de elemento propulsor do desenvolvimento económico para elemento de chantagem, de pressão e de subtracção de bens. Perante o "pecado" da dívida, guardada com vergonha e culpa no fundo do armário - fica o devedor sem as coisas para as quais trabalhou e descontou muitas vezes durante a maior parte da vida, e ainda, - já sem os bens geradores da dívida, - devedor das maningâncias e engenharias do roubo científico que - à volta da propriedade - os Bancos engendram.
Mas a verdade é que na base de todo o processo, os Bancos também não tem os meios financeiros que emprestam, e tem que pedir a outros Bancos, dando como activos, as dívidas dos seus clientes. Pedem entre si, devem uns aos outros, e sempre que a parada aumenta, já não apresentam os seus clientes com activos mas inventam activos e pedem aos Estados que lhes dêem a credibilidade expressa nas Bolsas, que sancionem positivamente o bolo virtual até que a bolhinha de sabão, cada vez maior, cada vez mais brilhante em direcção ao Sol, rebenta na mili, ou micro-gôta - afinal a verdade- que a gerou.
Ora se foram os Bancos que inventaram activos, muito acima do valor daquilo que os seus clientes de facto valem, porque hão de ser eles, os clientes, a ter que ficar surripiados dos seus pertences?
Se, em abono da verdade, são os Estados que emitem o meio de troca entre bens e serviços, o dinheiro,  porque razão é que se continua a dizer que a Banca não pode ser pública e tem que ser privada, se cada vez que as coisas rebentam tem de ser o Estado a acudir ao sistema bancário? O que teria sido do BPN se a Caixa Geral de Depósitos fosse privada? E agora que o BPN, nos custou por cada Português algo como 400€uros mas que segundo se prevê poderá ascender aos 800 ao fim do ciclo, por que razão se "vende" aos Angolanos pelo correspondente retorno de quatro Euros por cada um de nós? Porque hei-de eu, que nunca fui cliente do BPN, ficar diminuido no minimo entre 386 e no máximo (?) de 796 Euros?
Interesse do Estado? Mas o Estado somos nós, e esta fracção de 1/10.000.000 desse Estado, eu, I myself, não está nada interessada no negócio. Aposto que cada um dos 1/0.000.000 do Estado que lerem estas linhas comungam da mesma opinião, excepto as fracções iguais a mim e a si, leitor, que de algum modo ficaram do lado do benefício do valor que o Estado me subtrai.
A verdade, verdadinha mesmo, é que a tese que sempre defendi tem cada vez mais sentido: a iniciativa privada só pode ter de facto um desenvolvimento saudável se o sistema financeiro estiver livre dos caprichos e truques que ciclicamente emergem da irracional voragem capitalista que nas Bolsas tem o seus templos. Foi assim na grande crise dos anos trinta do sec XX, a grande depressão, gerada a partir do crash da Bolsa em 1929 também chamada " a tragédia de Wall Street" e que culminou na segunda grande guerra e queira Deus ou o Diabo que agora não desemboque em outra.


Não se pode nem se deve acreditar na sacrossanta auto-regulação dos mercados, pois é sabido desde há muito que essa auto-regulação é uma falácia.  É muito fácil transformar uma Bolsa de Valores em Bolsa de Especulação e perverter todo o sentido que está subjacente à participação das poupanças privadas no investimento económico, e ter por essa via um retorno em dividendos. As repercussões tremendas que os estoiros dos Bancos e das Bolsas provocam em toda a economia são de efeito duradouro pois o primeiro activo atingido é o da credibilidade e confiança, fundamentais a todo o investimento. No entanto, os mesmos que provocaram as crises, longe de assumirem os erros, são os mais lestos em encontrar vícios estruturais e culpar os Estados pelo estado das economias! É extraordinária a desfaçatez e pouca vergonha com que surgem a apresentar as "soluções" que passam sempre pelo empobrecimento da macro estrutura social: O Estado! Privatizações e alienações e aumentos de impostos, não sobre o capital, mas sobre os mais fracos.
No entanto, sabe-se como isto não conduz a qualquer outra solução que não seja a do enriquecimento vergonhoso de uma pequena minoria em troca do empobrecimento geral. Ora o Estado não pode ficar indigente, sem recursos e rendimentos como estes Neoliberais pretendem. É um caminho errado e implosivo, como a História já demonstrou por mais de uma vez e as soluções em tempo de crise são precisamente as contrárias: mais Estado e mais responsabilização individual no sentido da recuperação da confiança, e não esta coisa inacreditável que consiste em dar-se o ouro ao bandido....
A Banca, pelo papel que representa na economia, não pode nem fazer concorrência aos seus clientes, nem pode prejudicar os clientes em função de interesses - não há que ter medo das palavras- obscuros, ilegítimos e criminosos, mas é isso que acontece recorrentemente. Por esse motivo, a Banca nacionalizada, como ou sem participação privada,- o Estado seria sempre o patrão- é a única solução que promete alguma estabilidade a prazo. E isso até uma criança entende.


18 comentários:

  1. Na imagem que escolheste, até aquele título "What Went Wrong?" é actual: W.W.W.

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    1. Yes, on these days, anything that can go wrong, is world wide
      updated by the spider's web traps--- :(

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    2. Yes, We We We... caim-caim caim... uhuuu uhuuuu

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    3. You're feeling the groove :O)

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    4. I’m a girl with lots of swing… :O)

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    5. "I'm swinging in the rain..."

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    6. (És tu e o resto da malta... glu glu glu)

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    7. A maioria da malta faz swing sem saber...

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    8. Ok chicks, I guess it out: you are the 79 Park Avenue girls... :))

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    9. More ou less... almost... i don’t know... she’s the one who’s swinging in the rain... and i'm starting to suspect i'm totally Lost in Translation...

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    10. Mil perdões, querida (não posso acrescentar mais nada que isto é um blogue sério... :O) )

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  2. O que eu gosto de ver a São com umas alças, digo, umas aspas...
    xi....fica tão sexy,......

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    1. E de calções de lycra?...

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    2. (não sou para aqui chamada, mas eu por acaso também gosto de te ver de aspas... e concordo com o Charlie... fica-te bem... é muito sexy...)

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    3. "Sêndeins" bons amigos, "sêndeins"...

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