A austeridade que enfrentamos, pondo em causa a sustentabilidade da segurança social, gerando desemprego e falências em série, aumentando a pobreza, deve-se ao irresponsável endividamento. O endividamento não é um exclusivo de Portugal. Com o mal dos outros estaríamos nós bem. A evolução da dívida mundial: «A Global History of Debt By Region: Map from 1970-2010». O problema é que teremos de ser nós a pagar as dívidas que sucessivos governos, eleitos com o nosso voto, contraíram em nosso nome. A perigosa redução da classe média, devido à austeridade necessária a honrar os compromissos da dívida, é uma espiral que agrava o nosso bem estar colectivo. É fundamental que Portugal assegure um pacto de regime, envolvendo os principais partidos políticos e as grandes corporações, que proíba que, no futuro, novos irresponsáveis voltem a endividar a Pátria. É positivo ver Passos Coelho a defender uma regra de ouro, com força constitucional, que impeça no futuro novas irresponsabilidades, que porão em causa a independência nacional. Não percebo o PS, que receia criar uma regra capaz de impedir a loucura de alguns políticos. O PS é o principal culpado do nosso endividamento, mas não o único, pois não podemos esquecer os governos do PSD/PP nem a habitual demagogia do PCP e BE , sempre prontos a aumentar a despesa pública, sem cuidar da sustentabilidade. A EU quer obrigar os Estados, principalmente os da euro zona, a aprovar uma regra de ouro que impeça o crescente endividamento. Só temos de aplaudir.
Jaime Ramos
Autor do livro «Não basta mudar as moscas»
Pois eu não concordo nada com essa coisa de que temos de empobrecer para pagar uma dívida. Acho que a melhor forma de a pagarmos é precisamente enriquecermos. Quando alguém compra uma casa para pagar em 30 anos, não é suposto que passe a vencer menos para fazer face à dívida, mas sim que aumente progressivamente os seus rendimentos de forma a diluir o peso percentual da mesma. E além do mais, a dívida mundial é o resultado do modelo económico global baseado no crédito.
ResponderEliminarE se durante décadas a prosperidade e crescimentos económicos se basearam neste sistema (excluindo as vigarices bolsistas) nao entendo como é que de repente se quer pagar tudo a todo o custo sem se ter em conta o que virá a seguir. É preciso ter em conta os ciclos, os ciclos longos, os contraciclos etc.
E nada de bom pode vir desta presssão sobre a produção de riqueza; não se pode pagar uma dívida de forma saudável ganhando menos, produzindo menos, mas antes e exactamente fazendo o contrário.
Charlie, não se trata de empobrecer e sim de não dever mais do que se pode pagar.
Eliminare o "poder pagar" expressa-se sempre no binómio "quantidade/tempo". Ou seja, dividir a dívida por um número de prestações pagáveis. Repara como "dívida" e "dividir" tem a mesma etimologia....
ResponderEliminarClaro, estrangular financeiramente alguém, em vez de resolver o problema, só o agrava.
EliminarMas o que se passava antes também era o "fartar vilanagem" da despreocupação com a falta de capacidade para honrar compromissos, agora ou no futuro.